capítulo 8.

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antes de começar, recomendo que escute
(matilda - harry styles.)
boa leitura.

Aniversário de 11 anos.

A menina estava parada no corredor escuro; não sabia se o pai queria que ela fosse notada. Ela ficou sozinha em casa por algum tempo naquela noite, e se sentia mais segura assim. A mocinha tinha certeza de que o pai voltaria para casa bêbado, porque era isso que o passado lhe havia ensinado, O que ela não tinha certeza era de qual versão bêbada de seu pai entraria pela porta da frente dessa vez.
As vezes, ele era brincalhão, outras, extremamente cruel. As vezes era tão cruel que a menina fechava os olhos à noite e se convencia de que as atitudes do homem bêbado eram invenção da sua cabeça, pois o pai não poderia ser tão frio. A garota dizia a si mesma que nenhuma pessoa poderia odiar tanto alguém do próprio sangue — mesmo sob o efeito do álcool. No entanto, a verdade era que, às vezes, aqueles que mais amávamos eram os monstros que nos colocavam para dormir.

Venha aqui, filha. — chamou o homem, fazendo a menina se sentir importante. Ela correu até a sala onde o pai estava com uma mulher. O homem sorria, as mãos da mulher entrelaçadas nas dele.

— Essa é a Rebecca — disse, com um brilho nos olhos, quase radiante.

A mulher era linda, os cabelos castanhos caindo sobre os ombros. O nariz era fino e combinava perfeitamente com os grandes olhos, também castanhos. Seus lábios eram carnudos e pintados de vermelho e, quando sorria, fazia a menina se lembrar da mãe.

— Olá — disse Rebecca com suavidade, a voz repleta de ternura e insegurança. Ela estendeu a mão na direcção da garotinha — É maravilhoso finalmente poder conhecê-la.

A garota manteve a distância, sem saber o que dizer ou sentir.

— Bem, aperte a mão dela - repreendeu o pai. - Diga olá, filha.

— Olá. — sussurrou a garota, como se estivesse
preocupada em cair em uma armadilha do próprio pai.

— Rebecca será a minha nova esposa, sua nova mãe.

— Eu já tenho uma mãe - retrucou a menina, a voz mais alta do que pretendia. Ela pigarreou e voltou a sussurrar. - Eu tenho mãe.

— Não - corrigiu o pai. - Ela nos deixou.

— Ela deixou você. Porque você é um bêbado!

A menina sabia que não deveria ter dito aquilo, mas também sabia o quanto o seu coração doía ao pensar que a mãe a havia abandonado, a havia largado com o monstro. Sua mãe a amava, ela tinha certeza disso. Mas, um dia, ela ficou muito assustada e o medo a fez fugir.

Ela sempre se perguntava se ela havia se dado conta de que a tinha deixado para trás. Ela sempre rezava para que, algum dia, ela voltasse.

O pai se empertigou e cerrou os punhos. Quando estava prestes a repreender a filha malcriada, Rebecca colocou a mão sobre o ombro dele, acalmando-o. — Está tudo bem. Essa é uma situação nova para todos nós - disse ela, passando a mão nas costas da menina.

— Não estou aqui para substituir sua mãe. Sei o quanto ela significa para você, e não é o meu desejo tomar o lugar dela. Mas espero que, um dia, de alguma maneira, você encontre um lugar no seu coração para mim também, porque assim são os corações. Quando você pensa que eles estão completamente preenchidos, de alguma forma, você encontra um espacinho para um pouquinho mais de amor. — A garotinha permaneceu em silêncio, novamente sem saber o que dizer. Ela ainda podia ver a raiva nos olhos do pai, mas alguma coisa no toque de Rebecca o mantinha calmo. Ela parecia ser a bela que, de algum modo, domou a fera. Apenas por essa razão, a menina desejou secretamente que ela ficasse com eles naquela noite e, quem sabe, durante a manhã também.

A Força que Nos Atrai - Malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora