Capítulo 40:

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BILLIE

Quando fomos para o castelo, S/n e eu fomos guidas até o quarto, que acredito que era de S/n.

-- Não... Primeiro vamos conversar -- Ela diz quando me aproximo dela -- V-Você sabe que no momento em que encostar em mim, o vínculo me faz ceder. Então primeiro conversaremos

Quando S/n disse isso, senti um peso no peito. Ela estava certa, e eu sabia que, no estado em que ela estava, ceder ao vínculo seria inevitável. Mas eu também sabia que precisávamos conversar, que eu precisava escutar o que ela tinha a dizer, e ela merecia ser ouvida sem a influência do nosso vínculo.

Eu me afastei um pouco, respeitando seu pedido, e me sentei em uma cadeira próxima. Encarei-a com seriedade, esperando que ela começasse. Meu coração estava acelerado, uma mistura de culpa e preocupação me consumia. Eu estava pronta para ouvir o que ela tinha a dizer, mesmo que fosse difícil.

-- Tudo bem -- eu disse, tentando manter minha voz firme -- vamos conversar. O que você precisa me dizer, S/n?

-- Você disse que eu não estaria sozinha, que eu não carregaria isso sozinha... Que você estaria aqui para mim tanto quanto eu estou para você... M-Mas nos últimos meses você sempre diz estar ocupada, estar sem tempo e estar cansada quando eu preciso... Mas você nunca esta ocupada, cansada ou sem tempo quando é para você compartilhar suas frustrações, seus problemas, quando você quer... -- Ela diz sentando-se na cama -- Meu pai esteve morrendo nos últimos dias, e eu estive cansada, sobrecarregada e muito mal, mas eu tive tempo para você, tive tempo para te escutar, para tentar te ajudar...

Cada palavra dela me atingiu como uma lâmina afiada. S/n estava certa, e a dor em sua voz me deixou sem chão. Eu sabia que estava errada, que falhei em ser a parceira que prometi ser. Ver o quanto ela estava machucada, sobrecarregada, e ainda assim sempre tentando estar lá para mim, enquanto eu negligenciei suas necessidades, me fez sentir uma enorme vergonha.

Eu me levantei lentamente e fui até ela, parando a uma distância que respeitasse seu espaço.

-- S/n, eu... Eu falhei com você, e isso me mata por dentro -- minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia. -- Eu estive tão envolvida com as responsabilidades do trono, mas isso não é desculpa. Eu deveria ter estado ao seu lado, principalmente agora. Você perdeu seu pai, e eu... Eu não estava lá.

Me ajoelhei diante dela, segurando sua mão com cuidado, como se pudesse quebrá-la ainda mais se eu não fosse delicada.

-- Eu sinto muito, de verdade. Eu sei que não posso mudar o que aconteceu, mas estou aqui agora, e não vou mais te deixar enfrentar nada sozinha. Eu prometo, por nós, que isso vai mudar.

Eu olhei em seus olhos, esperando por sua resposta, sabendo que ela tinha todo o direito de estar magoada.

-- E... E se não mudar?-- pergunta insegura

A insegurança em sua voz partiu meu coração ainda mais. Eu segurei sua mão um pouco mais firme, tentando transmitir toda a sinceridade que eu sentia.

-- Vai mudar, S/n. Porque eu vou fazer isso acontecer. Eu deixei você na mão quando você mais precisava, e isso não pode acontecer de novo. Se por algum motivo eu falhar novamente, você tem todo o direito de me cobrar, de exigir que eu cumpra minha palavra. Mas eu vou lutar com todas as minhas forças para que isso não seja necessário. -- Eu me aproximei um pouco mais, sem soltar sua mão. -- Você é a pessoa mais importante na minha vida, e eu nunca mais quero que você se sinta sozinha, especialmente quando eu prometi estar ao seu lado. Por favor, acredite em mim, eu não vou desistir de nós. Agora eu posso te abraçar?... Sinto que meu lobo vai me matar se eu não fizer isso -- Digo baixo olhando-a em expectativa

S/n olhou para mim, e depois de um breve momento, ela assentiu, ainda com um pouco de hesitação nos olhos.

Eu me aproximei lentamente, tomando cuidado para não assustá-la ou fazer com que ela se sentisse pressionada. Quando nossos corpos finalmente se encontraram, senti o alívio de meu lobo percorrer cada fibra do meu ser. Eu a envolvi em meus braços, sentindo seu calor contra mim, e por um momento, tudo parecia estar no lugar.

-- Eu sinto muito, S/n -- murmurei contra seus cabelos, apertando-a um pouco mais. -- Nunca mais vou te deixar sentir que está sozinha. Eu estou aqui, e sempre estarei.

Ela não respondeu de imediato, mas a maneira como seus braços envolveram meu corpo e como sua cabeça repousou em meu peito me fez sentir que, talvez, estivéssemos começando a encontrar o caminho de volta uma para a outra.

Eu pego S/n em meus braços, sentindo o conforto de tê-la tão próxima. Com calma e cuidado, me sento na cama, encostando minha cama contra a cabeceira, ficando sentada de uma forma que seja confortável para S/n permanecer em meu colo. Com S/n aninhada em meus braços, senti uma onda de tranquilidade que há muito tempo não experimentava. O peso dela contra mim era um lembrete tangível de nossa conexão, algo que eu tinha deixado de lado nos últimos meses. Cuidadosamente, me ajeitei na cama, encostando minhas costas na cabeceira, de modo que ela pudesse se acomodar melhor em meu colo.

Acariciei suavemente suas costas, cada movimento sendo uma promessa silenciosa de que estaria presente de verdade daqui para frente. Sua respiração começou a se acalmar, e senti que aos poucos a tensão em seu corpo estava se dissipando. Eu a segurei mais firme, mas com gentileza, como se temesse que qualquer movimento brusco pudesse quebrar o momento.

-- Estou aqui, amor -- sussurrei. -- E não vou a lugar nenhum.

Era um passo pequeno, mas era o começo de algo novo, algo que eu sabia que precisávamos construir juntas. Nós acabamos adormecendo assim, envolvidas uma na outra, como se o mundo lá fora não pudesse nos alcançar. O silêncio do quarto era reconfortante, quebrado apenas pelo som suave de nossas respirações. O calor do corpo de S/n contra o meu, a segurança que senti ao tê-la tão próxima, trouxe uma paz que eu não sabia que precisava.

Por horas, o peso das responsabilidades e das preocupações simplesmente desapareceu. Não éramos herdeiras, não éramos parte de um reino em transição; éramos apenas duas almas, ligadas por algo muito mais forte do que qualquer coroa. E naquele momento, isso era tudo o que importava.

The Awakening Of Prophecies (Billie/You) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora