Capítulo 10:

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BILLIE

O silêncio no salão ficou ainda mais pesado após minhas palavras. Meu pai me olhou fixamente, os olhos cintilando com uma mistura de raiva e relutância. Podia ver a batalha interna que ele travava entre seu orgulho e a necessidade de proteger nosso povo.

-- Você fala como se fosse fácil, Billie -- ele disse finalmente, a voz baixa e controlada. -- Há razões pelas quais nunca confiamos nos vampiros. Eles são traiçoeiros, sempre buscando vantagens para si mesmos.

-- Eu entendo sua preocupação, pai -- respondi, tentando manter minha voz firme. -- Mas também sei que essa maldição é algo que não podemos lidar sozinhos. E se os vampiros também estão sofrendo, talvez possamos encontrar um terreno comum. Não temos escolha a não ser tentar.

Ele ficou em silêncio por um longo momento, então suspirou profundamente, parecendo envelhecer anos em segundos.

-- Muito bem -- disse finalmente. -- Se você acredita que essa é a única solução, eu permitirei que busque a ajuda dos vampiros. Mas tome cuidado, Billie. Não confie cegamente neles.

-- Eu sei, pai -- respondi, sentindo uma onda de alívio misturada com apreensão. -- Prometo ser cautelosa.

Com a aprovação relutante de meu pai, organizei uma pequena comitiva para viajar até o território dos vampiros. Claus, é claro, seria essencial nessa missão, ele geralmente fala bastante e torna a viagem menos curta e não permite tempo para pensar em coisas negativas. Também trouxe alguns guardas de confiança, pois sabia que a situação exigiria tanto diplomacia quanto força.

A viagem até o território dos vampiros foi tensa, cada ruído na floresta parecia amplificado pela nossa ansiedade. Quando finalmente cruzamos a fronteira, fomos recebidos por um grupo de guardas, suas expressões severas e vigilantes.

-- A partir daqui eu vou sozinha -- alerto aos meus soldados. Em seguida ergo minhas mãos para os guardas do castelo em sinal de paz -- Eu vim em paz... Preciso conversar com o rei e a rainha... É urgente

Os guardas vampiros me olharam com desconfiança, mas um deles, que parecia ser o líder, assentiu brevemente.

-- Acompanhe-me -- disse ele, a voz fria e controlada.

Caminhei com o guarda pela floresta escura, o silêncio pesado apenas quebrado pelo som de nossos passos. Finalmente, chegamos a uma grande estrutura de pedra, o castelo dos vampiros, que parecia emergir das sombras como uma extensão natural da floresta ao redor.

Fui levada para uma sala de audiências imponente, onde o rei e a rainha dos vampiros, sentados em tronos intricadamente esculpidos, aguardavam. S/n estava ao lado deles, a expressão séria mas curiosa.

-- Princesa Billie -- disse o rei, com uma voz profunda e ressonante. -- O que a traz ao nosso território, especialmente em tempos tão conturbados?

Inspirei profundamente antes de responder, mantendo meu tom firme e respeitoso.

-- Estamos enfrentando uma ameaça comum -- comecei. -- Uma maldição antiga está devastando nossas terras, e acredito que seus efeitos também estão sendo sentidos aqui. Precisamos unir nossas forças para enfrentá-la.

O rei e a rainha trocaram um olhar antes de voltar a atenção para mim.

-- Você tem provas desta maldição?-- perguntou a rainha, a voz dela suave mas cheia de autoridade.

-- Sim -- respondi, relatando tudo o que descobrimos na caverna: o altar, as inscrições arcanas, e a maldição que Lian havia encontrado. -- Isso não é algo que qualquer um de nós possa enfrentar sozinho. Precisamos trabalhar juntos para encontrar uma solução.

S/n deu um passo à frente, seus olhos fixos nos meus.

-- Eu confio em Billie -- disse ela. -- Se ela diz que essa maldição é real, então devemos ouvir.

O rei ponderou por um momento antes de se inclinar para frente.

-- Muito bem -- disse ele. -- Vamos discutir os detalhes de como podemos cooperar. Mas saiba, princesa, que a confiança deve ser conquistada. Estamos dispostos a colaborar, mas qualquer traição será paga com sangue.

Assenti, entendendo a gravidade de suas palavras.

-- Entendido. Vamos trabalhar juntos para salvar nossos reinos.

Com isso, começamos a discutir os próximos passos, unindo nossos conhecimentos e recursos para enfrentar a maldição que ameaçava a todos nós.

No dia seguinte, após os vampiros terem juntado todos os recursos e selecionado os melhores feiticeiros, estávamos prontos para partir.

-- Eu vou também -- S/n disse firme, parando à frente de seu pai.

-- Isso não é brincadeira, S/n. Volte para o seu quarto -- o rei disse, porém a garota parecia irredutível.

-- Se me permite... A princesa pode ser de grande ajuda, senhor -- um dos homens disse, um pouco hesitante. -- Mostre a eles...

S/n concordou minimamente, ainda um pouco hesitante. Por algum motivo, eu conseguia sentir exatamente o que ela estava sentindo, uma mistura de medo e determinação. De repente, a grande serpente se aproximou, indo diretamente até S/n. Seu pai parecia completamente chocado e desacreditado do que estava vendo.

-- A princesa pode ser a chave para isso... Ou, de alguma forma, ter a resposta para tudo -- o homem que havia se pronunciado disse novamente.

O rei vampiro olhou para S/n, sua expressão endurecendo, mas havia um lampejo de preocupação em seus olhos.

-- Muito bem -- disse ele finalmente. -- Mas você seguirá as ordens dos nossos feiticeiros e se manterá segura. Esta missão é perigosa.

S/n assentiu, determinada.

-- Entendido, pai. Eu sei dos riscos, mas isso é algo que eu preciso fazer.

Com isso, nosso grupo estava completo. Partimos, os vampiros e os lobisomens unidos por um objetivo comum. A viagem de volta para a caverna foi carregada de tensão, mas também de uma sensação de urgência compartilhada.

Ao chegarmos à entrada da caverna, os feiticeiros começaram a preparar suas proteções e feitiços de suporte. S/n, ao lado de sua serpente, parecia absorver cada detalhe do ambiente, seus olhos brilhando com uma mistura de medo e determinação.

-- Vamos precisar de toda a ajuda possível lá dentro -- disse um dos feiticeiros, dirigindo-se ao grupo. -- A magia antiga que encontramos aqui é poderosa e imprevisível.

Adentramos a caverna com cautela, a luz azulada dos cristais iluminando nosso caminho. Quando chegamos à câmara central, o altar e as inscrições arcanas pareciam ainda mais imponentes do que antes.

-- Está tudo aqui -- disse Lian, apontando para as inscrições na parede. -- A maldição e o altar.

Os feiticeiros começaram a analisar as inscrições e a preparar seus feitiços. S/n, por sua vez, se aproximou do altar, a serpente enrolada em seus ombros. Ela parecia concentrada, como se estivesse tentando decifrar algo.

-- Eu sinto... Algo familiar -- disse ela, sua voz baixa. -- Como se já tivesse visto isso antes.

-- Você acha que consegue ajudar a quebrar essa maldição?-- perguntei, me aproximando dela.

-- Eu não sei -- respondeu S/n, olhando para mim. -- Mas estou disposta a tentar. Temos que fazer isso juntos.

Com isso, começamos a trabalhar, unindo nossos esforços para enfrentar a maldição que ameaçava nossos reinos. A união dos lobisomens e dos vampiros, antes inimaginável, agora se tornava nossa única esperança de sobrevivência.

The Awakening Of Prophecies (Billie/You) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora