BILLIE
A cada dia que passava, a natureza ao redor do reino parecia refletir a promessa do tratado de paz. A vegetação florescia novamente, e as plantações, antes devastadas, agora renasciam com força renovada. Parecia que o equilíbrio estava, aos poucos, sendo restaurado entre os dois reinos.
No entanto, essa renovação não era suficiente para acalmar o turbilhão de emoções que S/n carregava dentro de si. Inicialmente, ela mantinha uma faísca de esperança, acreditando que seu pai poderia reconsiderar suas palavras, que ele voltaria e retiraria a renúncia. Mas, conforme os dias se transformaram em uma semana, aquela esperança começou a desvanecer.
Ela se tornou mais silenciosa, seus olhos perdendo parte do brilho que sempre carregavam. Era doloroso vê-la assim, segurando a tristeza de um laço familiar que parecia ter sido rompido para sempre.
Eu fazia o possível para estar ao seu lado, apoiando-a em cada momento, mesmo que às vezes isso significasse simplesmente ficar em silêncio, segurando sua mão. S/n ainda mantinha a fachada de força, mas eu sabia que, por dentro, ela estava profundamente magoada.
Em uma dessas noites, enquanto estávamos deitadas lado a lado, percebi que ela não conseguia dormir. Virei-me para ela, entrelaçando nossos dedos.
-- Amor, você não precisa ser forte o tempo todo, sabe? -- sussurrei, olhando para ela. -- Estou aqui com você, e podemos enfrentar isso juntas, um dia de cada vez.
Ela se virou para mim, seus olhos carregando um peso que eu sabia que palavras não poderiam aliviar completamente. Mas mesmo assim, eu esperava que, com o tempo, ela encontrasse uma maneira de curar aquelas feridas.
(...)
Na manhã seguinte, estávamos ajudando as crianças na colheita das flores para um festival que papai decidiu fazer, em agradecimento a deusa da Lua por nossa colheita estar voltando a ser farta e forte como antes.
-- É verdade que você é uma vampira?-- um garotinho que estava ajudando S/n com as rosas, questiona.
-- Sim, é verdade... Mas não sou uma vampira malvada. -- minha companheira responde atenciosa, tirando alguns espinhos de uma das rosas, antes de entrar ao garotinho.
-- Você é bonita -- Ele diz parecendo um pouco envergonhado ao fazê-lo.
-- Tire os olhos, ela ja é minha companheira -- Digo brincalhona para o pequenino, enquanto me aproximo deles. Ele ri com minha fala, mostrando seu sorriso faltando um dentinho. -- Mas você tem razão, ela é bonita
-- Quando eu crescer, quero que a Deusa da lua me de uma companheira bonita igual a sua -- ele diz esperançoso
S/n sorriu calorosamente para o garoto, tocando levemente seu ombro.
-- Tenho certeza de que a Deusa da Lua vai te dar uma companheira maravilhosa, tão especial quanto você merece -- ela respondeu com gentileza, suas palavras carregadas de um carinho que derreteu o pequeno coração do menino.
Eu não pude deixar de rir suavemente, observando a interação entre eles. Era adorável ver como as crianças eram atraídas pela presença de S/n, sua doçura conquistando até os corações mais jovens. O garoto sorriu largamente, cheio de esperança, antes de voltar sua atenção para as rosas, agora ainda mais dedicado a escolher as melhores flores para o festival.
Enquanto continuávamos a colheita, percebi como S/n parecia mais leve naquele momento, o peso que ela carregava desde o afastamento do pai dando lugar a um brilho suave em seus olhos. A alegria inocente das crianças parecia contagiá-la, e por um breve instante, ela parecia quase esquecer as dores recentes.
Eu me aproximei e entrelacei meus dedos com os dela, oferecendo um sorriso cúmplice.
-- Viu? Até as crianças conseguem perceber o quão especial você é -- murmurei, enquanto ela olhava para mim com um olhar afetuoso.
-- Acho que estou começando a acreditar nisso também -- ela respondeu, apertando minha mão levemente.
Aquele festival parecia ser mais do que apenas uma celebração da colheita; era uma oportunidade de renovação para todos nós, uma chance de recomeçar e deixar para trás as dores do passado. E, por mais que o caminho ainda fosse incerto, naquele momento, ao lado de S/n, eu sentia que tudo estava exatamente onde deveria estar.
Uma garotinha se aproxima chorosa, no mesmo instante o garoto que estava conosco pareceu entrar em alerta.
-- Eu fiz um dodoi -- a garotinha me informa, mostrando seu joelho ralado.
-- Eu sei fazer uma mágica -- S/n diz, atraindo a atenção e a curiosidade da pequenina. Eu estava ciente da magia que S/n tinha, o que não seria muita surpresa para mim, mas para os pequeninos era algo completamente novo
-- Uma mágica?-- a garota questiona secando suas lágrimas.
-- Sim... Olhe... -- S/n coloca uma de suas mãos sobre o joelho ralado -- Respira fundo e conta até três
-- Um, Dois, Três!-- a garota segue as instruções de S/n, e quando minha companheira tira a mão de seu joelhinho, o machucado havia desaparecido por completo
Os olhos da garotinha se arregalaram de surpresa e admiração ao ver o machucado desaparecer. Ela olhou para S/n como se tivesse acabado de testemunhar o impossível.
-- Uau! Você é mesmo uma fada! -- ela exclamou, agora com um sorriso brilhante no rosto.
O garotinho ao lado também ficou impressionado, olhando para S/n com respeito renovado.
-- Eu disse que ela é especial -- comentei, lançando um olhar orgulhoso para S/n.
A garotinha abraçou S/n rapidamente, ainda deslumbrada pela "mágica". Foi um momento de pura alegria e inocência, algo que parecia aliviar um pouco o peso das últimas semanas. Ver as crianças tão felizes trouxe uma sensação de esperança, como se, aos poucos, as coisas estivessem voltando ao normal, ou talvez, a um novo tipo de normal, onde a paz e o amor pudessem finalmente florescer.
Quando chegamos ao castelo naquela tarde, papai parecia orgulhoso.
-- Fiquei sabendo que estão falando muito bem de nossa futura rainha -- Ele diz olhando sorridente para S/n, minha companheira automaticamente fica com suas bochechas coradas e eu não consigo evitar sorrir
O sorriso de papai era sincero, algo que raramente víamos antes. Aquele momento parecia ser uma pequena vitória para nós, especialmente para S/n, que havia enfrentado tantos desafios para ser aceita.
-- É verdade, pai? -- perguntei, curiosa e feliz com a novidade.
-- Sim, as crianças estão encantadas com ela -- ele respondeu, seus olhos brilhando com orgulho. -- E não são só elas. Os anciãos também comentaram sobre como S/n trouxe um novo vigor ao reino. Parece que ela tem um toque especial.
S/n sorriu timidamente, suas bochechas ainda rosadas. Eu entrelacei nossos dedos, dando-lhe um leve aperto para mostrar meu apoio.
-- É porque ela é especial -- disse com carinho, olhando nos olhos dela.
-- E tem feito um ótimo trabalho ao lado da minha filha -- papai completou, olhando de mim para S/n. -- Estou feliz que tenha encontrado alguém assim para estar ao seu lado, Billie.
S/n sorriu para meu pai, agradecida pelo reconhecimento. Era um alívio ver que, pelo menos de um lado, ela estava sendo acolhida com carinho e respeito. Mesmo que o relacionamento com seu próprio pai ainda estivesse incerto, naquele momento, no meio do nosso lar, ela estava começando a encontrar a aceitação que tanto merecia.
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The Awakening Of Prophecies (Billie/You) G!P
FanfictionNos confins do tempo, quando a noite devora o dia, Ergue-se uma voz antiga, sussurrando segredos do além. Duas espécies nascidas da escuridão, eternas rivais no destino, Serão unidas pelo laço impossível, selando um poder incomparável. Quando a lua...