INDOMÁVEL - ROBERTO NASCIMENTO

DECISÃO

Juliana Silva:

Eu estava aos prantos, tudo o que aconteceu desde que entrei pro BOPE até agora, a junção de todas as coisas que deram errado, tudo caiu sobre mim e foi a pior coisa que me aconteceu desde que meu pai morreu.

Lembrar do Carvalho se esfregando em mim, era de longe, o top 1 de coisas que estavam me afligindo.
E agora deixar a farda preta pra voltar a usar farda azul, com certeza, foi o pior presente de natal que recebi.

Eu estava desolada, aflita, nervosa. E ainda tinham coisas da minha própria vida que eu não queria encarar.

O interfone toca interrompendo aquele momento depressivo que eu estava tendo. 

- srta Juliana? Deixaram um envelope pardo sem nenhuma identificação aqui na portaria. O homem não se identificou, mas disse que era importante.

- ta certo sr. Humberto, vou descer pra pegar

Não consigo pensar no que seria, na verdade nem preocupada eu estava. Apenas iria buscar mais por força do hábito.

- aqui está senhorita- sr Humberto me entrega um envelope pardo

- tem mais alguma coisa pra mim?

- não, as outras correspondências você pegou ontem

- obrigada Sr Humberto

Já no elevador, meus pensamentos não me deixam sossegar. Eu teria 15 dias pra descansar, mesmo que esses dias me custassem uma grana que eu não iria receber. Logo me lembro do que Roberto prometeu e penso - ele não vai conseguir resolver, não adianta recorrer a essa decisão, isso foi coisa do Carvalho mesmo

Quando finalmente cheguei ao meu apartamento, entro e com ajuda de uma faca abro o envelope que estava muito bem selado.

Tudo o que tinha em minhas mãos eram 2 folhas grampeadas e 2 folhas soltas.

As duas folhas juntas eram de um B.O, de mais de 6 anos. O desfavorecido era Luiz, e a acusação um choque em meu peito e um soco em meu estomago.

- Abuso sexual, psicologico, violencia domestica - eu lia aquilo varias vezes sem acreditar

Uma folha solta havia o pouco de informação que o BOPE tinha. O endereço do Luiz, o numero de telefone e o seu tipo sanguíneo. Não existe informações de antecedentes e nem tampouco sobre o tempo de carreira.

A outra folha estavam apenas os topicos em branco. Topicos esses que em minha ficha estavam todos devidamente preenchido, e se me lembro bem, nada passava despercebido nessa etapa do ingressamento na polícia.

Eu estava assustada, como assim um boletim? Como assim ninguém sabe nada da vida de Luiz? E como assim eu tinha permitido que ele entrasse em minha casa quando bem entendesse.

Eu estava imersa naqueles papeis, lendo, relendo, volto a olhar o envelope e não tinha sinal de quem havia mandado. Mas isso é o de menos, eu sei que foi o Roberto, mas queria somente a certeza que faltava e isso eu tiraria a limpo.

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*foto*
- esses papeis nesse envelope, por acaso foi voce? Como voce descobriu isso e quando ?
...

Ele nao me responde.

Logo sou interrompida pela campainha, me levanto, pelo minha pistola que estava ali na mesa de centro, e sigo pra porta. Eu sabia que era o Luiz, mas eu o dispensaria, e talvez, só talvez, se aqueles papeis fossem verdadeiros, eu teria que usar minha arma.

- Oi Juu, eu vim correndo ficar com voce ...- o sorriso branco era mais cinico agora

- Oi Luiz, é eu... agradeço, mas... eu vou ter que ir pra casa da minha mãe, então... - digo quase comendo as palavras, eu tava nervosa? Que merda hein