Capítulo 9

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Joaquim

O celular vibra sobre a bancada da cozinha e, quando vejo o rosto de Melinda na tela lembro que viajou faz apenas algumas horas para o Brasil. Sem aviso prévio, apenas entrou num avião e quem me deu o recado foi Rafael quando cheguei no escritório, quando lembro disso decido não atender, ainda nutro um pouco de ciúmes da ralação dos dois, mesmo que com o noivado. Vejo o aparelho desligar.

Sei que está na hora de crescer e superar meus demônios. Por mais que não esteja fazendo um trabalho fantástico, não estou tão mal assim. Estou me virando com as armas que tenho. A tela se ascende novamente com uma mensagem dela.

" Oi Quim!
Está tudo bem ? Desculpe não ter avisado que teria que fazer essa viagem. decidi de última hora! Tinha que resolver algumas pendências.
Me liga.
Espero que esteja bem !
Te amo"

Ignoro, não estou sabendo lidar com tudo, achei que se me permitisse tentar com Sloan essa sensação desapareceria do meu peito. Esse incômodo.

Lembro do último olhar que Melinda deu no restaurante italiano quando me viu ali, solto o ar. Eu não sabia o significado da intensidade do seu olhar, parecia faíscas de raiva? Não sabia ao certo o por que da sua raiva. E nos últimos dias ela está constante. Eu havia dado motivos? Na verdade, não. Sempre fomos apenas bons amigos.

Amigos.

Vou até o bar, me servindo uma dose de uísque, volto para a sala levando a garrafa comigo me jogando no sofá, fecho os meus viajando para uma noite que jurei nunca lembrar. A culpa ainda me consumia.

- eu não posso perder você também... - diz fungando, enquanto encaro os carros tão pequenos trafegando lá embaixo parado em pé no parapeito do meu prédio. A chuva fria cai nos banhando. Meu peito está dilacerado, tudo que sinto é um vazio sem fim,eu perdi tudo. - O que eu teria se você também partisse ?

- O Rafael, Nicolas, Liz , seus pais... -  digo engasgando com as lágrimas, ela chora copiosamente acabei de chega do cemitério, enterrar a mulher da minha vida e minha filha foi a coisa mais dolorosa que fez.-  E quanto a mim Melinda ? O que sobrou para mim?

- Você tem a mim, Joaquim! A mim, você sempre vai ter a mim.- Melinda se aproxima cuidadosamente do meu corpo como se sua minha vida dependesse disso. E dependia um deslize e cairíamos vinte dois andares.- Eu não quero perder você também...Não posso perder você... - implora num sussurro com os olhos úmidos vidrados nos meus, nossos lábios próximos desço o olha para sua boca carnuda.

Foi nesse momento que perdi completamente o controle, não sei se foi a nossa dor ou o adolescente que ainda vivia no lugar mais profundo do meu âmago tomo seus lábios num beijo faminto.

Melinda parecia tão faminta por mim quanto estava por ela depois de algum tempo nos afastamos pela falta de ar, Olho para baixo o caos que estava o trânsito. Suspiro sem dizer uma só palavra seguro forte sua mão saindo em direção ao meu apartamento, abro a porta voltando a beija-lá suas pernas entrelaçadas em minha cintura com ela no colo subo as escadas indo até o quarto de hóspedes.

Uma parte ainda consciente do meu cérebro dizia que era errado, mas a dor da perda, a raiva acumulada, o sentimento de impotência.
Trazendo a tona o desejo mais primitivo.

- Você está em casa ? - pergunta Rafael desconfiando me trazendo de volta a realidade.

- Eu moro aqui! - rosno sem paciência. - onde mais poderia estar?

- eu sei só pensei que estaria com seu brinquedinho novo.

- Gabriela foi visitar uma amiga em Boston.

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