Capítulo 50:

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BILLIE

Eu observava S/n no altar, sua postura calma e acolhedora enquanto conduzia a cerimônia. A relação entre a corte e o povo do reino parecia tão próxima, algo que eu não estava acostumada a ver. Era como se a presença da rainha ali fosse parte do cotidiano de todos, algo esperado e bem-vindo.

O casal à sua frente parecia nervoso, mas ao mesmo tempo honrado. S/n falava com uma serenidade que acalmava os dois, e havia um certo brilho em seus olhos, como se ela realmente estivesse feliz por fazer parte desse momento. Isso me fez pensar sobre a tradição que ela tanto valorizava.

Mas o que ainda me intrigava era o tal "pacto de sangue". Eu não conseguia entender completamente como aquilo funcionava, embora S/n tivesse explicado de forma rápida. Era uma conexão que ia além do simples ritual de união. Ela mencionou algo sobre misturar o sangue como símbolo de um vínculo indissolúvel, mas a ideia me deixava um pouco confusa.

Mesmo assim, eu continuava observando. O ambiente parecia cheio de reverência, como se todos ali reconhecessem a importância desse momento. Me perguntei se algum dia eu estaria naquele altar ao lado de S/n, fazendo um pacto semelhante... e me senti estranhamente ansiosa, como se estivesse prestes a entrar nesse mundo de tradições ao qual ainda não pertencia completamente.

Eu observava S/n dar um passo à frente, seu olhar se voltando para o casal à sua frente. A postura dela se encheu de uma seriedade respeitosa, mas também de uma leveza que eu só via quando ela se conectava com o povo.

-- Hoje -- começou ela, com a voz suave, mas firme, -- celebramos mais do que uma união. Celebramos o amor que transcende todas as barreiras, que se fortalece nas dificuldades e floresce na confiança e na parceria. Vocês estão aqui, diante de mim, e de todos que testemunham, não apenas como dois indivíduos, mas como uma unidade, como almas que escolheram caminhar juntas.

Ela fez uma pausa, seu olhar se suavizando ainda mais ao ver a emoção nos olhos do casal.

-- O vínculo que vocês compartilham é sagrado, um laço que, assim como a vida, exige cuidado e devoção. Vocês se apoiarão nas alegrias e nas tristezas, crescerão juntos nas vitórias e nas perdas. E hoje, ao unirem suas vidas de forma indissolúvel, lembrem-se de que o amor é um pacto que se renova todos os dias, um compromisso de sempre escolher um ao outro.

Os olhos de S/n brilharam de emoção, e eu sentia o peso de suas palavras. Era como se, ao falar para o casal, ela estivesse, de alguma forma, falando para mim também.

Então, ela se virou para pegar um pequeno punhal, com lâmina delicadamente ornada.

-- O pacto de sangue é o símbolo final desta união. O sangue de vocês se mistura, representando que, a partir de hoje, vocês são uma só vida, uma só carne, uma só alma. Com esse pacto, declaro que nada, nem mesmo a morte, poderá romper o que foi unido aqui.

Ela fez um pequeno corte nas mãos dos noivos, permitindo que o sangue de ambos se encontrasse, misturando-se. Eles entrelaçaram as mãos, unindo o sangue de ambos em um gesto de profundidade quase palpável. O ar ao redor parecia vibrar com a intensidade do momento.

-- Que o sangue que compartilham fortaleça o amor que os une, e que nada, nem o tempo, nem as adversidades, possam quebrar esse pacto -- finalizou, sua voz carregada de uma emoção genuína.

A cerimônia foi simples, mas o impacto que deixou em mim foi profundo. O vínculo entre aquelas duas almas parecia tão sólido, tão inquebrável, e, por um momento, me perguntei se S/n estava pensando em nós quando falou.

-- O que achou?-- Pergunta assim que vem ate mim, as pessoas presentes estavam celebrando a recente união, alegres e alheias ao mundo externo.

-- Intenso... -- Digo e ela ri fraco.

-- É um pouco... -- Diz dando de ombros

-- Nossa cerimônia será igual?-- Pergunto e ela sorri de lado

-- Quer mesmo fazer isso?...

-- Quero, sim -- respondo, sem hesitar. A ideia parecia ter se enraizado em minha mente desde o momento em que a vi naquela cerimônia. -- Se isso significa estar completamente unida a você, então eu quero.

S/n sorriu de lado, aquele sorriso suave que me fazia sentir que tudo no mundo ficaria bem.

-- Nossa cerimônia pode ser assim, se é isso que você deseja -- ela respondeu, colocando a mão suavemente sobre a minha. -- Mas também podemos criar a nossa própria versão... Algo que seja especial para nós duas. Não precisa seguir todas as tradições.

Eu a encarei, absorvendo suas palavras. Criar algo nosso, que refletisse o que significávamos uma para a outra, parecia perfeito. Eu queria aquilo—algo que fosse um reflexo puro do amor que compartilhamos.

-- Então vamos fazer isso -- digo, decidida. -- Uma cerimônia só nossa, mas que tenha o pacto de sangue. Eu quero que o mundo todo saiba que somos uma só alma, uma só vida.

S/n me olhou com aqueles olhos de oceano brilhando de orgulho e amor.

-- Então está decidido -- ela disse, entrelaçando seus dedos nos meus. -- Vamos fazer a nossa união da maneira que você quiser.

-- Eu te amo morceguinha -- Digo e beijo seus lábios com ternura

-- Eu também te amo, lobinha -- S/n responde entre sorrisos, correspondendo ao beijo com a mesma ternura.

O momento pareceu durar uma eternidade, mas, ao mesmo tempo, foi breve e leve, como se o mundo ao nosso redor parasse por alguns instantes. Estar com ela, sentir seu toque e saber que em breve teríamos algo ainda mais profundo nos unindo, me enchia de uma felicidade que eu mal conseguia expressar.

Quando nos afastamos, nossos olhares ainda estavam fixos um no outro, como se apenas isso fosse suficiente para nos comunicar tudo que sentíamos.

-- Vamos celebrar isso direito em breve -- sussurro, acariciando seu rosto com o polegar.

S/n sorriu, concordando, e eu sabia que nossa união seria mais do que uma simples tradição. Seria o símbolo do que éramos uma para a outra, algo eterno.

(...)

-- Como funciona isso? Tipo, você e seu lobo? Você sabe o que ele pensa, faz e tudo mais, e ele tambem sabe o mesmo sobre você?-- S/n questiona brincando com os dedos de minha mão

-- É... meio complicado -- começo, tentando encontrar as palavras certas para explicar. -- Ele faz parte de mim, então, de certa forma, eu sempre sei o que ele quer ou sente. Mas, ao mesmo tempo, é como se ele fosse uma presença separada, com vontades próprias.

Olho para S/n enquanto ela continua brincando com meus dedos, e sorrio antes de continuar.

-- Quando ele assume o controle, como nas vezes em que você viu meus olhos completamente negros, ele age mais por instinto. Mas mesmo assim, eu ainda estou lá, em segundo plano, vendo tudo o que acontece... Sentindo o que ele sente. E ele sabe o que eu penso, meus medos, minhas inseguranças... É como se fôssemos dois, mas um ao mesmo tempo.

Eu respiro fundo, lembrando dos momentos em que meu lobo tomou a frente.

-- Ele é muito protetor quando se trata de você. Às vezes, até demais... -- sorrio de lado, lembrando dos ciúmes exagerados do meu lobo. -- Mas, no fundo, tudo o que ele quer é garantir que você esteja segura e que a gente fique junto.

-- Parece intenso... -- S/n comenta suavemente, ainda concentrada em brincar com meus dedos.

-- É. Mas eu não trocaria isso por nada. Afinal, ele também me ajuda a entender coisas sobre mim mesma que eu talvez ignorasse.

The Awakening Of Prophecies (Billie/You) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora