capítulo 28.

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Marilia Mendonça
˚.

Maiara voltou no dia seguinte como se tivesse o direito de aparecer quando bem entendesse. Ela certamente guardava uma carta na manga, e eu odiava não saber qual era. Odiava a inquietação que eu sentia por ela ter voltado à cidade. Eu tinha certeza de que ela era capaz de qualquer coisa, mas o meu maior medo era que ela tentasse tirar Sophia de mim. Se eu sabia algo sobre Maiara era que ela era inteligente. E traiçoeira. Ninguém nunca sabia o que ela estava tramando, e isso me deixava com os nervos à flor da pele.

— Ela está aqui? — perguntou Maiara ao pisar no saguão. Seus olhos percorreram o espaço, e revirei os olhos.

— Não.

— Ótimo.

— Levou a Sophia para um passeio.

— O quê? — indagou ela, chocada. — Eu disse que não queria que Maraisa ficasse perto da minha filha.

— E eu disse que você não tem o direito de opinar sobre isso. O que está fazendo aqui, Maiara? O que você quer?

Houve um momento em que os olhos dela encontraram os meus. Ela não parecia em nada com a irmã. Não havia luz, apenas as íris escuras, sem qualquer emoção dentro delas. Mas a voz era a mais gentil que eu já havia ouvido.

— Quero a minha família de volta — sussurrou Maiara. — Quero você e Sophia de volta na minha vida.

Não podia acreditar na audácia dela. Maiara achava que poderia simplesmente voltar para nossas vidas como se não tivesse desaparecido durante um ano.

— Isso não vai acontecer. — Ela cerrou os punhos.

— Vai, sim. Sei que cometi um erro, mas quero consertar isso. Quero estar aqui pelo resto da vida dela. Eu mereço isso.

— Você não merece nada. Nada. Eu esperava que não precisassemos ir à justiça, mas se é assim que você quer, é assim que vai ser. Não tenho medo de lutar pela minha filha.

— Não faça isso, Marília. Você realmente não quer fazer isso — alertou ela, mas eu não me importava. — Sou advogada.

— Então vou enfrentar você.

— E eu vou vencer. E vou tirá-la de você. Vou levá-la para longe desse lugar, para longe de Maraisa.

— Por que você a odeia tanto? — explodi. — Ela é a melhor pessoa que já conheci.

— Então você precisa conhecer mais pessoas.

Eu sentia meu coração queimar só de pensar naquele monstro levando minha filha para longe de mim.

— Você não pode voltar e decidir que está pronta para ser mãe. Não é assim que funciona, e eu nunca vou deixar você fazer isso. Você não tem direito sobre ela, Maiara. Você não é nada para ela. É só um ser humano que abandonou uma criança por razões egoístas. Você não tem argumentos para levar minha filha para longe de mim, mesmo sendo advogada.

— Eu posso fazer isso — disse ela, confiante, mas percebi sua raiva crescente. — Não vou ficar parada enquanto vejo minha filha se transformar na pessoa que Maraisa é. — As palavras dela me enojavam. Eu odiava o jeito como ela falava, como se a irmã fosse um monstro. Como se Maraisa não tivesse me salvado de mim mesma. Como se ela não fosse nada além de um milagre.

A Força que Nos Atrai - Malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora