Capítulo 33

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Sophia

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Sophia

O que estava prestes a acontecer naquela despensa? Será que, se aquela funcionária não tivesse aparecido, James iria me beijar? E por que eu não me afastei? Céus, eram tantas perguntas, tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Enquanto James se afastava, seguindo para o outro corredor onde eu havia conhecido a mãe de Amanda, fiquei pensando em como o destino pode ser tão irônico. Os pais de Amanda, aquela mulher que significava tanto para mim, trabalhavam justamente para James. E ele... James se mostrava um homem tão cavalheiro, tão atencioso, que me custa acreditar que ele possa ser acusado de assassinato, como Ethan havia sugerido.

Perdida em meus pensamentos, senti uma mão em meu ombro antes de entrar no quarto de Luna. — Sophia, será que podemos conversar? — Ethan estava visivelmente abatido, seus olhos vermelhos de tanto chorar. Acenei positivamente, e ele me guiou até a cantina que ficava no andar de baixo. No elevador, ele se manteve em silêncio, apenas me olhando como se quisesse dizer algo, mas não encontrasse as palavras certas. Eu o conhecia bem o suficiente para saber que algo o incomodava profundamente.

Quando chegamos à cantina, Ethan pediu dois cafés enquanto eu me sentei em um banquinho perto do balcão, tentando entender o que ele queria me dizer. — Pode falar, Ethan. Você deve estar sofrendo muito... — minha voz era suave, e eu coloquei minha mão sobre a dele, tentando confortá-lo.

— Eu estou sim, Sophia. Por mais que eu tivesse desavenças com meu pai, não estava pronto para perdê-lo. — Sua voz era carregada de dor, e seus olhos se fixaram nos meus, como se buscassem algo mais profundo.

— Desavenças? — perguntei, surpresa. Ethan nunca havia mencionado isso antes. Aliás, acho que ninguém conta todos os seus segredos a um amigo. Ele me olhou de uma maneira que me deixou confusa, e meu coração começou a acelerar novamente.

— Sim, Sophia. Eu e meu pai discutimos muito por sua causa. — Sua confissão me pegou de surpresa, e eu mal pude acreditar no que ouvia.

— Por minha causa? — indaguei, tentando entender.

Ethan fez uma pausa, começando a brincar com um objeto que estava no balcão. Sua hesitação só aumentava minha curiosidade, e meu coração batia ainda mais rápido. — Sim, Sophia. Mais do que ninguém, você sabe que meus pais nunca aprovaram nossa amizade. E houve uma época em que eu cogitei até...

— Cogitou o quê? — incentivei, sentindo uma estranha mistura de expectativa e temor. Seria possível que ele tivesse considerado ficar comigo em vez de Beatrice?

Mas, antes que ele pudesse responder, vi Beatrice se aproximando com seu loiro platinado que se destacava na cantina. Ela abraçou Ethan por trás, sorrindo de maneira possessiva. — Amorzinho, o que veio fazer aqui sem mim? — Ela beijou o rosto dele, e Ethan tocou suavemente o braço dela.

— Eu vim conversar um pouco com a minha amiga — respondeu Ethan, olhando para mim com um misto de culpa e confusão.

— Tudo bem, só não demora, meu amorzinho. Eu vou ficar com o papai — disse Beatrice, rebolando o quadril ao se afastar. Ethan a observou sair e soltou um meio sorriso.

— O que eu vi nela, meu Deus? — murmurou ele, mais para si mesmo do que para mim.

— Você realmente gosta da Beatrice? — perguntei, tentando esconder a dor que suas palavras provocaram em mim.

— Sim, de todas as mulheres do mundo, acabei me apaixonando por ela. E quem eu deveria amar estava longe... — Ele disse, olhando diretamente para mim, e eu não sabia o que fazer com aquelas palavras que soavam como uma indireta.

Antes que eu pudesse responder, o atendente nos entregou os cafés. — Melhor a gente tomar, ou vai esfriar — comentei, tentando fugir do que eu temia ouvir. Mas Ethan continuou, sua voz carregada de sinceridade.

— Sophia, eu queria te pedir desculpas. Eu não tenho o direito de interferir no seu futuro, mas é que eu não quero que você sofra com aquele homem que tem uma má reputação.

Respirei fundo, sabendo que era o momento de contar a verdade sobre meu noivado com James. Mas, antes que pudesse falar, senti a presença de alguém se aproximando. James apareceu ao meu lado, imponente como sempre, com um homem de terno e gravata ao seu lado. — Algum problema aqui, meu amor? — Sua voz era protetora, e a maneira como ele me chamou de "meu amor" fez meu coração dar um salto.

— Melhor eu ir, Sophia. Depois conversamos — disse Ethan, largando sua xícara de café. Eu o observei sair, frustrada por não ter conseguido contar a verdade. A situação estava se complicando, e eu me sentia presa entre duas verdades que não poderiam coexistir.

— Por que teve que aparecer justo agora? — perguntei a James, sem esconder a irritação.

James se inclinou sobre mim, colocando as duas mãos uma de cada lado do balcão, me prendendo em uma proximidade que fez meu coração disparar ainda mais. Seus olhos me estudavam, lendo cada detalhe do meu rosto, como se ele pudesse ver além das minhas palavras. — Então você realmente gosta daquele idiota? — Ele perguntou, com a voz baixa e intensa.

— E daí? Isso não é da sua conta — respondi, tentando soar firme, mas falhando miseravelmente.

— Você ia contar sobre a nossa mentira? — James me desafiou, aproximando-se ainda mais, seus lábios quase tocando os meus.

— Sim, Ethan é meu melhor amigo — sussurrei, sentindo a tensão aumentar entre nós.

James se inclinou ainda mais, sua testa encostando na minha. — Disfarça. O senhor Johnson está vindo para cá. Coloca uma das suas mãos na minha barba e finge estar apaixonada.

Contrariada, mas sem alternativa, obedeci. Nossos olhos se encontraram, e senti o olhar dele descer para os meus lábios. Abri um pequeno espaço entre eles, como se quisesse sentir os dele, mas antes que algo acontecesse, a voz do meu pai cortou o ar.

— Francamente, Sophia, você parece uma prostituta agindo dessa maneira — as palavras dele me atingiram como um tapa. Antes que eu pudesse reagir, James avançou para cima dele, furioso.

— Seu canalha! Nunca mais fale da minha noiva dessa forma! — gritou James, desferindo um soco que fez meu pai cambalear para trás. Assustada, corri para separá-los.

— James... — implorei, tentando acalmá-lo. Mas meu pai continuou com suas ofensas, ignorando completamente a confusão que estava causando.

— E quanto à menina? Não pense que vou aceitar uma órfã morta de fome na minha casa, onde uma já mora de favor — ele vociferou, colocando a mão no local onde havia levado o soco.

— Quer que eu lhe ajude? — Mesmo sendo humilhada, tentei me aproximar, mas meu pai me empurrou com força. James me segurou antes que eu caísse, puxando-me para seus braços.

— Está tudo bem... — James murmurou, tentando me acalmar. Por sorte, a cantina estava quase vazia, com apenas dois médicos por perto. Envolvi meus braços em torno de James, sentindo-me protegida, mas ao mesmo tempo confusa e magoada.

— O que eu fiz para ele me odiar tanto? — perguntei, sentindo as lágrimas ameaçarem escapar. Eu estava cansada de lutar contra o ódio de meu pai, de tentar entender por que ele nunca me aceitou.

James me apertou ainda mais contra si, seus braços fortes como um escudo contra o mundo. Eu sabia que ele também tinha seus próprios demônios, mas, por um breve momento, encontrei consolo na certeza de que, pelo menos naquela manhã, eu não estava sozinha.

...
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