Retorno

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  As faculdades já estavam de férias e, com isso, a casa ficava mais vazia. Os únicos na casa eram Tsukishima, Kageyama e Osamu, mas o gaúcho, em alguns dias, estaria no Sul. Como a casa era da família dos gêmeos, ele passava as férias ali, longe do irmão e dos pais. Kageyama só não tinha voltado para Alphaville, porque ficou de recuperação em física. Odiava admitir, mas sentia muita falta do ruivo. Ficou de recuperação por passar muito tempo com Hinata e faltar as aulas de física, mas não se importava. Ele teria que voltar para o Rio de Janeiro de qualquer forma e ficariam longe.

  O moreno estava sentado na mesa, com as mãos no rosto, tentando entender o que aquilo significava. Sempre odiou física e escolheu a pior faculdade. Foi idiota em escolher Engenharia Mecânica, mas acabou se apaixonando pelo curso e não seria uma matéria que o desanimaria. Só que ele não conseguia se concentrar nos livros, Hinata não saía da sua mente. O ruivo mandava fotos da praia, do vôlei, de Kenma torrado no sol e tudo tocava o coração do moreno. Odiava mar, mas Hinata parecia gostar tanto que Kageyama pensava em viajar para o Rio.

— Ainda aí? – Tsukishima entrou na cozinha, indo direto na geladeira para pegar um refrigerante.

— É... tá difícil. – Kageyama suspirou.

— Por isso escolhi história. – Ele sorriu convencido — Sou o melhor da turma, se quer saber.

— Pra ser sincero, não quero não.

  O loiro sentou à frente do moreno com um sorriso debochado. Os dois interagiam bastante, mas sempre trocando farpas e insultos. Porém, Kageyama, incrivelmente, gostava de estar com Kei. Eles brigavam o tempo todo, igual cão e gato, só que viviam fofocando sem perceber, brincando um com o outro e rindo de piadas idiotas.

— Boa sorte, Titi. – Kei riu.

— Para de me chamar assim, Caio.

— Só o Hinatinha pode, né? – Provocou Tsukishima.

— N-não, cala a boca. – Os bochechas do moreno ficaram vermelhas, tirando uma risada de Kei.

— Que fofo, Tobio-kun.

— Vai se ferrar, Tsukki. — Kageyama respondeu, tentando esconder o constrangimento. Sabia que Tsukishima adorava provocá-lo, mas hoje ele não estava com cabeça para responder à altura.

O loiro deu um gole no refrigerante, observando o amigo por um momento. Era raro ver Kageyama tão abatido, ainda mais por causa de alguém. Embora sempre fizesse piada da situação, ele sabia que o moreno estava realmente mexido com a ausência de Hinata.

— Tu devia só mandar uma mensagem pra ele, sei lá. – Tsukishima comentou casualmente, mas com um tom mais leve — Ou vai ficar aí sofrendo por mais quanto tempo?

Kageyama suspirou, passando a mão pelo cabelo.

— Ele tá lá no Rio se divertindo, não faz sentido eu ficar incomodando.

— Ah, claro. Porque ele deve odiar receber mensagem sua, né? – Ironizou o loiro, revirando os olhos — Para de arranjar desculpa, Tobio. Tu tá agindo feito um idiota.

— E desde quando você virou conselheiro amoroso? – Kageyama rebateu, sem muita convicção. No fundo, sabia que Tsukishima tinha razão.

— Não virei, mas até eu percebo que tu tá assim por causa dele. E sinceramente, ninguém aguenta mais essa sua cara de cachorro perdido. – Tsukishima deu um leve soco no braço do moreno, como se quisesse incentivá-lo.

Kageyama ficou em silêncio por alguns segundos, refletindo sobre as palavras do amigo. Era verdade que estava deixando a saudade de Hinata afetá-lo mais do que deveria. E se tinha algo que o ruivo lhe ensinou, era que às vezes ele precisava parar de pensar tanto e simplesmente agir. Com um suspiro, Kageyama pegou o celular. Abriu o chat com Hinata e, antes que pudesse mudar de ideia, começou a digitar.

Traços do Oriente | KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora