capítulo 2

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Carla Maraisa.

— Aqui jaz Mari Joy Palmer, doadora de amor, paz e felicidade. A forma como deixou o mundo foi vergonhosa.

Uma morte inesperada, indescritível e mais dolorosa do que jamais pensei que seria. - Encarei o corpo imóvel de Mari e enxuguei a nuca com uma toalhinha. O sol da manhã atravessava as janelas, e eu me esforçava para recuperar o fôlego.

- Morte por hot yoga. - Mari soltou um suspiro
profundo.

Eu ri.

Você tem que se levantar, Mari. Eles precisam preparar tudo para a próxima aula. - Estendi a mão em direção a minha irmã, que estava deitada sobre uma pequena poça de suor.

— Vamos!

— Vá sem mim - respondeu ela de forma dramática, balançando uma bandeirinha invisível. - Eu me rendo.

- Ah, não. Vamos. - Segurei-a pelos braços e a levantei, mas ela ofereceu resistência. - Você passou pela quimioterapia, Mari. Pode aguentar hot yoga.

- Não entendo. Achei que a loga servia para trazer equilíbrio e paz, não para me deixar encharcada de suor e com o cabelo nojento.

Sorri, olhando para seu cabelo, na altura dos ombros, todo bagunçado e preso num coque no topo da cabeça. Ela estava em remissão havia quase dois anos e, desde então, vivíamos nossas vidas intensamente, e isso incluía nossa floricultura.
Depois de um banho rápido no estúdio de ioga, seguimos para a rua. Quando sentimos o sol de verão em nossa pele, refletindo em nossos olhos, Mari grunhiu.

- Por que decidimos vir de bicicleta hoje? E por que fazemos ioga às seis da manhã?

- Porque nos preocupamos com a nossa saúde e nosso bem-estar e queremos ficar em forma - zombei. - Além disso, o carro está na oficina.

Ela revirou os olhos.

- É nesse momento que pegamos as bicicletas e seguimos para um café para comer donuts e croissants antes de irmos para o trabalho?

- Sim! - respondi ao tirar a tranca da bicicleta e subir nela.

- E por donuts e croissants você quer dizer...?

- Suco verde? Sim, isso mesmo.

Ela resmungou de novo, dessa vez mais alto.

- Eu gostava mais de você quando não estava nem aí para a saúde e seguia uma dieta rigorosa de doces e tacos.

Sorri e comecei a pedalar.

- Aposto que te venço na corrida.

Ganhei dela no percurso até o Delícias Naturais, é claro. Ao entrar, ela praticamente se atirou sobre o balcão.

- Sério, Maraisa. loga tudo bem, mas hot yoga? - Ela fez uma pausa, respirando fundo algumas vezes. - Hot yoga podia voltar para o inferno de onde veio para sofrer uma morte longa e dolorosa.
A atendente veio em nossa direção com um sorriso radiante.

- Olá, garotas! O que vão querer?

- Tequila, por favor - respondeu Mari, finalmente erguendo a cabeça da bancada. - Pode colocar em uma embalagem para viagem, se quiser. Assim eu posso tomar no caminho até o trabalho. A garçonete olhou para a minha irmã sem entender nada, e eu sorri.

A Força que Nos Atrai - Malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora