Tensão

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— S-se eu ficasse com outras pessoas, você ficaria bravo? – Kageyama questionou sem olhar diretamente para o ruivo.

  Hinata franziu o cenho, tentando entender o motivo da pergunta. Ele morria de ciúmes do moreno, mas não namoravam oficialmente, apenas ficavam. Seria injusto dizer que sim, mas mentira dizer que não.

  Depois da noite passada, Kageyama se sentiu muito culpado. Teve um beijo muito quente com Kei e outro um pouco desagradável com Mariana. O loiro insistiu que Hinata já tinha ficado com várias pessoas desde que eles começaram a se envolver, mas isso não diminuía sua culpa. Pelo menos sua sexualidade não era seu maior problema agora, só que Hinata bravo ou chateado poderia ser.

— Eu... eu não gostaria. – Ele forçou um riso — Mas a gente não namora, então fica com quem quiser, Kageyama. – Shōyō deu de ombros e ligou o celular, pronto para desviar a atenção do moreno.

  Kageyama sabia que o ruivo ficaria chateado, principalmente se soubesse sobre Tsukishima. Ele gostava do loiro, mas saber que Tobio o beijou fervorosamente não era uma boa notícia. Kageyama sentiu o estômago revirar ao ouvir a resposta de Hinata. O tom casual que o ruivo usava era claramente uma fachada, e ele sabia disso. Não era apenas culpa, era medo de perder Hinata. Depois da noite anterior, ele percebeu que, por mais que experimentasse com outras pessoas, ninguém o fazia sentir o que sentia por Shōyō.

— Não é assim tão simples... – Kageyama começou, a voz vacilando enquanto tentava encontrar as palavras certas — Eu não quero ficar com outras pessoas. Eu... eu só fiquei confuso, mas eu sei o que eu quero.

Hinata, ainda focado no celular, ergueu o olhar devagar, os olhos brilhando com uma mistura de curiosidade e ceticismo.

— E o que você quer? – Ele perguntou, a voz mais suave, mas carregada de uma ansiedade que tentava esconder.

Kageyama respirou fundo, sentindo o coração bater forte no peito. Ele sabia que precisava ser honesto, não só com Hinata, mas consigo mesmo.

— Eu quero você. Só você.

Hinata ficou em silêncio por alguns segundos, processando o que Tobio acabara de dizer. Ele podia sentir a sinceridade nas palavras do moreno, e por mais que ainda estivesse chateado, também não podia negar o que sentia por ele.

— Então prova. – Hinata disse, quebrando o silêncio com um sorriso pequeno e desafiador — Me mostra que você realmente quer isso.

Kageyama assentiu, determinado a não deixar dúvidas dessa vez.

— Mas, por que começou com esse papo? Não estou gostando, Tobio. – Hinata cruzou os braços e olhou fundo em seus olhos.

Aquela cena fez a pressão de Kageyama despencar. Ao julgar pela expressão do ruivo, estaria fodidamente fodido se ele descobrisse. Kageyama engoliu seco, tentando encontrar as palavras certa para não parecer um imbecil incapaz de falar sem gaguejar.

— Nada! – Ele quase gritou — Eu... eu só fiquei curioso.

Hinata franziu o cenho, ainda desconfiado, mas ignorou seu pressentimento, suavizando sua expressão.

— Tudo bem, confio em você, Titi. – O ruivo abriu um sorriso enorme, quase desmaiando Kageyama — Não tem porquê esconder nada, né?

  Kageyama sentiu o peso da culpa apertar ainda mais seu peito ao ver o sorriso de Hinata. O ruivo confiava nele cegamente, e aquilo só tornava tudo mais difícil. Ele abriu a boca para responder, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Não queria mentir, mas também não tinha coragem de contar a verdade sobre o que aconteceu com Tsukishima e Mariana.

Traços do Oriente | KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora