Capítulo 38:

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S/N

Em seis meses Patrick pretende passar a coroa. Já tem exatos três meses que estamos nessa missão de nos preparar para assumir o trono. A última vez que tive notícias de meus pais, foi quando mamãe me mandou uma carta dizendo que papai estava muito doente e que ele queria muito me ver. Eu recebi essa carta ontem pela manhã, e não tive tempo algum de conversar com Billie sobre isso. Ultimamente estamos nos vendo pouquíssimas vezes no dia. Geralmente ela sai antes mesmo que eu acorde e volta quando ja estou cedendo ao sono...

A situação estava me consumindo lentamente. Cada vez mais, eu sentia a distância crescer entre mim e Billie, apesar de estarmos sob o mesmo teto. A missão de nos prepararmos para assumir o trono estava exigindo tudo de nós, e o peso dessa responsabilidade parecia aumentar a cada dia. Eu entendia que Billie estava se dedicando inteiramente ao futuro do nosso reino, mas isso não tornava a situação menos dolorosa.

A carta da minha mãe chegou como um golpe inesperado. Meu pai, o homem que me renunciou, agora estava gravemente doente e desejava me ver. Eu me perguntava se deveria ir, se deveria atender ao seu pedido. Parte de mim sentia a obrigação de estar ao lado dele, mas outra parte estava paralisada pelo medo e pela mágoa. Não era uma decisão fácil, e a ausência de Billie, minha rocha, tornava tudo ainda mais complicado.

Na noite passada, tentei falar com ela sobre a carta. Fiquei esperando, lutando contra o sono, mas, quando ela finalmente entrou no quarto, estava exausta demais para uma conversa séria. Eu simplesmente a observei enquanto ela se preparava para dormir, desejando poder compartilhar meus sentimentos e receber algum conselho. Mas, em vez disso, acabei adormecendo sozinha com meus pensamentos, como vinha acontecendo ultimamente.

Agora, sentada à mesa com a carta nas mãos, eu me perguntava como contar a Billie. Será que ela entenderia? Será que teria tempo para me escutar? Senti um aperto no peito e respirei fundo, tentando acalmar meus nervos. Eu sabia que precisava falar com ela, mas o medo de sua reação me paralisava. A última coisa que eu queria era causar mais problemas ou preocupações para ela, mas ignorar a situação não era uma opção.

Decidi que, na próxima oportunidade que tivéssemos juntas, mesmo que fosse apenas por alguns minutos, eu falaria com ela. Eu precisava que ela soubesse o que estava acontecendo, e, mais do que isso, precisava de seu apoio, como sempre precisei. Mesmo que estivéssemos distantes fisicamente, eu sabia que o vínculo entre nós ainda era forte. Eu só esperava que isso fosse suficiente para atravessarmos mais esse desafio juntas.

(...)

-- Amor... -- Chamo por Billie pela manhã, enquanto observava ela arrumando-se para seu treino matinal, geralmente esse horário ela vai treinar luta.

-- Agora estou ocupada princesa... Tenho muito o que resolver hoje -- Ela diz rapidamente sem nem ao menos me da oportunidade de falar qualquer coisa.

-- Certo... Você tem coisas mais importantes no momento -- Respondo me levantando e caminhando em direção ao banheiro, fechando a porta e trancando-a em seguida

Assim que fechei a porta do banheiro, a sensação de frustração e tristeza me envolveu completamente. O eco das palavras de Billie ainda reverberava na minha mente: "Agora estou ocupada princesa... Tenho muito o que resolver hoje." Eu entendia a importância dos compromissos dela, mas isso não tornava a dor da rejeição menos intensa.

Apoiei-me contra a pia, olhando meu reflexo no espelho. Minha mente estava a mil, lembrando de todos os momentos em que tentei falar com Billie, em que tentei me conectar com ela, e de como, em todas as vezes, fui ignorada ou deixada de lado. Eu sabia que ela estava sob uma pressão enorme, mas estava começando a sentir que o espaço que havia entre nós estava se tornando insuportável.

The Awakening Of Prophecies (Billie/You) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora