37- Isso vai me consumir ou me matar

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O restaurante tinha uma iluminação amarela, romântica, um lugar com a arquitetura mais rústica, muito bonito. A mulher de coque nos guiou até nossa mesa, a mesa que escolhi era na parede, o assento tipo booth, que se conecta na parede, afinal não achei que seria interessante ficarmos de frente uma para outra, e assim é confortável, temos privacidade pela separação dos assentos dos outros casais, podemos ficar muito próximas, ou mais distanciadas, depende da quantidade de vinho que irei tomar. Brincadeira, preciso estar sóbria, estou dirigindo.

Grazie — Falei para a moça.

Nos sentamos, Gabi sorria estranho e eu a encaro confusa.

— Tá rindo do que?

— Você falando italiano — Ela diz e eu arqueio a sobrancelha — É atraente — Ela completa e eu nego sorrindo.

— Obrigado — Disse e ela sorriu — A propósito, como está o seu italiano? — Perguntei e ela fez careta.

Nessa brincadeira começamos a rir, troquei de idioma e comecei a falar apenas a língua local, Gabi as vezes parecia confusa mas desenrolava bem. Durante o meio tempo em que rimos falando em italiano, acabamos fazendo nossos pedidos. Deixei ela se aventurar e pedir para nós duas, acho que entendo o que ela dizer quando disse que era atraente eu falar no outro idioma.

— Tá, eu contei uma curiosidade sobre mim no carro, agora sua vez! — Falei bebendo meu drink de água tônica sem álcool.

— Ai deus, não sei, Léo!

— Gabriela, por favor né?! — Digo e ela resmunga e pensa.

— Eu adoro escrever diários, com colagens, desde adolescente — Ela diz e eu sorrio.

— Nossa, eu posso ver?

— Aham, quando formos para a casa da minha mãe te mostro, os da minha adolescência são os melhores, meus anos no Pitágoras, comecei esse hobby antes mesmo do vôlei — Ela diz e eu fico confusa.

— Pitágoras?

— É, o colégio que estudei no ensino médio — Ela diz simples e eu franzo as sobrancelhas.

Eu estudei no Pitágoras! — Disse ela me olhou confusa.

— Mentira!

— Porra, para de duvidar do que eu falo — Soltei brincando e ela ri.

— Quando?

— No meio de 2008, quando me mudei para Belo Horizonte — Expliquei — Eu já estudava em uma das redes em Ouro Preto, aí minha mãe só decidiu me transferir — Contei e ela começou a me fazer perguntas sobre, estudamos na mesma unidade, já devemos ter nos visto pelos corredores, ou até mesmo interagido, mas não sabíamos quem éramos. Que loucura — Eu era bem conhecida na escola, todo mundo sabia quem era a minha mãe, então meio que eu tinha amizade com muitas pessoas mais velhas, mesmo estando na sexta série — Disse e ela riu.

— E a gente nunca se viu, que maluquice — Ela diz e eu rio afirmando.

— Eu acho que realmente a gente não teve grandes contatos, porque eu não era muito chegada no pessoal que era do vôlei, eu era mais da galera da música e algumas pessoas do time de basquete — Pontuei e ela revirou os olhos.

— Eu tinha uma "amiga" do basquete — Ela solta fazendo aspas no ar — Se eu não me engano ela também fazia música — Ela diz bebendo seu suco.

— Nome?

— Maria Eduarda, mais conhecida como Maduz — Ela diz e eu arregalei o olho. Não, não pode ser.

— Não me diga que era uma loira, com franja de lado, que tinha um side cut. — Arrisquei e ela abriu os olhos surpresa.

A Resiliência da Alquimia | Gabi GuimarãesOnde histórias criam vida. Descubra agora