Capítulo 35:

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BILLIE

-- S/n, por favor, me escute... Se não por mim, por sua mãe... Nosso reino está perecendo -- Aldric implorou, a súplica em sua voz destoando da arrogância que normalmente associávamos a ele.

Senti S/n tensa atrás de mim, o peso das palavras dele batendo diretamente em suas emoções. Ele não estava apenas tentando apelar ao amor dela por ele, mas usando a preocupação que ela ainda nutria por sua mãe e pelo povo que um dia ela havia jurado proteger.

Mas ele não merecia essa compaixão. Não depois de tudo o que fez.

-- E de quem é a culpa por isso, Aldric? -- Minha voz estava cheia de desprezo enquanto o encarava. -- Você fez sua escolha quando renunciou à sua própria filha e desfez o vínculo que ela tinha com seu reino. Agora, vem aqui, usando o sofrimento da sua esposa e do seu povo como desculpa, esperando que S/n corra para salvar você de suas próprias falhas?

Eu senti S/n se mover um pouco atrás de mim, e sabia que ela estava lutando contra suas próprias emoções. Parte dela queria ajudar, eu podia ver isso. Mas ele havia destruído a confiança dela, e era meu dever proteger essa última fagulha de sua alma, a parte que ainda era capaz de se levantar.

-- S/n não deve nada a você -- continuei, minha voz baixa e cheia de autoridade. -- Ela não é mais sua filha, e você não tem o direito de pedir nada a ela.

Virei-me ligeiramente, colocando uma mão protetora no ombro dela, como se meu toque pudesse ajudá-la a encontrar força nas minhas palavras.

-- Se você realmente se importa com seu reino, Aldric, então conserte o que você quebrou com suas próprias mãos. Mas não espere que S/n, ou qualquer outra pessoa, conserte isso por você.

As mãos de S/n tocaram meu braço, e quando me virei para olhá-la, vi seus olhos marejados. Meu coração se partiu em mil pedaços ao ver a dor que ela estava sentindo. Tudo o que eu queria naquele momento era envolvê-la em meus braços, protegê-la de toda essa dor, abraçá-la até que o mundo voltasse a fazer sentido para ela.

-- Desejo-lhe um bom retorno, r-rei Aldric... Infelizmente, não há nada que eu possa fazer. Você é o rei e q-quem deveria ter o controle da situação -- sua voz saiu baixa, embargada, cheia de hesitação. Cada palavra parecia pesar como uma rocha em seu coração, e eu sabia que essa decisão estava destruindo-a por dentro.

Minha vontade era tirar S/n dali, longe de toda essa toxicidade, mas ao mesmo tempo, eu sabia que ela precisava enfrentar isso. Era parte do processo de cura, de entender que o poder e a responsabilidade de cuidar de si mesma estavam agora em suas mãos, não nas de Aldric.

Eu permaneci firme ao lado dela, apertando sua mão levemente em um gesto silencioso de apoio. O olhar de Aldric, que antes era suplicante, agora parecia abatido, como se finalmente percebesse que havia perdido algo que nunca poderia recuperar.

-- S/n... -- Aldric tentou novamente, mas sua voz parecia fraca, quase derrotada. Ele olhou para ela como se quisesse dizer algo mais, mas as palavras falharam, e tudo o que restou foi o silêncio pesado entre nós.

Eu sabia que isso a estava rasgando por dentro, mas S/n se manteve firme, sua respiração irregular denunciando o esforço que fazia para se controlar. Ela estava escolhendo seu próprio bem-estar, algo que, por muito tempo, havia negligenciado por causa do peso do dever e das expectativas dos outros.

-- Vamos sair daqui -- sussurrei para ela, inclinando-me para que apenas ela pudesse ouvir. S/n assentiu levemente, ainda sem desviar os olhos de Aldric, como se esse momento finalizasse um capítulo importante de sua vida.

Enquanto nos afastávamos, eu senti que a dor de S/n não seria curada tão facilmente, mas ela havia dado um passo importante. E eu estaria lá para cada passo seguinte, pronta para segurá-la quando ela precisasse, para amá-la como ela merecia, para garantir que ela nunca mais tivesse que enfrentar algo assim sozinha.

Assim que chegamos ao corredor, S/n finalmente cedeu à dor que estava segurando dentro de si. Suas lágrimas começaram a cair silenciosamente, cada uma delas carregando o peso da mágoa e rejeição. Sem pensar duas vezes, eu a envolvi em meus braços, segurando-a firmemente contra o meu peito.

Ela se aninhou em meu colo, como se estivesse buscando um refúgio, e eu a segurei com todo o cuidado do mundo, protegendo-a do que pudesse vir. Senti sua respiração trêmula contra meu pescoço, e cada soluço que escapava de seus lábios fazia meu coração apertar ainda mais. Eu precisava tirá-la dali, levá-la para um lugar onde pudesse se acalmar, onde não houvesse lembranças de Aldric para atormentá-la.

Com ela ainda nos meus braços, comecei a caminhar pelo corredor, procurando um lugar mais calmo e reservado no castelo. Não importava quanto tempo levasse para encontrar o lugar certo, eu sabia que S/n precisava de um espaço onde pudesse desabar sem medo, onde pudesse sentir-se segura.

Finalmente, encontrei uma pequena sala ao final de um corredor pouco movimentado. Era acolhedora, com cortinas suaves que filtravam a luz do sol e uma lareira apagada no canto. Entrei com cuidado e sentei-me em um sofá macio, mantendo S/n aninhada em meu colo. Ali, no silêncio confortável daquela sala, continuei a segurá-la, oferecendo o conforto e a segurança de que ela precisava enquanto suas lágrimas continuavam a fluir.

-- Estou aqui, morceguinha... -- murmurei suavemente, beijando o topo de sua cabeça. -- Eu estou aqui, e sempre estarei.

Eu sabia que as palavras não eram suficientes para curar o que ela estava sentindo, mas eram um lembrete de que, independentemente do que acontecesse, eu estaria ao lado dela, ajudando-a a carregar o peso de suas dores, até que ela estivesse pronta para seguir em frente.

-- Acha que eu... deveria ajudá-lo? -- S/n perguntou com a voz trêmula, seus olhos ainda marejados enquanto me olhava em busca de alguma orientação.

Eu a segurei um pouco mais apertado, sentindo a tensão em seu corpo enquanto ela lutava para processar tudo o que estava acontecendo. Sabia que essa decisão pesava profundamente em seu coração, e que, apesar de tudo, a ideia de abandonar seu reino e sua mãe a fazia se sentir dividida.

-- Eu sei que você quer ajudar, morceguinha -- comecei, escolhendo minhas palavras com cuidado. -- Mas também sei o quanto ele te magoou. Não é sua responsabilidade consertar os erros dele. O que importa é o que você quer, o que você sente que é certo para você. -- Beijei sua testa suavemente, tentando acalmá-la. -- Se decidir que quer ajudar, eu vou estar ao seu lado, não importa o que aconteça. Mas lembre-se, você tem o direito de escolher o que é melhor para você. Se o seu coração te diz para ajudar, então faremos isso juntos. Mas se você sente que não pode, ou não deve, essa também é uma escolha válida. O que importa é o que vai te trazer paz.

The Awakening Of Prophecies (Billie/You) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora