Impulso

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  A mãe de Kageyama preparou um lanche para os dois e os deixou na sala sozinhos. Hinata estava cansado de jogar videogame, não costumava ficar em casa, mas Kageyama parecia bem à vontade. O ruivo não queria mais ficar na sala, gostaria de explorar o condomínio do amigo, ver o quarto dele, conhecer os garotos que Tobio tanto reclamava, mas não poderia dar nenhuma dessas ideias. Kageyama percebeu o desconforto do ruivo, estava analisando sua expressão desde que Hinata começou a jogar.

— O que foi? – Ele perguntou, trazendo a atenção de Shōyō.

— Ahn? Ah, nada. Só estou cansado de videogame. – Hinata largou o controle e desviou o olhar de Kageyama.

— Quer comer alguma coisa? Eu sei que você gosta de jantar.

— Não precisa! Eu tô bem, relaxa. – O ruivo sorriu do mesmo jeito simpático de sempre. Estava com a barriga revirada de fome, mas não falaria para Tobio.

— Vou pedir pizza. – Kageyama disse, decidido — Qual você gosta?

— Frango com catupiry. – Murmurou Shōyō, um pouco envergonhado.

— Daqui uns 40 minutos já chega, quer tomar banho antes de comer?

— Ah, por que está me tratando igual criança? – Hinata se encolheu no sofá, com as bochechas vermelhas e um biquinho nos lábios.

Kageyama riu e apertou a bochecha de Shōyō, deixando o garoto mais irritado. Era mais velho, ele quem deveria tratar Tobio desse jeito, mas o moreno era muito mais maduro. Kageyama achou a reação de Hinata adorável, o que o fez rir ainda mais. Ele sabia que o ruivo ficava envergonhado quando era tratado com tanto cuidado, mas não conseguia evitar. Era algo natural para ele, ainda mais porque gostava de cuidar de quem era importante.

— Você pode ser mais velho, mas às vezes parece um moleque. – Kageyama provocou, tentando manter o tom descontraído.

— Ei! Não exagera! – Hinata fez um gesto de indignação, cruzando os braços e virando o rosto.

  Kageyama balançou a cabeça, ainda rindo, e se levantou.

— Então vamos. Vou te mostrar meu quarto enquanto a pizza não chega. Aposto que você vai querer mexer nas minhas coisas. – Ele falou, já caminhando em direção ao corredor.

  Hinata saltou do sofá, a curiosidade tomando conta dele. Finalmente, ele ia conhecer o quarto de Kageyama! Era uma parte do amigo que ele ainda não tinha visto, e isso o deixava animado.

  Quando chegaram ao quarto, Kageyama abriu a porta e deu passagem para Hinata entrar primeiro. O ruivo deu uma olhada geral no espaço: era organizado, com prateleiras cheias de livros, uma mesa com vários cadernos e materiais de estudo, e, claro, muitos cds e pôsteres nas paredes. Tinha um rádio velho em cima da cômoda e alguns discos de vinil no chão.

— Uau, seu quarto é bem a sua cara mesmo, todo arrumado. – Hinata comentou, caminhando pelo espaço enquanto analisava tudo com curiosidade.

— E o seu, como é? Todo bagunçado? – Kageyama brincou, se encostando na parede e observando Hinata explorar cada canto.

— Mais ou menos. – Shōyō deu de ombros, rindo — Mas não tão arrumado quanto o seu, definitivamente.

  Enquanto Hinata observava o cômodo, ele se virou para Kageyama com um brilho no olhar.

— Você já tocou pra alguém antes? – Perguntou, genuinamente curioso.

  Kageyama hesitou por um segundo, pensando na pergunta. A verdade era que ele raramente tocava para outras pessoas. A guitarra era algo íntimo para ele, quase uma extensão de si mesmo. Mas, ao ver o olhar de expectativa de Hinata, ele sentiu que talvez fosse diferente com ele.

Traços do Oriente | KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora