capítulo 25.

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Carla Maraisa.
˚.

Não sabíamos como agir uma com a outra depois do primeiro beijo. Nossa situação fugia ao padrão quando se tratava de construir relacionamentos. Fizemos tudo ao contrário. Eu me apaixonei por uma mulher antes do nosso primeiro beijo, e ela se apaixonou por uma mulher que não podia ter. No nosso mundo de faz de conta, tínhamos uma conexão, e as batidas do nosso coração encontravam-se em perfeita harmonia, mas, no mundo real, a sociedade nos consideraria um terrível acidente do destino. Talvez fôssemos um acidente - um erro. Talvez nunca devêssemos ter cruzado o caminho uma da outra. Talvez Marília fosse só uma lição em minha vida, não algo permanente. Ainda assim, o jeito como ela me beijou... Foi como se o céu e o inferno colidissem, e cada escolha que fizemos fosse certa e errada ao mesmo tempo. Nós nos beijamos como se estivéssemos cometendo um erro e tomando a melhor decisão do mundo, tudo ao mesmo tempo. Os lábios dela me deixaram nas nuvens e, de alguma maneira, me lançaram em queda livre. Sua respiração fez meu coração bater mais rápido e, ao mesmo tempo, parar completamente.

Nosso amor era tudo de bom e ruim reunido em um só beijo. Uma parte de mim sabia que eu deveria me arrepender, mas o modo como os lábios de Marília aqueceram os recantos sombrios da minha alma... o modo como ela deixou sua marca em mim...
Eu nunca me arrependeria de estar com ela, de abraçá-la, mesmo que por poucos segundos.
Ela sempre faria com que os momentos que passamos juntas valessem a pena. Ela sempre faria com que a conexão que surgia entre nossas almas toda vez que nossos lábios se tocavam valesse a pena. Ela sempre seria a mulher com quem eu sonharia todas as noites. Marília sempre valeria a pena para mim. As vezes, o nosso coração anseia por um grande romance, mas o mundo só nos proporciona um pequeno conto. As vezes, quando queremos que algo dure para sempre, só temos alguns poucos segundos. E tudo o que estava ao meu alcance, tudo o que está ao alcance de qualquer um, era fazer com que cada momento valesse a pena. Depois que voltamos para casa naquela noite, não conversamos sobre o assunto. Nem na semana seguinte. Eu me concentrei em Sophia. Marília trabalhou em seu livro. Acredito que estávamos esperando o momento certo para falar, mas o problema com o momento certo é que ele nunca chegava. As vezes, é preciso saltar no escuro e torcer para não cair. Felizmente, numa tarde quente de sábado, Marília saltou no escuro.

— Foi bom, não foi? — perguntou, pegando-me de surpresa quando eu estava trocando a fralda de Sophia.

Virei um pouco a o vi parada na porta, olhando na minha direção.

— O que foi bom?

— O beijo. Você acha que foi bom?

Senti um frio na barriga ao terminar de trocar a fralda e pegar Sophia no colo.

— É, foi bom. Foi incrível.

Marília assentiu, chegando mais perto. A cada passo que ela dava, meu coração doía de expectativa.

— E o que mais? O que mais você achou?

— A verdade?

— Sim.

— Pensei que já tivesse me apaixonado antes. Que sabia o que era o amor. Achei que entendia suas curvas, ângulos e formas. Mas, então, eu beijei você.

— E? — Engoli em seco.

— E percebi que você foi a única que fez meu coração ganhar vida.

A Força que Nos Atrai - Malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora