Carla Maraisa.
— Aqui jaz Mari Joy Palmer, doadora de amor, paz e felicidade. A forma como deixou o mundo foi vergonhosa.
Uma morte inesperada, indescritível e mais dolorosa do que jamais pensei que seria. - Encarei o corpo imóvel de Mari e enxuguei a nuca com uma toalhinha. O sol da manhã atravessava as janelas, e eu me esforçava para recuperar o fôlego.
- Morte por hot yoga. - Mari soltou um suspiro
profundo.Eu ri.
— Você tem que se levantar, Mari. Eles precisam preparar tudo para a próxima aula. - Estendi a mão em direção a minha irmã, que estava deitada sobre uma pequena poça de suor.
— Vamos!
— Vá sem mim - respondeu ela de forma dramática, balançando uma bandeirinha invisível. - Eu me rendo.
- Ah, não. Vamos. - Segurei-a pelos braços e a levantei, mas ela ofereceu resistência. - Você passou pela quimioterapia, Mari. Pode aguentar hot yoga.
- Não entendo. Achei que a loga servia para trazer equilíbrio e paz, não para me deixar encharcada de suor e com o cabelo nojento.
Sorri, olhando para seu cabelo, na altura dos ombros, todo bagunçado e preso num coque no topo da cabeça. Ela estava em remissão havia quase dois anos e, desde então, vivíamos nossas vidas intensamente, e isso incluía nossa floricultura.
Depois de um banho rápido no estúdio de ioga, seguimos para a rua. Quando sentimos o sol de verão em nossa pele, refletindo em nossos olhos, Mari grunhiu.- Por que decidimos vir de bicicleta hoje? E por que fazemos ioga às seis da manhã?
- Porque nos preocupamos com a nossa saúde e nosso bem-estar e queremos ficar em forma - zombei. - Além disso, o carro está na oficina.
Ela revirou os olhos.
- É nesse momento que pegamos as bicicletas e seguimos para um café para comer donuts e croissants antes de irmos para o trabalho?
- Sim! - respondi ao tirar a tranca da bicicleta e subir nela.
- E por donuts e croissants você quer dizer...?
- Suco verde? Sim, isso mesmo.
Ela resmungou de novo, dessa vez mais alto.
- Eu gostava mais de você quando não estava nem aí para a saúde e seguia uma dieta rigorosa de doces e tacos.
Sorri e comecei a pedalar.
- Aposto que te venço na corrida.
Ganhei dela no percurso até o Delícias Naturais, é claro. Ao entrar, ela praticamente se atirou sobre o balcão.
- Sério, Maraisa. loga tudo bem, mas hot yoga? - Ela fez uma pausa, respirando fundo algumas vezes. - Hot yoga podia voltar para o inferno de onde veio para sofrer uma morte longa e dolorosa.
A atendente veio em nossa direção com um sorriso radiante.- Olá, garotas! O que vão querer?
- Tequila, por favor - respondeu Mari, finalmente erguendo a cabeça da bancada. - Pode colocar em uma embalagem para viagem, se quiser. Assim eu posso tomar no caminho até o trabalho. A garçonete olhou para a minha irmã sem entender nada, e eu sorri.
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A Força que Nos Atrai - Malila.
RomansaMarília e Maraisa não foram feitas uma para a outra. Mas é impossível resistir à atração que as une. Marília Mendonça é uma escritora atormentada, com o coração fechado para o mundo. Casada com Cecília, um relacionamento sem amor, ela vê sua vida vi...