PROVOCAÇÃO

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Roberto Nascimento:

Se eu soubesse que uma foda de poucos minutos, com a loira do bar, iria acabar com um relacionamento que eu estava lutando, jamais teria nem sequer dado um bom dia pra minha vizinha.

Juliana estava em choque na sala, quando cheguei carregando a caixa de pizza, seus olhos me fuzilavam enquanto as lágrimas percorriam seu rosto.
Ela pouco quis me ouvir, e o ambiente amoroso de minutos antes, se tornou o próprio inferno.

O som da porta do apartamento batendo, ecoava dentro do meu coração e a sensação era de ele estava quebrado. Eu sentia como agulhas perfurando os meus órgãos, eu não tinha raciocínio.

O celular na minha mão com a tela desbloqueada, eu visualizava a mensagem, um convite do diabo, a traição que não havia acontecido.

Saio imediatamente, eu não iria perder agora o que tanto lutei pra ter nas minhas mãos.

O som da porta batendo atrás de mim, era estrondoso, com certeza alguns andares ouviram a pancada.

Quando finalmente as portas de aço se abrem, quem eu menos queria ver me recebe com um sorriso.

- Meu capitão... que saudade de voce...- a voz manhosa de uma puta qualquer - ... recebeu a minha mensagem?

Eu nunca agredi uma mulher, bom, tirando os tapas que eu dava na cara de marmita de traficante... naquele momento eu senti uma raiva avassaladora, quase perdendo a cabeça, eu sentia o meu sangue pinicar dentro das minhas veias. Uma filha da puta sem qualquer caráter, acabou com o meu futuro casamento com uma merda de uma mensagem. Eu nem sequer agendei o número dessa porra.

- Não me mande mais mensagens...- respiro fundo, mesmo querendo mandar ela pro inferno

- eu percebi que o meu capitão anda se divertindo com outra...- ela se aproxima passando a mão no meu peito -... fiquei com uma certa inveja de ouvi-la gemer...

Meu sangue fervia, parecia que eu ia explodir a qualquer momento. Desvencilhei o seu toque, minha expressão era o bastante pra ela perceber que não quero mais seu contato.

- Espero que tenha entendido, agora se me der licença preciso usar o elevador...

- De repente a gente poderia...- interrompo

- SAI MINHA FILHA, SAIA DA MINHA FRENTE PORRA, QUE SACO - não me controlei e a puxei de dentro do elevador jogando ela pra fora

A irritação tomava conta de mim, mas o medo de perder Juliana era muito maior que o ódio que eu sentia. Cada segundo que passava, mais aflito eu ficava.

Chego no apartamento da minha mulher, Sr. Humberto tentou me impedir de entrar. Eu passaria por cima de qualquer coisa que ficasse na minha frente.

A campainha tocou, ela sabia que era eu, claro que não ia me atender.

- Eu sei que voce ta me ouvindo... abre aqui, eu te explico tudo...

O silencio tomava conta do ambiente, ela estava ali, mas não me respondia.

- Juliana abra essa porra, vamos conversar, deixa de infantilidade e me ouça...

Mais uma vez o silêncio...

- Eu vou arrebentar essa porta, ou voce abre agora ou eu vou arrombar...

Finalmente ouço o barulho de chaves...
A porta se abre, e o rosto que me recebe está completamente mergulhado em lagrimas, os olhos vermelhos e apesar de umidos, estavam sem brilho algum. O que eu fiz com o meu amor?

- Me deixa entrar, vamos conversar, eu te explico tudo...

- o que você vai me dizer Roberto? - sua voz embargada no choro - ... qual mentira voce vai inventar? Voce nunca mudou

INDOMÁVEL - ROBERTO NASCIMENTOWhere stories live. Discover now