Roberto Nascimento:
Juliana tem sido forte, confesso, acho que até mais do que eu.
Todos os dias tínhamos que ir ao médico para fazer acompanhamento dá gravidez. Mesmo com tudo o que aconteceu, o nosso filho estava bem.
Quem não estava bem era a minha Ju.
Ela mal falava, mal interagia comigo, o amor não tinha esfriado mas talvez não fosse o suficiente pra acalmar seu coração. Todos os dias eu tentava fazer alguma coisa pra anima-la, mas percebi que talvez, só o tempo a cure. Determinei que dona Ruth fosse diariamente ao apartamento de Ju, pra fazer todas as tarefas. Eu tentava de todas as maneiras, trazer conforto pra ela, mas nada parecia suficiente.
Eu precisava entender, mesmo que fosse difícil.
Eu sentia saudade do seu brilho, do seu sorriso, e até mesmo da sua teimosia. Como eu queria que ela estivesse me xingando por qualquer coisa. Como eu queria ouvir sua voz de marrenta, me desafiando ou falando qualquer bobagem. Descobri da pior maneira que devemos valorizar até os defeitos de quem a gente ama.
Ela estava ali, quieta, deitada. Seus olhos abertos mas sua cabeça longe. Eu precisava saber o que havia acontecido, mas não tinha coragem de perguntar. Porra, eu fiz tanta coisa pra recuperar ela e agora a tenho do meu lado, mas é como se ninguem ali, estivesse.
— meu amor, vamos dar uma volta? Caminhar, tomar uma agua de coco, o que acha? - digo me sentando na cama e acariciando o seu rosto.
Vejo seus olhos finalmente me encarando, sem nenhuma expressão, mas uma lágrima se forma e cai molhando o travesseiro. Ver isso foi como se um canivete perfurasse meu peito, e eu sentia que nada poderia fazer.
— Beto... - sua voz embargada me chama, como se quisesse me dizer alguma coisa
— hm?
— se no dia do parto, o médico... perguntar...- antes dela concluir, eu a interrompi, eu sabia qual era a pergunta
Meu coração parece que vai saltar do peito, não, isso não vai acontecer.
— Ju não, isso não vai acontecer, não fala isso, não pense nisso.
Ela suspira e fecha os olhos, as lagrimas continuam caindo no travesseiro. Tento acariciá-la, mas ela se levanta sem aviso.
— Vamos andar então...- ela diz enxugando as lagrimas
Finalmente eu iria ter um momento com ela que não fosse naquela escuridão do apartamento. Ela estava ficando muito presa, só aceitava sair pra ir nas consultas. O medico me chamou e me explicou sobre a possibilidade de uma depressao, o que já era de se esperar visto tudo o que ela passou.
...
Saímos de carro e paramos no calçadão de copacabana. Eu tinha um apartamento ali, pequeno, que no passado por diversas vezes serviu de ponto de encontro entre Juliana e eu. São lembranças vivas e que talvez, traga algumas sensação diferente pra ela.
Andamos um pouco, ela com lentidão e eu nunca consigo andar devagar, a força do habito. Juliana não conversava mas seu semblante estava diferente.
O vento tocava seu rosto e ela se permitia sentir aquela brisa, parecia que ela se conectava com algo invisível. Eu que não sou capaz de atrapalhar esse momento, apenas passo o braço em volta dos seus ombros, num ato de proteção e talvez acalento.
YOU ARE READING
INDOMÁVEL - ROBERTO NASCIMENTO
FanfictionNessa história, vocês irão conhecer Juliana, uma mulher jovem de temperamento forte, tão forte quanto o nosso capitão. Tomem cuidado com o coração, porque as emoções por aqui podem causar ataque cardíaco rsrsrs 🔞 Fic não recomendada para menores de...