INDOMÁVEL - ROBERTO NASCIMENTO

TALVEZ O FIM

Queridos leitores, este capitulo é narrado pela autora.

(O que vocês vão ler a seguir, foi escrito ao som das músicas WILDFLOWER - Billie Eilish// Another Love - Tom Odell)

De ante mãos, peço perdão por qualquer nervoso que vocês possam passar lendo esse capítulo.

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Autora narrando:

Após o último adeus e a decisão final, Juliana se preparou para a noite que iria enfrentar. Ela e Luiz foram para um restaurante jantar. Naquela noite, o casal brindava o novo passo: o relacionamento finalmente aceito.
Luiz agora tão empolgado com sua amada, começava a beijar suas mãos com carinho.
Juliana sentia esse beijo, ela sorria, porém dentro de si algo estava estranhando tudo aquilo.
Como se sua pele buscasse um toque diferente.

Todas as formas de carinho e atenção que pudera, Luiz oferecia.
E tudo o que Juliana sentia era que já havia vivido tudo aquilo com outro alguem.

Mesmo assim ela imagina que essa confusão dentro de si, seja apenas a ação dos hormônios da gravidez.

Luiz se empenhava como nunca em manter o calor do momento entre eles dois.
Mas, tudo na cabeça da mulher voltava para as lembranças dos seus últimos momentos com Roberto. Todas as vezes que olhava nos olhos do seu novo parceiro, ela enxergava seu verdadeiro amor, e as lembranças te levavam flutuando aos tantos beijos, carícias e troca de alma com Beto.

Por mais que tentasse prestar atenção no entusiasmo do homem a sua frente, seu coração pulsava forte em compasso com seus pensamentos. Ela estava ali porque tinha escolhido Luiz, e após aquele jantar eles teriam a primeira noite juntos..., mas, cada segundo que se passava ela sentia todos os traços de arrependimento entrando no seu sangue.

...
Do outro lado da história, o indestrutível e mais temido capitão do BOPE estava irreconhecível.
Roberto estava devastado. Após a pior conversa de sua vida, ele entrou em seu apartamento como se nada mais importasse pra ele lá fora. Ele não chorou, ele engoliu sua dor e resolveu se isolar.
Sentado no sofá, pegou seu celular e na galeria de fotos começou apagar todas fotos que tinha de Juliana.
A ultima foto era uma antiga que havia recuperado dos arquivos do notebook.
Por sinal a foto que ele mais amava: Juliana deitada em sua cama adormecida, com o rosto pleno e tranquilo, coberta apenas por um lençol de seda. Na ponta da cama um buquê de flores, uma surpresa que ele fizeste a ela.

A dor da lembrança eram como agulhas perfurando o coração de Roberto.
Ele sentia seu corpo tremer e sua cabeça parecia que iria explodir com tantas memórias.
O homem ali sentindo o peso da derrota, esfrega sua cabeça num ato de pura tristeza.
Olhando aquela foto como se pudesse através dela sentir ainda o beijo da unica mulher que ele ama.

Roberto se levanta e atira seu celular no sofá, em direção a cozinha ele toma uma decisão.
Numa prateleira escondida acima do armario, haviam vidros de remedios que uma vez um psiquiatra passou, ele sabia que duas doses daquilo era capaz de derruba-lo.
Ele queria somente desligar sua mente e corpo pra que aquela dor cessasse.
Como quem toma água pra aliviar a sede, Beto vira aqueles vidros na esperança de afogar sua dor. Mas tudo era inútil, tudo ao seu redor fazia piorar.

Sua cabeça reproduzia flashs de lembranças como slides rapidos. Luiz tocando o rosto de Juliana e todas as cenas de carinho da sua mulher com outro homem, que ele havia visto e tentado deletar da mente.

Seu corpo estremece como se fosse explodir, e num momento de loucura onde a sua mente já não suportava mais nada, Roberto joga um jarro contra o espelho enorme que havia na parede da sua sala.
E toda a decoração da sua casa se tornam alvo fácil da sua fúria e da angústia que pulsavam dentro do seu corpo.

...

No jantar...
Luiz não parava de fazer planos, ele elogiava sua amada compulsoriamente, era como se tivesse ganhado a maior das medalhas e honrarias.

Juliana não conseguia corresponde-lo, seu coração estava angustiado. A sua mente parecia repetir todos os momentos felizes que teve com Roberto, como se fosse os últimos segundos de sua vida.

Ela olhava pra Luiz e não via nele o que procurava, o que precisava... o que amava.
Cada vez mais nervosa, ansiosa e aflita, seu coração dizia a todo momento que ela havia tomado a decisão errada. Ela não conseguia responder a nenhuma pergunta de Luiz, e por mais que ele não percebesse, Juliana não estava ali de coração e alma.
Seu peito queimava por Roberto, e congelava com Luiz.
Sua mente alucinava como de um enfermo em uma febre de 40 graus. E por todo o lugar, ela enxergava Roberto. Não cabia mais sua presença naquela mesa.

...
Roberto finalmente se desfaz em lágrimas, a dor de não ter sua amada era a maior que ele experimentou em sua vida. Beto que não chorava desde o velorio da sua mãe há anos, se viu ali com o maior peso que os seus olhos já sentiram: lagrimas de amor não correspondido.
O homem estava enlouquecido, toda a dor triplicava a cada vaso quebrado... seu peito se rasgava enquanto seu rosto se afogava, ele não queria mais sentir aquilo.

...

No jantar Juliana tentava manter o foco na conversa, reuniu todas as forças para dar leves sorrisos...

Luiz falava sobre o bebê com entusiasmo, citava nomes que achava legal. Mas a mulher ali na sua frente, não ouvia nenhuma palavra.

E quando numa última tentativa de faze-la entender, seu coração e sua mente trabalharam na mesma intensidade. Como algo ensaiado.

O ar em seus pulmões começa a faltar, e tudo ao redor parece que vai se desfazer.

Juliana que já não consegue mais fingir por nenhum segundo, levanta da mesa rapidamente como se sua vida dependesse disso. Não consegue inventar uma desculpa justa para Luiz, porque tudo o que sua boca reproduziu foi que amava Roberto.

Ela então ao encarar a realidade frustrante naquela mesa, começa a dizer que tudo aquilo ela queria viver com outro homem. Que ela já havia feito tudo aquilo com o amor da sua vida, e que não conseguiria seguir em frente.

Luiz por sua vez, sem acreditar no que ouve, tenta impedi-la, a puxa com força mas a policial ignorando qualquer dor que pudesse sentir, o empurra de volta para a cadeira, com toda a força.

Ela sai daquele restaurante correndo, e num ato de loucura sobe num mototaxista desconhecido, que poderia naquele instante causar todos os serios problemas para uma policial do BOPE(gravida) caso fosse reconhecida. Mas ela só queria chegar no seu verdadeiro amor.

A velocidade da moto, o vento beijando seu rosto e sua ansiedade que parecia aumentar... naquele momento, naquela moto Juliana se permitiu chorar em silêncio.
Ela rezou quase inaudível, para que Deus protegesse o filho em seu ventre.

Os riscos, ela sabia dos riscos. Mas pior seria perder o amor da sua vida.

O endereço não era longe, mas pra uma mulher desesperada em consertar tudo, parecia ser no fim do mundo.

Quando finalmente ela chegou no condomínio de Roberto, ela pagou a corrida ao motoqueiro e nem se importou com o troco. Tamanha era sua pressa e aflição que nem sequer se incomodou com seus cabelos totalmente bagunçados do capacete.

Ao chegar na portaria, ela não precisou pedir para interfonar, o porteiro já a conhecia e puxou ela pra o lado. O que Juliana ouviu do senhor baixinho com o olhar de preocupado a deixou aflita: "suba rapido, acho que o capitão não esta bem". Sem pensar em mais nada ela correu em direção ao elevador que estava ocupado, e como prova da sua aflição, ela resolveu percorrer 8 andares de escada.
Aquele percurso foi o maior e mais importante da sua vida.

Ela segurava a sua barriga numa tentativa de proteger seu bem mais precioso.

Quando finalmente a mulher chega ao apartamento de Beto, praticamente sem folego e nem forças, ela tenta girar a maçaneta quando um som que ecoa por tras daquela porta congela todos os seus movimentos e sentidos. Seus olhos se abrem em sinal do choque que levou, e a sua garganta trava em um nó agonizainte.

"disparos"