XIX

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Sofhia Cooper


Acordo do pior jeito possível. Com Dmitri do meu lado? Não, dá para suportar. A resposta certa é, com cólica. Coloco as mãos na barriga e solto um gemido de dor, é nessas horas que odeio ser mulher.

— Hum, o que houve? — Dmitri perguntou.

— Só estou com cólica.

Ele sentou-se na cama e me olhou, depositando um selinho em meus lábios e se levantou.

— Vou cuidar disso.

Ele foi para o banheiro exibindo aquelas costas largas, que tinham alguns arranhões da noite de ontem. Depois, ele saiu com uma toalha na cintura, entrou no closet e saiu de lá com um terno e perfumado.

Para onde ele pensa que vai assim todo bonito?

— Não precisa me olhar com essa cara?

— Que cara?

— Com a cara de quem vai me matar. Logo eu volto.

Ele saiu e eu me obriguei a levantar da cama e vi a mancha de sangue no lençol. O dobrei e coloquei no cesto. Fui até o banheiro e tomei um banho relaxante. Quando fui até a minha necessaire, percebi que meus absorventes acabaram.

— Droga.

Coloco minhas mãos em minha barriga, me agachando no chão do banheiro.

— Sofhia?

— Estou no banheiro — gritei.

Ele veio até mim e me pegou no colo, me levando até a cama.

— Eu vou sujar a cama. — Reclamei.

— Quem se importa?

Ele foi até a sacola que estava em cima da poltrona e a trouxe para mim.

— Para onde foi todo arrumado? — perguntei, não aguentando mais segurar.

— Está com ciúmes de mim?

— Sim… quer dizer… não.

— Não precisa se preocupar, eu fui à farmácia. — Ele virou a sacola de cabeça para baixo, colocando todo o conteúdo na cama. — Não sabia qual você usava, então eu trouxe todos.

Olhei para a cama e tinha vários absorventes, remédios para cólicas e barras de chocolate. Cazzo, de homem perfeito.

Ele pega um copo de água em cima do criado mudo que eu nem sei quando apareceu e abre um dos remédios, colocando na palma da minha mão. Eu rapidamente bebi, rezando para fazer efeito rapidamente. Pedi a ele que pegasse uma calcinha enquanto eu vou abrindo a embalagem do absorvente.

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Sentada, com uma bolsa de água morna no abdômen, pipoca com leite condensado, chocolate e um bom filme, tudo o que eu queria e tudo o que Dmitri trouxe para mim.

— Fica aqui comigo. — Pedi.

— Se você está pedindo.

Ele se sentou do meu lado e eu coloquei minha cabeça em seu ombro. Às vezes, Dmitri me faz esquecer que estou aqui porque fui sequestrada e não porque quero. Não tenho do que reclamar, apesar de tudo. Ao menos, ele nunca tentou nada que eu não quisesse.
Quebro um quadrado do meu chocolate e levo à boca de Dmitri.

— Eu não gosto de chocolate.

Olhei para ele indignada. Como alguém pode não gostar de chocolate?

— Come, é uma ordem.

— E se eu não comer? — Desafiou.

— Vai ficar sem me tocar.

— E você?

— O que tem eu?

— Vai conseguir ficar sem me tocar?

Ele levou sua mão até o interior da minha coxa, fazendo a minha respiração acelerar. Cazzo!

— Sim — respondo como se eu não estivesse afetada pelo seu toque, mas Dmitri é esperto, sei que ele percebeu.

— É mesmo?

Levou sua mão mais para cima, chegando até o meu short de dormir.

— Dmitri, eu estou menstruada.

— E o que tem um pouquinho de sangue?

— Eu não vou transar — disse séria.

— Tudo bem.

Ele comeu o chocolate, pegou os meus pés e colocou em seu colo, fazendo uma massagem deliciosa. O olhei de soslaio, e olhando assim nem parece que ele é um terrorista. Já ouvi algumas histórias sobre Dmitri Ivanov, ele é conhecido no submundo e no mundo dos negócios, desde que assumiu a Bratva nunca perdeu o poder. Arrisco dizer que ele é um anjo e um demônio. Não. Chamar Dmitri de anjo é uma ofensa a todos os anjos, Dmitri é um ser perverso, e eu me sinto maluca por gostar disso. Por gostar da sua perversão e de como isso me impulsiona a ser uma versão um pouco semelhante a ele. Não perversa, mas forte e determinada. Apesar de tudo, eu admiro Dmitri, não sei sua história de vida, mas sei que não foi fácil.

Passamos o dia igual a um casal daqueles filmes clichês, tudo o que Dmitri e eu não somos. Estamos mais para um casal enemies to lovers, ou para um dark romance. Tenho cinquenta por cento de vontade de matar Dmitri e os outros cinquenta quero dar para ele. Como meu primo Logan diria: “mulheres”.

Estou morrendo de saudades da minha família, eu sei que ainda vou vê-los, pode demorar, mas sei que convencerei Dmitri a me deixar vê-los, sei que ele não irá me deixar ir embora, ele faz questão de deixar isso bem claro, praticamente a todo momento.

No final do dia, assistimos o sol se pôr e eu ainda ganhei duzentos mil da corrida que ganhei, mas deixei nas mãos dele, afinal, com o que eu poderia gastar se quase nem saio de casa?

À noite, Dmitri trouxe para mim um pote de sorvete e tomamos juntos enquanto conversávamos.

— Algum dia você vai deixar eu ver a minha família? — perguntei.

— Algum dia, talvez.

Depois disso, conversamos sobre as corridas, e ele disse que eu poderia participar, mas antes tenho que avisar a ele, para não acontecer nenhum imprevisto, ou alguém ficar obcecado por mim. Deus me livre! Ter um Dmitri na vida já está de bom tamanho.

Fomos dormir já eram mais de cinco da manhã, conversando sobre o que gostamos e assistindo filmes de ação.

Dormimos de conchinha, enquanto Dmitri falava o quanto me amava.

Sinto não poder retribuir.

Ainda.

Minha mente gritava.

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