Passado

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  Sexta-feira chegou rápido, trazendo consigo a festa de Miguel que Kageyama não queria comparecer. Hinata não sabia sobre a relação dos dois, nem o que havia acontecido, mas queria que o moreno se divertisse um pouco, então pediu para que ele aceitasse o convite. Com muito custo, Kageyama cedeu e concordou em passar no apartamento de Miguel, mas só por alguns minutos. Os meninos se arrumaram umas horas antes e ficaram jogando enquanto esperavam. Kageyama estava nervoso, mas não deixava transparecer, ele queria que Hinata pensasse que estava tudo bem. Desejava nunca mais ver Miguel, Arthur ou Nicolas novamente, porém sabia que seria inevitável, afinal moravam no mesmo condomínio que sua mãe. Queria que o ruivo se sentisse à vontade, já que era muito extrovertido e sabia que se não demonstrasse estar bem, Hinata ficaria um pouco acuado.

  Perderam um pouco a noção do tempo por causa do videogame, mas, como era ridiculamente perto, não tinha problema. Eles saíram quase nove horas, chegando no apartamento de Miguel cinco minutos depois. O lugar estava lotado para uma casa em um condomínio residencial cheio de moradores, mas o pai do garoto era uma pessoa que ninguém gostaria de mexer. Miguel morava no último andar, praticamente uma cobertura só para ele, já que sua família passava meses viajando e não o levava. O garoto não se importava e fazia o que dava na telha, mas, com amigos como Arthur, ele quase parava na delegacia. Kageyama nunca aprovou isso, sempre disse para Miguel se afastar, mas o moreno insistia que o loiro era uma boa pessoa.

— Uau... pensei que você fosse rico. – Hinata disse com os olhos brilhando de admiração.

— É, mais um babaca riquinho. – Kageyama suspirou e apertou o interfone.

— Pensei que Miguel fosse mais tranquilo, ele não tem cara de encrenqueiro. – O ruivo brincou, tentando aliviar o clima, mas sem sucesso.

— Pois é... As aparências enganam. – Tobio olhou para Hinata uma última vez antes da porta se abrir.

A porta do apartamento se abriu com um clique suave, revelando Miguel, que parecia mais à vontade do que Kageyama gostaria. Ele estava vestido de forma casual, mas dava para notar que havia se esforçado para parecer mais descolado. O sorriso no rosto de Miguel murchou um pouco ao ver Kageyama, mas ele rapidamente o recuperou ao notar Hinata ao lado.

— Que bom que vocês vieram. — disse Miguel, tentando soar animado, mas havia uma tensão subjacente que Kageyama não pôde ignorar.

Hinata sorriu de volta, sempre amigável, estendendo a mão para cumprimentar Miguel.

— Oi! Sou o João. Obrigado por nos convidar.

— Claro, João. – Miguel apertou a mão dele, parecendo genuinamente feliz em conhecê-lo — Entrem, a festa tá rolando lá dentro.

Kageyama soltou um suspiro interno e seguiu Miguel para dentro do apartamento. O lugar era impressionante, mesmo para quem já havia estado ali antes. A vista da cidade era espetacular, e a decoração era moderna e sofisticada, com música alta e gente rindo por todos os lados.

Hinata, sempre curioso, olhou ao redor, maravilhado.

— Esse lugar é incrível!

— É... – Kageyama murmurou, sem muita empolgação. Ele não queria estar ali, cercado por memórias desconfortáveis e pessoas que preferia evitar.

Eles foram levados até a sala principal, onde Arthur e Nicolas estavam sentados no sofá, conversando e rindo de algo que não fazia questão de saber. Ao ver Kageyama e Hinata, o sorriso de Arthur se transformou em algo mais malicioso, mas, surpreendentemente, ele não disse nada. Talvez a briga da última vez tivesse o intimidado um pouco, ou talvez estivesse apenas esperando o momento certo para provocar. De qualquer forma, a tensão no ar era palpável.

Traços do Oriente | KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora