Sophia
— Eu caminhei até o bebedouro, tentando me acalmar. A água fresca parecia ser a única coisa que poderia me ajudar a organizar meus pensamentos confusos. Enquanto tomava um gole, ouvi o som de passos de salto alto ecoando pelo corredor. Reconheci de imediato o som inconfundível dos sapatos da senhora Amélie, a esposa do senhor Johnson e minha patroa. Seu perfume intenso chegou antes dela, e eu já sabia que não seria um encontro agradável.
— Aí está você, Sophia — disse ela com desdém, seus olhos me avaliando como se eu fosse algo inferior.
Eu a olhei, tentando manter a calma, e terminei de tomar minha água antes de perguntar:
— A senhora precisa de alguma coisa?
Mas a resposta dela não foi o que eu esperava. Amélie se aproximou de mim, apertando meus ombros com uma força que quase me machucou. Seu olhar era frio, e as palavras que saíram de sua boca foram ainda mais geladas.
— Se você acha que vai se infiltrar na alta sociedade, está muito enganada, Sophia.
A ameaça era clara, cada palavra carregada de veneno. Por um momento, me senti presa, sem saber o que dizer ou como reagir. Mas, antes que pudesse responder, fui salva pela chegada de dona Branca, que apareceu como um anjo naquele corredor silencioso.
— Sophia, melhor você ficar com a Luna agora. Eu já recebi alta, meu marido e eu vamos para casa. Ele está com o Mark — disse dona Branca, com sua habitual calma.
Olhei para ela, grata pela intervenção, e Amélie, percebendo que não poderia continuar com seu ataque, soltou meus ombros delicadamente, como se o que acabara de fazer nunca tivesse acontecido. Por um instante, nossos olhares se cruzaram, e eu soube que aquela não seria a última vez que teríamos um confronto como aquele.
— Obrigada, dona Branca — murmurei, antes de me virar e seguir para o quarto de Luna, tentando afastar a sensação de ameaça que ainda pairava sobre mim. Mesmo assim, não pude evitar um sorriso discreto. Algo dentro de mim me dizia que eu não estava sozinha. Havia pessoas como James e dona Branca que, de alguma forma, estavam ao meu lado. E isso me dava forças para continuar, não importando quantas Amélies aparecessem em meu caminho.— Assim que entrei no quarto, Luna me chamou, acenando como se estivesse curiosa demais para esperar.
— Agora me fala, Soso, eu quero a verdade: você e o lobisomem são namorados?
Não consegui segurar a gargalhada que escapou, e, rindo, alisei os cabelos dela.
— De onde você ouviu isso, Luna?
— Na escola, todo mundo fala que o homem que mora no castelo mal-assombrado é um lobisomem mau e que a vovó ficou enfeitiçada por ele.
— Não, querida, isso não é verdade — respondi, tentando conter o riso. — O James me levou até o castelo, e por dentro é muito bonito.
Luna pareceu um pouco mais calma com minha explicação, mas então entregou o celular para mim, com os olhos tristes.
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DESTINO TRAÇADO
RomanceEra uma noite fria de inverno quando Sophia Johnson, uma jovem negra de 20 anos, descobriu a verdadeira identidade de sua família. Ela sempre soube que era diferente das outras crianças, criada como empregada na mansão dos Johnson e tratada com desp...