INDOMÁVEL - ROBERTO NASCIMENTO

PANICO

Juliana Silva:

Acordei com o celular despertando, 6:30 da manhã.
O resto do dia e a noite anterior tinha me deixado destruida, quebrada e toda marcada. Eu não havia descansado o suficiente, é dificil dormir ao lado de um trator. Isso me deixou impaciente.
Beto ainda estava roncando, pego dois dedos e enfio no seu nariz fazendo-o ficar sem ar. Ele logo desperta.

— ta maluca? Quer me matar? - ele pergunta me olhando estranho

— sim, acordei meio doida hoje - digo levantando da cama e vou em direção a cozinha

Preparo café, fervo o leite, faço torradas e me sirvo na mesa. Beto estava novamente dormindo, resolvo deixa-lo descansar, só Deus sabe como anda a cabeça paranoica dele.

Pego o meu celular e ligo pra dona Ruth, combino de irmos até o campo de destruição, vulgo apartamento de Roberto.

Após o café tomo um banho e coloco uma roupa de academia, propositalmente, a faxina seria intensa.

Deixo Beto dormindo e sigo imediatamente ao predio ao lado. Paro no meio do caminho e resolvo mandar uma mensagem explicando o que eu iria fazer. Agora mais do que nunca eu tinha que dar todas as satisfações pra ele. Surtado do jeito que é, era capaz de mover uma operação pra me procurar.

Me apresso porque no turno da tarde irei ao batalhão, não era bem como se fosse "de volta ao trabalho", mas era melhor que uma UPP de merda.

Entro no predio, cumprimento o porteiro e sigo em direção ao elevador. Ao chegar no andar, saio procurando a chave certa pra abrir a porta.

— Vejo que resolveu aparecer ...- ouço a voz de biscate ao meu lado

Olho e sem responder apenas coloco as minhas mãos pra tras, ficando devidamente posturada enquanto a encaro.

— voce é o que dele? A mulher? Namoradinha? Ou o brinquedinho dele...- ela pergunta se aproximando com a cara mais sinica que existe

— Maria Juliana, não é? - pergunto mantendo a postura

— Sim, e voce deve ser a tal da Juliana... acho que o capitão gosta desse nome ...- ela responde cruzando os braços com a cara mais ridicula de puta que ela tem

A vontade de voar no pescoço dela era grande, mas não faria bem a mim e nem ao bebe. Porem ela continua com as provocações.

— acho que a gente podia entrar em um acordo nao acha? Alguns dias o capitão fica comigo e alguns dias com voce...-

Sem nem pensar duas vezes, seguro pelo cabelo e viro ela pressionando-a contra a parede.

— se voce olhar pra Roberto, se voce ousar falar com o meu homem, eu acabo com a sua raça, voce ta me ouvindo? - falo alto o suficiente pra penetrar essa informação na sua cabeça

Solto a vagabunda e seu sorriso novamente se abre, ela queria que eu perdesse a cabeça, e tava conseguindo.

Foi quando ela alisou a barriga e disse: " aquele gostoso fode tão bem que ate me engravidou "

Quando me dei conta eu estava em cima dela no chão, com as mãos no seu pescoço. Eu já tinha travado a passagem de ar quando lanço a minha cabeça contra a sua.

Foda-se tudo, eu só queria mata-la mesmo. Quando a vadia parecia perder os sentidos, uma mão se envolve em minha cintura, me arrancando de cima dela.

— Juliana pare, chega meu amor - sua voz soava autoritaria mas existia preocupação

Não aguentei e empurrei Roberto contra a parede, ele era grande mas não era dois.