❛ 𝐓𝐑𝐔𝐄 𝐋𝐎𝐕𝐄 ❜ ፧ han seo-jun [²]

026. Harry, Peter e Steve.

Em certa manhã, Hyun-a e Seo-jun chegaram ao prédio de uma emissora de TV prestigiada, com uma aura quase cinematográfica. Dong-hae, como sempre focado, seguia à frente, analisando o tablet com sua típica expressão séria e, entre mensagens, conversava com a equipe de produção, resolvendo cada mínimo detalhe. Para ele, a agenda de Seo-jun era mais importante que a própria vida. Hyun-a, por outro lado, vinha logo atrás, quase como uma figura de fundo. Ela parecia desfilar no corredor mais como alguém que estava ali por um acaso do que a assistente pessoal de uma grande estrela da Coreia.

Assim que chegaram ao camarim, Seo-jun sentou-se na cadeira de maquiagem, se entregando à rotina de beleza imposta por seus cabeleireiros e maquiadores. Eles trabalhavam incansavelmente, como se a perfeição exigisse suor. Seo-jun, claro, parecia muito acostumado com isso ─ até gostava de toda a atenção, afinal. Contudo, o espelho à sua frente revelava uma cena que ele não podia ignorar. Do outro lado do camarim, em um canto, sentada casualmente em um puff, estava Hyun-a.

Ela estava com as pernas cruzadas, os braços cruzados e uma expressão que claramente dizia "isso aqui não é grande coisa". De tempos em tempos, ela olhava as unhas, como se quisesse certificar-se de que estavam mais interessantes que qualquer coisa ao redor. Em outros momentos, ela mordia o lábio inferior ─ gesto que tornava o batom vermelho ainda mais vibrante ─, e soltava suspiros tão ocasionais quanto desinteressados.

Seo-jun tentou não dar muita importância, mas o reflexo no espelho não mentia: toda vez que ele se olhava, lá estava ela, com aquela pose cheia de desdém que o desconcertava. Ele começou a perceber que estava... inquieto. Cada vez que tentava uma pose nova, se perguntava se talvez ela notasse, mas tudo que via era Hyun-a olhando para o nada, com um misto de tédio e ironia. Ele quis dar um leve sorriso, ou talvez uma piscadinha, quem sabe... mas qual era o ponto, se ela nem parecia ver? Aquela mulher estava realmente se provando impossível de decifrar.

Então é assim, huh?, pensou Seo-jun, ajeitando o colarinho enquanto a estilista finalizava o ajuste do casaco de marca. Ela acha que pode me ignorar? Ele riu consigo mesmo, sem perceber que Dong-hae estava observando com um olhar de estranheza. Eu sou Han Seo-jun!, ele repetia mentalmente, como se isso bastasse para quebrar a muralha de gelo de Hyun-a. No entanto, toda vez que olhava pelo reflexo, via o mesmo olhar aborrecido dela.

━━ Hyun-a noona, você está bem? ━━ ele soltou casualmente, tentando soar despreocupado. Era uma tentativa ─ velada, claro ─ de fazê-la reagir.

Hyun-a desviou o olhar das unhas e lançou-lhe um olhar preguiçoso. ━━ Eu estou ótima, Han Seo-jun. Está quase terminando? ━━ ela arqueou a sobrancelha e, em seguida, olhou de volta para o teto com um suspiro que claramente gritava "Por que isso está demorando tanto?".

Aquilo era... cruel. Ela não estava nem um pouco interessada, muito menos nervosa com ele. Na verdade, Seo-jun tinha certeza de que ela já se esqueceria de sua existência no minuto em que saísse dali. Aquilo o frustrou tanto que ele quase pensou em se ajoelhar ali mesmo e implorar por uma oportunidade ─ não para conquistá-la, mas para mostrar que ele poderia, sim, conquistá-la! Ele era Han Seo-jun, e ela não passava de uma simples mortal… ok, talvez uma mortal particularmente atraente e cheia de personalidade, mas ainda assim, mortal.