A Resiliência da Alquimia | Gabi Guimarães

32- Sentimentos familiares...

Minha vida virou uma completa maluquice desde que deixei Amarantina. Saquarema parecia ser apenas o começo de algo maior, como a ponta de um iceberg que mal arranhei. Quando cheguei em Paris, percebi que aquilo era só o prelúdio de uma jornada muito mais complexa e profunda. Sinto que, até agora, só molhei os pés na superfície desse iceberg gigante. Ainda tenho toda uma rocha submersa e misteriosa para explorar, cheia de desafios e descobertas. O que está por vir parece imenso e, honestamente, assusta um pouco, mas também me enche de curiosidade sobre até onde posso ir.

— Oi! — Falei ao Gabriela me atender pela chamada de voz.

"Oi!" — Gabi parecia avoada.

— Tá tudo bem? — Perguntei enquanto organizo minhas coisas.

"Tá sim, Léo, só tô fazendo as malas" — Ela diz e eu afirmo.

— Tendi, foi mal, eu só liguei para retomar a conversa de mais cedo, mas se você tá ocupada, tudo bem! — Respondi meio chateada.

"Você não incomodou, é só que eu não esperava" — Ela diz — "Inclusive, antes de desligar, você pensou no que eu falei?" — Ela pergunta e eu me sento na cama sorrindo mesmo que ela não me veja.

— Pensei sim, e eu acho que aceito! — Respondi e a ouvi comemorar.

"Ótimo! Então você vem para cá domingo de manhã!" — Ela diz e eu afirmo.

Desligamos para Gabriela ir terminar sua mala e eu arrumar minha bolsa para ir para casa da minha prima e no domingo para Gabi.

Sábado de manhã saímos logo depois do almoço para ir para Belo Horizonte logo, Larissa estava implorando para chegarmos cedo e ajudar na decoração, que Rafael tinha ido distrair Helene até o horário de voltar para se arrumar.

Larissa atendeu aos pedidos da filha e fez a festa do pijama para seus amiguinhos, e no domingo, na data de aniversário de verdade da Neca, vai fazer um almoço para a família.

Obviamente, Larissa resolveu explorar os talentos dos primos mais novos e mandar, Eu, Kauã e Kauanne para ajudarmos a entreter as oito crianças que vão à festinha. Também tem o Jordane, mas ele vai ajudar Rafael na cozinha.

— Porra, finalmente vocês chegaram! — Larissa diz abrindo o portão da casa.

— Ih, protejam-se todos que Larissa está estressada e sem sua filha por perto! — Jordane debocha e toma um tapa na cabeça.

A casa estava desorganizada, muitas decorações jogadas, Kauã demorando duas horas para encher meia dúzia de balão, Kauanne rindo de Larissa brigando com qualquer coisa que não desse certo. Um caos.

— Pelo amor de deus, Mah, me ajuda! — A crespa diz em desespero e eu rio e afirmo. Pego seus planejamentos e começo a organizar todo mundo. Se tem algo que aprendi nesses anos de teatro estudando direção de teatro musical era ser organizada e a cabeça de um projeto. Botei ordem em todos, e então tudo fluiu. Conseguimos montar as cabanas que Larissa tinha alugado (mas decidiu economizar e não pedir o serviço de montagem), organizamos as mesas de doces, a decoração das paredes, a parte das atividades, e até o cantinho "do luau". Tudo isso na garagem da casa, e depois ainda tivemos que decorar a sala, que seria onde as meninas iriam dormir.

Fui para o apartamento de Kauã e Kauanne ali perto para tomar banho e me arrumar para poder ir para o aniversário da minha afilhada.

— Não repara na bagunça! — Kakau diz ao me deixar entrar no apartamento.

— Ai, deixa disso, Kauanne — Falei largando minha bolsa no sofá.

— Vou tomar banho primeiro, tenho que lavar o cabelo! — A cacheada diz e eu afirmo — KAUÃ! Vem ficar com a Léo aqui na sala! — A mulher diz e vai para o banheiro. Depois de alguns segundos o mais novo aparece na sala com suas duas gatas.