Perfume

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Roberto Nascimento:

Já era madrugada, vou pra minha sala me atolar em relatórios, não me lembro a ultima vez que consegui dormir dentro do batalhão...

Em meio aos pensamentos preocupados sobre as proximas incursões me pego pensando na filha da puta que estaria ao meu lado em todas elas...

Cacete - resmungo enquanto esfrego meus olhos ainda cansados. Imediatamente mergulho no passado...

Juliana tinha sido mais que uma ficante, mas não poderia chamar aquilo de relacionamento sério... eu não tinha coragem de assumi-la e ela era ciumenta demais, achava que eu estava ficando com outras mas isso eram apenas fofocas...
Eu era tentente da polícia militar e coordenava a formação de uma das equipes.
Entre 25 recem ingressados na PM, uma mulher de mais ou menos 1,60 de altura me chamou atenção, cabelos escuros e aparentemente longos, deduzo pelo tamanho do coque perfeitamente enrolado e alinhado... pele pouco bronzeada, corpo escultural que mesmo com aquela farda ridicula era possivel notar a sua cintura fina e o volume nos quadris... ela era bem mais nova
Eu tinha 34 na época e a Juliana de 22 pra 23 anos, não lembro ao certo. Era uma menina ainda, sem juízo, impaciente, mas era linda...
Lembro como nos envolvemos rápido e uma paixão avassaladora tomou conta da gente, mas eu não queria assumir nada com ela, eu era um superior e sabia das consequencias, ela por outro lado não entendia, e as conversas entre as outras mulheres faziam ela acreditar que eu era um galinha... eu so tinha olhos para ela... mas não podia transparecer minha paixão, por isso eu tentava ser o mais frio possivel, pra que ela não criasse esperanças... a gente nao podia ter nada além de uma transa duas vezes por semana... eu tinha que me manter firme, eu estava encaminhando minhas documentações para o BOPE, após o curso eu entraria e Juliana seria uma distração enorme... não podia seguir com esse relacionamento adiante mas não tinha coragem de terminar com ela, então eu fiz o que qualquer otario faria: comecei a agir friamente, mais frio do que antes, aassim ela iria terminar tudo e poderiamos seguir nossas vidas sem atrapalhar um ao outro...
Mas já era tarde demais, eu estava louco por ela, arrisco dizer que era amor, quando ela deu um basta eu fiquei perdido, desolado... obcecado... me arrependi de tudo mas ja era inutil voltar atrás... nos afastamos de vez e com o tempo ela sumiu dos meus pensamentos...

Suspiro ao lembrar da velha historia- logo lembrei do odio que senti quando vi ela com outro homem em um bar, foi a gota d'agua, foi ali que o amor passou pra odio, faziam 2 semanas que haviamos terminado e ela já estava dando pra outro cara? Que merda... ela não me viu, saí naquele dia dquele bar bufando de odio, quem atravessasse a minha frente viraria camisa de saudade... fui embora e depois disso, nunca mais a vi... até ela entrar no meu Batalhão como soldado...
Que inferno - resmunguei batendo na mesa

Peguei meu celular entrei nas redes sociais e procurei por ela, por algum motivo eu queria saber da vida dela e por incrivel de pareça a filha da puta não postava quase nada no Instagram, sua ultima foto foi postada há 4 meses... na foto ela e seu pai e uma legenda de saudade, percebi que o pai dela tinha falecido e eu nem sabia, fucei mais um pouco e encontrei a publicação de luto, pelas datas faziam 2 anos que ele tinha morrido... lembrei o quanto ele foi gentil comigo quando descobriu nosso envolvimento, me deu conselhos e disse que sabia que eu era um bom homem pra filha dele...
Não segui ela, não fazia sentido... saí de seu perfil e entrei no perfil do soldado coelho... e para minha surpresa: perfil privado... era só o que me faltava, o perfil dela era aberto e o dele fechado, bom, vejo que Coelho tem mais juízo do que ela... a gente enquanto equipe de operações especiais não poderiamos ter redes sociais, pela nossa segurança... mas tinhamos essa teimosia em manter Instagram, pelo menos fechado...

Percebo um emoji de casal na biografia de Coelho, o filha da puta era comprometido e tava de conversa mole com a 02 - puta que pariu - eu sussuro pensando que ela não sabia nada disso, e eu não perderia a chance de dizer

INDOMÁVEL - ROBERTO NASCIMENTOWhere stories live. Discover now