Joaquim MillerEu estava sentado na minha cadeira de couro, as mãos entrelaçadas sobre a mesa. O silêncio do escritório era quase sufocante, exceto pelo tic-tac constante do relógio na parede. Meus olhos estavam fixos na porta, esperando por Gabriela. Quando ela finalmente entrou, o contraste de seus cabelos ruivos contra a pele clara e o vestido justo que moldava suas curvas me fez hesitar por um instante. Ela era incrivelmente sexy, e isso tornava tudo ainda mais difícil.
-Oi, meu amor .Você queria falar comigo?- ela perguntou, fechando a porta atrás de si, seus olhos verdes brilhando com uma mistura de curiosidade e incerteza.
-Por favor, sente-se. - falei, ela se acomodou na cadeira, cruzando as pernas com uma elegância natural, mas a tensão no ar era palpável. Eu respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas. Eu sabia que precisava fazer isso, mas saber não tornava a situação mais fácil. -Gabi, você sabe que eu me importo muito com você,- comecei, tentando manter a voz firme, embora sentisse o peso de cada palavra. -Mas... nas últimas semanas, tenho pensado muito sobre nós dois. E cheguei a uma conclusão que não é fácil de admitir.
Vi a preocupação se formando em seu rosto perfeito. Ela franziu a testa, e seus olhos me encararam com uma mistura de medo e incerteza.
- Oque foi, Joaquim? O que está acontecendo?- desviei o olhar por um momento, tentando encontrar coragem.
-Eu não vejo um futuro para nós. Não da maneira que você merece. Eu percebi que meus sentimentos... não são suficientes. E não seria justo com você continuar assim.
Por um momento, ela ficou em silêncio, mas ao invés da tristeza, percebi algo diferente em seu olhar.
-Você... você está terminando comigo por causa dela, não é?- voz dela saiu carregada de ódio o que eu não esperava.
-Do que você está falando? - Fiquei confuso.
-Melinda. É sempre sobre a Melinda, não é? Você está me deixando porque ainda está preso a ela!" -Gabriela cruzou os braços, seu olhar agora cheio de raiva.
-Isso não é verdade, Gabriela. Eu só acho que não estamos no caminho certo. Isso não tem nada a ver com Melinda.- O impacto das palavras dela me atingiu como um soco.
-Não minta pra mim, Joaquim!- Ela levantou-se abruptamente, a cadeira raspando no chão. -Eu sempre soube que você tinha sentimentos por ela. Você nunca conseguiu se desvencilhar dela. E agora, está jogando fora o que temos por causa dessa ilusão! - As palavras dela me deixaram sem reação por um momento.
-Gabriela, eu não... Eu nunca quis te machucar. Isso não é sobre Melinda, é sobre nós.
-Você pode até tentar se convencer disso, mas eu sei a verdade. E quer saber? -Ela soltou uma risada amarga, balançando a cabeça. -Você não merece o meu amor, Joaquim. Eu espero que você acabe sozinho com seus arrependimentos.
Eu queria responder, dizer algo que a fizesse entender que essa decisão era sobre mais do que Melinda, mas as palavras morreram na minha garganta. Gabriela pegou sua bolsa com mãos trêmulas, mas dessa vez, não havia hesitação. Ela se dirigiu à porta, sem olhar para trás.
-Espero que um dia você perceba o que perdeu,- ela disse antes de sair, sua voz firme apesar da mágoa evidente.
A porta se fechou com um estrondo suave, e o silêncio que ficou para trás foi ensurdecedor. Eu sabia que essa conversa não seria fácil, mas nunca imaginei que acabaria assim.
(...)
Eu ouvi o elevador se abrir e senti um misto de ansiedade e arrependimento. O som da porta se abrindo me trouxe de volta à realidade. Ela entrou no apartamento, e por um breve instante, eu quis que tudo fosse como antes, quando Noah era apenas um nome, um rosto amigável que eu gostava de ver nas raras ocasiões em que nossos mundos se cruzavam. Antes, quando ele era apenas o cunhado de um cliente e alguém que eu considerava uma boa pessoa.
