INTUIÇÃO DE MÃE

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Roberto Nascimento:

Enquanto a inteligência tentava rastrear a localização pelas mensagens que eu recebi, eu focava em pesquisar nos relatórios mais antigos, mortes que foram causadas por mim.

Dona Joana chegou no batalhão, e eu não pude evitar isso, era a vida da sua filha em jogo.

— Dona Joana, eu to movendo céus e terras, eu to fazendo até o que eu não poderia fazer mas eu prometo pra senhora que nossa Juliana vai voltar- digo

A minha sogra era doce e sensível, mas naquele momento seu semblante devastado era de cortar o coração de qualquer um.

— Roberto, eu acho que eu sei quem levou a minha filha...- ela diz entre as lagrimas

Fico surpreso com essa informação, como assim ela sabe ? Quem levou nossa Ju?

— quem? O que a senhora sabe ? - me exalto um pouco diante de tanto nervosismo

— Eu... eu... permiti que esse homem visitasse Juliana, mas eu nunca gostei dele, eu sentia uma coisa ruim no meu peito cada vez que ele se encontrava com ela...- Minha sogra me entrega um papel, na verdade um cartão que dizia:
" nada e nem ninguem sera capaz de nos separar, eu te amo Juliana. Ass. Luiz "

— Beto eu sei que foi ele quem levou a minha menina, o meu coração e a minha intuição de mãe não falham... - ela suplica para que eu acredite

Eu sinto que o meu coração a qualquer momento vai parar, nao consigo acreditar que o pateta do Luiz tenha feito isso. Ele é um idiota, Juliana era forte e com certeza ela se livraria dele muito facil. A mira da minha mulher era perfeita, e a sua arma jogada no chão foi um indicativo de que ela tentou reagir. Ela é caveira, não é qualquer uma.

— Essa afirmação é grave dona Joana, eu sei que a senhora esta assustada e eu tambem to, mas o trouxa do Luiz pegou ferias e segundo boatos ele foi para o nordeste tentar reatar com a ex noiva...

— eu vi o olhar dele pra minha filha, Roberto, eu vi, eu senti, ele dizia que amava ela mas seus olhos não confirmavam isso, voce tem que acreditar em mim ...- ela falava com certeza, e isso me deixava intrigado. Talvez fosse o efeitos dos calmantes que ela vem tomando, ou... talvez... eu devesse prestar atenção...

***
No hospital...

Fui visitar João, que logo teria alta, a bala pegou de raspão, mas era de prache que ele ficasse 24h em observação.
O motivo da minha visita é alem da preocupação, eu precisava saber se essa conversa da minha sogra tinha um fundo de verdade...

— então ela falou tudo isso pra mim, uma parada de intuição de mãe, fiquei meio nervoso, alem do que já to ne?!— finalizo explicando

João suspira, para, pensa um pouco e logo me responde.

— pior que eu acredito na sua sogra, capitão-

— que merda voce sabe que eu nao sei porra?

Mais uma vez João suspira e pega o celular, ele estava escolhendo as palavras, e eu não tinha paciencia pra isso.

— lembra que voce me pediu pra investigar? Então, no carro dele, como eu disse, nao encontrei nada, mas eu achei um endereço... bom não é qualquer endereço, é uma casa no nome de Maria Andrade Soares, aquela senhora que te denunciou na corregedoria porque voce matou o filho fogueteiro, não sei se vai lembrar. O caso é que, Luiz não existe em nenhum lugar antes do BOPE, apenas tem essa ligação com essa senhora, coincidência do nome? Não sei, eu estava tentando descobrir mas ai deu no que deu...

Puta que pariu, só pode ser uma brincadeira, não faz sentido o batalhão tão seletivo como aquele, deixar um psicopata entrar sem mais nem menos.

— e voce so me fala isso agora porra? Voce ta maluco? Eu to correndo contra o tempo e voce me diz uma porra dessa agora? - eu me enfureci, João era meu braço direito, meu amigo de verdade, e me escondeu isso?

INDOMÁVEL - ROBERTO NASCIMENTOWhere stories live. Discover now