Traços do Oriente | KageHina

Motel

  Kageyama estava sozinho em casa com Hinata. O moreno tentava dormir, porque há dias não descansava direito e seu desempenho na faculdade estava caindo. Era quase onze horas, a casa estava silenciosa como costumava ser, mas aquilo incomodava Kageyama. Normalmente, Hinata saía com os outros garotos, porém fazia semanas que ele passava as noites em casa, principalmente por causa das férias e quase nenhum dos meninos tinham voltado. Ele não conseguia fechar os olhos, principalmente sabendo que o ruivo estava em algum lugar, então saiu da cama. O lugar estava escuro e o moreno nem se deu o trabalho de acender as luzes, apenas caminhou nas sombras, sem fazer barulho. Não passou pela de Kageyama que talvez ele pudesse assustar Hinata daquela forma.

— Cala a boca! – O ruivo disse baixo, mas bravo. Ele estava com o celular no ouvido, de costas para a escada — Você só enche a porra do meu saco, já te disse que estou sozinho em casa. Qual seu problema?

Kageyama sentou-se em um degrau para ouvir a conversa. Ele sabia com quem Hinata falava e não gostava da ideia, mas já que o ruivo não tinha terminado com Mateus, ele não podia fazer nada.

— Ah, vai se fuder. – Hinata riu fraco — Quer saber? Eu tô cansado disso. Acabou tudo, vai tomar no meio do seu cu! – Ele desligou o celular e chutou uma almofada que estava no chão.

— Então quer dizer que está solteiro? – Kageyama saiu das sombras, assustando o ruivo.

Hinata virou com tudo, dando um murro no rosto do moreno por causa do medo.

— Ah, meu Deus! Titi, você tá bem!? – O carioca segurou o rosto de Kageyama com as duas mãos.

Kageyama sentiu o impacto do soco direto no rosto, e sua visão ficou momentaneamente turva. Ele queria gritar, reclamar, fazer qualquer coisa para aliviar a dor, mas não podia. Não na frente de Hinata.

— Tô... tô bem, sim! – Kageyama mentiu descaradamente, com a mão pressionando a bochecha, que já começava a latejar. Ele forçou um sorriso estranho, tentando parecer tranquilo, mas o olho esquerdo começou a lacrimejar.

Hinata, em pânico, se ajoelhou ao lado do moreno.

— Cara, eu te dei um soco de verdade! Foi mal, você tá sangrando? Deixa eu ver! — Ele tentou puxar a mão de Kageyama, mas o moreno rapidamente desviou.

— Que isso, nem doeu! – Kageyama fingiu, com a voz tremida, enquanto sentia o rosto queimar — Foi só... um carinho. Nada demais.

Hinata arqueou as sobrancelhas, claramente desconfiado.

— "Carinho"? Você tá quase chorando.

— Eu não tô chorando! É... alergia! – Kageyama piscou rápido, tentando conter as lágrimas de dor — Eu sou alérgico a... a socos. É isso.

Hinata soltou uma gargalhada.

— Alergia a socos? Você tá inventando isso agora, né?

— Claro que não! – Kageyama cruzou os braços, tentando parecer sério, mas o efeito cômico do soco estava longe de passar — Eu tô ótimo, sério! Podia até levar outro! – Ele fez uma pose dramática, abrindo os braços, como se estivesse se oferecendo para ser socado de novo.

— Ah, é? Então vem cá, eu dou mais um! – Hinata brincou, levantando o punho como se fosse atacá-lo de novo.

— Ei, ei, calma! – Kageyama recuou, ainda com o rosto dolorido — Não precisa exagerar, foi só uma piada...

Hinata riu de novo, finalmente relaxando.

— Cara, eu realmente não queria te bater, mas você apareceu do nada! Quer me matar do coração?