Mas as coisas mudaram. Tudo mudou desde que ele e Melinda começaram a se aproximar. Agora, aquele Noah que eu respeitava se transformou na personificação de tudo o que eu temia perder.
-Precisamos conversar. - eu disse, tentando manter a calma, mas já sentindo o calor do ciúme e da frustração crescendo dentro de mim. Eu a observei, e a expressão no rosto dela me disse que ela sabia o que estava por vir.
-O que foi agora, Joaquim?- Ela perguntou, e o cansaço em sua voz me atingiu em cheio. Havia um tempo em que eu podia simplesmente falar com ela sobre qualquer coisa, mas agora, cada conversa parecia uma batalha.
- Eu quero me desculpar por me intrometer no seu relacionamento com Noah- eu disse, o nome dele saindo amargo na minha boca. - Eu não entendo o que você vê nele. Ele não é para você, Melinda. Mas vou respeitar sua decisão.
-E desde quando você, Joaquim, se tornou esse covarde? - Ela ergueu as sobrancelhas, surpresa e irritada ao mesmo tempo.
- Você não sabe o que diz.
- Joaquim quando foi que seu ego se tornou mais ir que a razão ? -Aquelas palavras foram um golpe.
-Eu só estou tentando te proteger, Melinda!- Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, a raiva borbulhando na superfície. - Esse cara apareceu do nada e, de repente, você está disposta a arriscar tudo por ele? Você nem sequer o conhece direito! E o pior é que eu conheço. Ele está mais envolvido na minha vida do que você imagina.
- Proteger? - Ela cruzou os braços, o olhar dela era como uma lâmina afiada. - não quero sua proteção, eu quero ser amada.- As palavras dela cortaram fundo, porque eu sabia que, em parte, ela estava certa. - Você sempre foi assim, Joaquim, sempre tentando ditar o que é melhor para mim. Mas dessa vez, você foi longe demais. Não tem nada a ver com o Noah. Tem a ver com você não me querer e também já querer me ver com ninguém.
Eu sabia que ela tinha razão. Não era só sobre Noah. Era sobre mim. Sobre como eu me arrependia de ter rejeitado Melinda, de não ter visto o que estava bem na minha frente até ser tarde demais. Eu gostava de Noah, sim, mas ver a pessoa que eu amava nos braços dele era demais para suportar.
-Melinda, eu...- Minha voz falhou, o arrependimento me sufocando. - Eu só não quero te perder- confessei finalmente, sabendo que não havia palavras suficientes para corrigir meus erros.
- Joaquim - Ela deu um passo à frente, seu olhar suavizando-se, mas ainda havia uma dor ali, uma dor que eu sabia ter causado.-, eu não sou sua para ser perdida ou mantida. Eu sou sua amiga, e sempre serei. Mas você precisa confiar em mim, e nas minhas escolhas.
Eu só consegui assentir, a culpa esmagando qualquer outra reação. Eu deveria tê-la amado da forma certa, deveria ter dado um passo adiante quando tive a chance. Mas, em vez disso, deixei o medo e o orgulho ditarem minhas ações, e agora estava colhendo o que plantei.
-Eu só quero que você seja feliz- , murmurei, a voz carregada de derrota.
-E eu vou ser - ela disse suavemente, mas o que ela não disse foi o que me doeu mais: que eu poderia ter feito parte dessa felicidade, mas escolhi me afastar.
Ela se virou para sair, e eu fiquei ali, perdido em meu próprio arrependimento. Eu deveria ter dito a ela o que realmente sentia, deveria ter lutar por ela.
Minutos depois meu irmão desceu as escadas com ela, era sexta feira e provavelmente iriam encontrar Victoria e Sebastian na boate.
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Você Nunca Saiu Verdadeiramente Daqui
ChickLitMelinda se tornou uma mulher implacável, não é nem a sobra da jovem insegura que foi. Depois de ter o coração esmagado pelo seu grande amor adolescente e levando em conta o noivo possessivo e ciumento resolver se fechar para o amor. Só que por trá...