Oportunidades, coisas que estranhamente sempre apareceram na minha vida.
Inicialmente a primeira oportunidade que tive foi o fato de ter nascido com dupla nacionalidade, sendo filha de uma modelo brasileira que engravidou de um super-empresário Italiano, acho que se encaixa em uma oportunidade, certo?! Talvez seja mais sorte, mas eu não acho que isso procede pelos próximos capítulos da minha vida, afinal aos 15 perdi minha mãe. Bom, minha mãe e meu pai nunca casaram, por conta da minha mãe, ela não queria se prender a ninguém, então minha vida sempre foi entre dois países, contudo meu pai sempre foi super presente, tentava convencer minha mãe de todas as maneiras possíveis de ficar com ele, monogamicamente, ela nunca quis. Vivia no Brasil, nossa relação de família era atípica, mas feliz, passava férias viajando pela Europa, às vezes precisava viver no Brasil com meu pai por conta de viagens da minha mãe, era engraçado. Durante todos meus anos aqui eu fiz todo o tipo de coisa, teatro, ginástica, basquete, aula de instrumentos, dança, ballet, canto, todo o ano eu mudava de hobby, e a cada ano meu tempo dedicado a eles aumentava.
Então chegamos aos fatídicos 15, minha mãe estava saindo da França para me buscar na Itália, iríamos voltar para o Brasil, depois de longas férias na Europa, para eu finalmente ir para o Ensino Médio, quando minha mãe sofreu um acidente. Na estrada, enquanto ela dirigia, um caminhão tombou e o carro capotou, ela infelizmente não sobreviveu por conta da demora da ajuda médica.
Depois disso, minha vida mudou completamente. Minhas férias eram na casa dos meus avós no interior de Minas Gerais, meus dias comuns eram em Turim, numa escola cara, com italianos zoando meu sotaque. Bom, então entramos na minha segunda oportunidade da minha vida: Ter passado numa das melhores escolas de Teatro Musical. Me formei em teatro musical junto do ensino médio, e criei uma paixão inexplicável pela música, virou meu refúgio, depois que minha mãe morreu eu desenvolvi alguns transtornos, e o pior deles foi a tão temida: Depressão, ter entrado na Torino foi minha salvação, meu pai me apoiou, até certo ponto, ao menos.
Então, abrimos um parênteses nessa parte das oportunidades, e entramos para o capítulo dos desentendimentos...
Aos 18, terminei o ensino médio, e queria entrar em uma faculdade de música em Viena ou em Londres. Mas como nem tudo na minha vida iria ser 100% incrível, meu pai se recusou a pagar, dizendo que eu deveria fazer algo "com futuro". Não contestei, decidi fazer fisioterapia, porque na época era uma área que eu achava interessante, mas pedi que depois de formada, e trabalhando com isso, meu pai pagasse minha tão sonhada faculdade de música, ele aceitou, então aos 22 me formei em Fisioterapia, com 24 terminei a pós-graduação em fisioterapia desportiva, então comecei a trabalhar, e menos de um ano depois já estava fazendo faculdade de música. Foi quando descobri meu talento para a comunicação, no auge da pandemia, aos 23 anos, comecei a criar conteúdo de cover para o youtube, e coisas sobre música, enfim, esses foram os últimos capítulos até chegarmos aqui. No dia de hoje.
— Mariê, acorda filha! — Ouço ao longe os gritos da minha avó.
— Já vou, vó! — Gritei de volta me levantando em um pulo para me arrumar. 02h da manhã, esse é o horário que meu tio combinou de acordarmos para irmos para o Rio de Janeiro, bom, consegui um emprego de última hora lá, então implorei para meu tio me levar com um dos caminhões de mudança da empresa dele para Saquarema.
— Filha, se você demorar mais, mais terá que ouvir o Jordane reclamar da sua enorme bagagem! — Meu avô diz quando me vê saindo do quarto. Rio baixinho e corro para terminar de arrumar minha bolsa de mão.
Bom, eu assim que recebi a proposta de emprego da CBV para ser umas das Fisioterapeutas da seleção feminina, eu imediatamente aceitei. Precisava de um emprego que me desse mais dinheiro que ser influenciadora pequena, e esse veio em ótima hora. Sei que tenho um pai empresário (consequentemente, rico), mas lembra do parênteses dos desentendimentos? Pois é, depois daquela barganha das faculdades, tudo estava bem, eu estava formada em Fisioterapia, tava trabalhando, tinha acabado meu primeiro ano na faculdade de Música, estava realizada, até meu pai descobrir que eu era Lésbica, e bom dar uma, leve, surtada. Senhor Ettore Leonel, decidiu que a arte tinha feito isso comigo, então parou de pagar minha faculdade, enfim, já faz um tempo que ele tenta entender, nosso relacionamento esfriou, mas ele ainda me ajuda, principalmente com moradia, ele continuou pagando meu apartamento em Turim, e agora pagará aqui no Rio de Janeiro(ou não, porque ainda tô decidindo se vale a pena alugar airbnb). Nosso relacionamento não esfriou unicamente por conta da minha sexualidade, também foi porque à um pouco mais de um ano atrás eu me afastei de todos por conta de uma menina, mas ando tentando recuperar esse tempo ultimamente.
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A Resiliência da Alquimia | Gabi Guimarães
Fanfiction"A resiliência da alquimia" refere-se à capacidade de enfrentar e superar desafios com uma transformação profunda e adaptativa, semelhante ao processo de transformação na alquimia. Significa a habilidade de transformar dificuldades em oportunidades...