Ciúmes

56 10 9
                                    

Kageyama estava sentado no chão de seu quarto, tocando sua guitarra nova, uma Fender American Professional Stratocaster. Seu pai havia lhe dado na tentativa de fazê-lo voltar para o Japão, mas não houve sucesso. O homem queria que Tobio assumisse sua empresa a todo custo, mas ele não queria aquilo e seu pai odiava a ideia de ter Luísa cuidando das coisas.

O moreno sequer saiu do quarto naquele dia, pois precisava terminar um trabalho importante e, após finalizar, pegou sua guitarra. Ele já tinha uma banda completa e sairia para ensaiar com eles em alguns minutos. Por hora, ficaria ali quieto apenas tocando algo aleatório. Kageyama estava tão imerso no som da sua guitarra que nem percebeu o tempo passar. Ele adorava aquele instrumento novo, e cada nota parecia fluir perfeitamente de seus dedos. Mesmo com a pressão do pai para voltar ao Japão e assumir a empresa, ali, com sua guitarra, tudo ficava em segundo plano.

  Hinata, que estava na sala, jogado no sofá, percebeu que Tobio não tinha descido o dia todo. Ele sabia que o moreno estava ocupado com trabalhos, mas também sabia que Kageyama não passava tanto tempo isolado assim. Curioso, o ruivo se levantou e subiu as escadas, batendo na porta do quarto.

— Titi, o que você tá fazendo aí trancado? – Ele perguntou, com o tom brincalhão de sempre.

— Só tocando um pouco. – Kageyama respondeu sem muito entusiasmo.

  Hinata abriu a porta sem cerimônia e encontrou Kageyama sentado no chão com a guitarra nas mãos, a expressão serena enquanto tocava.

— Ah, é sua banda, né? – O ruivo se aproximou, interessado — Vocês vão ensaiar hoje?

— É, daqui a pouco. – Kageyama disse, olhando para o relógio antes de colocar a guitarra de volta no suporte e se levantar.

— E por que não me chamou pra ver? – Hinata perguntou com uma leve provocação, cruzando os braços.

  Kageyama apenas deu um sorriso pequeno, aquele típico dele, e foi em direção à porta.

— Eu já vou descer pra pegar minhas coisas... eles devem estar chegando.

  Hinata sentiu uma pontada de curiosidade — e talvez um pouco de ciúme — ao ouvir aquilo. Quem eram esses caras com quem Kageyama ensaiava? Ele nunca tinha perguntado, e agora queria saber mais.

  Quando Tobio desceu, três rapazes estavam esperando na porta que foi aberta pelo moreno. Dois deles eram simpáticos, com sorrisos largos e uma energia animada. O terceiro era mais reservado, com uma postura séria, mas ainda assim parecia gentil.

— E aí, Kage! – Um dos rapazes disse, o sorriso fácil iluminando o rosto — Pronto pra mais um ensaio?

— E aí, pessoal. – Kageyama cumprimentou de volta, pegando a mochila com seus pedais e cabos.

  Hinata desceu logo depois, observando de longe. O ruivo tentou disfarçar, mas era óbvio o quanto ele estava curioso e, pra ser sincero, um pouco enciumado.

— Você deve ser o famoso Hinata, né? – O segundo rapaz disse, sorrindo de maneira simpática, estendendo a mão.

— Ah, sou eu sim. – Hinata apertou a mão dele, tentando não demonstrar o ciúme que estava começando a sentir.

  O terceiro, o mais fechado, deu um leve aceno com a cabeça.

— Prazer. – Ele murmurou, com uma voz baixa e gentil.

  Hinata não podia negar: os três eram bonitos. E ver Kageyama tão à vontade com eles o deixava meio inquieto.

— Eu sou Henrique, esse é meu irmãozinho João Pedro. – O primeiro rapaz bagunçou o cabelo do terceiro — E esse é o Gabriel.

Traços do Oriente | KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora