Traços do Oriente | KageHina

Irritação

  A luz da lua preenchia o quarto silencioso. O barulho de suas respirações era a única coisa que podia ser ouvida. Kageyama e Hinata dormiam de conchinha, envoltos por um carinho mútuo. O ruivo cochilava tranquilamente, em contrapartida, Tobio não conseguia fechar os olhos. Saber que, mais cedo, Hinata estava pronto para dar o próximo passo, assustava Kageyama, mas, ao mesmo tempo, o instigava. O ruivo estava falando a verdade? Se for ver pelo teor das falas e gestos, com certeza, porém, algo no moreno o impedia de acreditar. Foi feito de bobo tantas vezes que não conseguia confiar nas pessoas.

— Que ideia de merda... – Murmurou para si, enquanto passava a mão no rosto.

  Por que justo um motel? Foi muito burro sugerindo aquele local para passarem a noite, um lugar cheio de provocações e com clima erótico. Era só falar para irem em algum hotel, mas sua mente não conseguiu funcionar direito naquele momento.

  Hinata se mexeu na cama, esfregando seu quadril na virilha de Kageyama. Estavam em um motel dormindo de conchinha, o moreno sentindo apenas a bunda de Shōyō roçando em seu colo, como se tivesse o provocando. Mas como poderia? Tobio conseguia ouvir o ronco baixo do ruivo, eram somente gestos inconscientes.

  O calor começou a preencher a cama, arrepiando o corpo de Kageyama. Ele sentia seu membro crescer gradualmente, enquanto sua extensão esquentava. O ruivo tinha a mania ridícula de dormir sem camisa, apenas de bermuda e tocar a pele fervente de Shōyō só piorava a situação. Ele se levantou rapidamente, tentando controlar o turbilhão de emoções que explodiam dentro dele.

Aquele gesto brusco acabou acordando o ruivo que estava sem entender o motivo de Kageyama estar tão agitado. Ele coçou os olhos para ver melhor o moreno e se sentou na cama.

— O que foi? Vem dormir. – Shōyō murmurou com a voz rouca.

— Não consigo. – Kageyama bufou.

— O que te incomoda tanto?

— Você! Você me incomoda. – Tobio passou a mão no rosto e se sentou de volta na cama — Você, seu corpo, sua bunda, seus braços, sua respiração... tudo me incomoda.

  Hinata riu baixo e se aproximou com um sorriso malicioso. Ele sabia do que se tratava e achava muito fofo como Kageyama não conseguia lidar com aquilo.

— Vem dormir, gatinho. Depois a gente resolve isso. – O ruivo passou a mão no braço dele como fazia todas as vezes.

— Não consigo! Eu não consigo descansar sabendo que você está quase pelado do meu lado.

Hinata levantou uma sobrancelha, achando graça da reação de Kageyama. Ele adorava provocar, mas sempre sabia quando era a hora de parar. O ruivo suspirou, ainda com um sorriso nos lábios, e se inclinou mais perto, passando a mão pelos cabelos bagunçados de Tobio.

— Você tá sempre assim, né? Todo durão, mas basta eu chegar perto que você fica assim... todo agitado. – Ele deu uma risada suave, mas não tinha malícia em seu tom — Titi, relaxa. Não precisa ficar tão tenso, eu não vou forçar nada.

Kageyama desviou o olhar, ainda lutando contra o próprio desejo e a confusão de sentimentos. Ele sabia que Hinata estava sendo compreensivo, mas a proximidade deles, a forma como o ruivo lidava com tudo de maneira tão casual e leve, o fazia sentir-se ainda mais frustrado.

— Não é só isso... – Kageyama finalmente murmurou, tentando colocar em palavras o que sentia — Eu quero, mas... tenho medo, sei lá. E se você não gostar?

  Hinata inclinou a cabeça, a expressão suavizando. Ele não queria que Kageyama se sentisse pressionado, e muito menos desconfortável. Ele se aproximou mais, agora com um olhar mais compreensivo do que provocador, e segurou a mão de Tobio, entrelaçando seus dedos com os dele.