Roberto Nascimento:Se toda a dor que eu estava sentindo, valesse de alguma coisa no final, eu contuaria tentando.
Sempre fui conhecido por ser um homem quase inabalável. Talvez eu não era tão forte como todos pensavam.
Eu já me vi em cenários mortíferos, onde eu pude ser capaz de tirar a vida de pessoas e nem me importei com suas famílias. Diariamente, a morte me rondava, mas ela nunca me antigia... pelo menos não até agora.
O frio do chão do meu apartamento, um porcelanato polido, liso, em contato com a minha pele parecia engolir o meu calor. Logo meu corpo estava ficando frio. Mas eu não apagava, o que era pior.
Os vidros de remedios, ansiolíticos, antidepressivos, antipsicóticos, quebrados ao meu redor juntamente com todo o resto de tudo que dona Ruth passava horas e dias zelando.
O apartamento de 68m2, escolhido e decorado por minha mãe, deixado para mim, o sonho de muitas pessoas com certeza. Agora parecia cenário de guerra.
A sensação dos remédios se encontrando, era confusa, destacando a mistura que eu havia feito.
Meu corpo amolecia, devagar, minha visão turva. Mas o pior de tudo, era a sensação de quase morte. Não causada pela quantidade de remédios, mas sim, por um sentimento profundo, doloroso, angustiante.Juliana havia sido tudo o que eu mais desejei há 3 anos, e nos últimos 2 meses ela foi tudo o que mais amei. A dor desse amor me sufocava, me destruía.
O brilho do metal preto, chamava atenção dos meus olhos enquanto eu lutava para desfazer minha consciência. É uma merda ser quem sou, numa hora dessas, talvez só veneno me derrubasse.
A pistola conversava com os meus olhos, como se fosse possível se entenderem. Em minha mão seguro me imaginando em diversas situações onde isso não era possível de acontecer.
As 8 balas contadas, 8 chances de fazer alguma coisa. Talvez eu devesse, ou talvez não. Não sei como seria seguir uma vida depois dela.
...
Juliana Silva
Os sons dos disparos, 6 vezes, 6 tiros. Me paralisam, o medo de abrir a porta e ver a pior cena toma conta de mim.
Seguro a minha barriga, respiro fundo, como se internamente eu tentasse acalmar um ser que não fazia nem ideia do que acontecia.
Do outro lado o silêncio, após os disparos, a sensação fria que talvez eu causei na mãe de algum bandido, agora eu sentia como era.
Um filme rápido passa em minha cabeça, como seria a minha vida depois dele?
Giro a maçaneta da porta, estava aberta, o medo tomando conta de cada centímetro do meu corpo.
Abro lentamente, respirando fraco, o pavor se instalava em mim mas eu precisava ficar calma.Aos poucos que a porta se abria, ia revelando um cenário de destruição. Pedaços de vidro, coisas quebradas, objetos valiosos destruídos. Meus olhos procuram o homem que eu amava, mas na primeira sala ele não estava. A tensão sobre mim só aumenta.
O que eu fiz com Beto?
Pequenas manchas de sangue no piso, manchas secas, não foi de agora. Eu queria gritar, mas eu não tinha voz. Todo musculo do meu corpo tremia.
Procuro Roberto e naquela sala ele não estava. E o medo se itensifica. Podia sentir minhas mãos tão geladas como o próprio gelo. Fecho os olhos prestes a entrar no quarto, meu peito doía, uma sensação de ansiedade horrível.
No canto do quarto, sentado encostado na parede, com os joelhos dobrados e os braços repousando em cima, havia um homem com o olhar vazio, ausente, sem vida. Mas estava vivo.
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INDOMÁVEL - ROBERTO NASCIMENTO
FanfictionNessa história, vocês irão conhecer Juliana, uma mulher jovem de temperamento forte, tão forte quanto o nosso capitão. Tomem cuidado com o coração, porque as emoções por aqui podem causar ataque cardíaco rsrsrs 🔞 Fic não recomendada para menores de...