A Queda de Eros | Minsung

💘 09

A noite não estava bonita.

Pois é, nem sempre as histórias de amor são narradas em um belo cenário, mágico e apaixonante. Às vezes, a realidade dura e feia é tudo o que temos.

E essa era exatamente a realidade de Han Jisung e Lino naquele momento.

O céu estava completamente nublado, em um tom horrível de cinza escuro, com algumas manchas arroxeadas, que acusava fortemente uma chuva daquelas se aproximando da capital sul-coreana.

Não demorou muito até que alguns pingos grossos começassem a pintar o asfalto da avenida, causando uma certa movimentação repentina dos que ainda estavam pelas ruas.

Algumas pessoas passavam correndo pelas calçadas em direção aos pontos de ônibus ou até as estações de metrô.

Já outras, as que não desejavam encerrar mais cedo a tão aclamada noite de sexta-feira só por causa de uma chuvinha besta, entravam no primeiro CU que encontrassem pela frente para comprar um guarda-chuva ou até mesmo uma capa.

Tinham até as que se davam o luxo de pegar um táxi, e com isso, deixar que o belo taxímetro fizesse seu trabalho, assaltando na cara dura aqueles pobres passageiros.

Mas claro, também haviam as pessoas que não se importavam nem um pouco com o aviso dado pela natureza.

Mais especificamente, dois jovens.

Estes caminhavam tranquilamente pelas ruas de Hongdae, aparentemente, sem um destino traçado em mente. Apenas continuavam caminhando em linha reta, em um silêncio religioso, que para algumas pessoas poderia até ser um pouco desconfortável ou constrangedor, mas para aqueles dois não. Era perfeito para o que faziam naquele momento.

Enquanto os olhos curiosos de Lino brilhavam em fascínio pelas diversas faixadas chamativas dos muitos clubes, bares e boates presente naquela região, Han Jisung estava com o olhar perdido na imensidão da reta em sua frente. Mais uma vez com a mente afogada em tantos pensamentos, tão cheio de todos aqueles questionamentos e suposições, que começou a sentir uma leve dor de cabeça lhe incomodar.

Era o resultado por fritar tanto os seus pobres neurônios.

O motivo?

Ah, sim. O seu motivo tinha nome e sobrenome.

Aliás, mais de um nome.

E até um apelido.

Também tinha uma linda cabeleira rubra com madeixas sedosas, tal qual as de um comercial de shampoo.

Seu motivo também tinha braços fortes e um belo corpo escultural.

Seu motivo conseguia lhe roubar o fôlego apenas com um olhar e fazer com que seu coração batesse tão rápido quanto o de um atleta realizando uma prova de triatlo olímpico.

Seu motivo tinha o sorriso mais lindo da face da terra e também a risada mais satisfatória de todo o universo.

Seu motivo chegou em sua vida da forma mais aleatória possível e no momento mais conturbado também.

Mas poxa, como Han estava feliz por ter tido sua casa invadida na madrugada e o seu celular novinho destruído.

"Espera, o quê? Que diabos eu tô pensando?!..."

"Ele invadiu a minha casa e quebrou o meu celular! Se toca, Jisung!"

E naquele momento, ocupado demais em questionar a si mesmo dentro de sua própria mente, Han acabou não percebendo que Lino já não estava mais tão interessado assim pela grande movimentação das pessoas naquele bairro ou em como aqueles estabelecimentos pareciam realmente interessantes e chamativos.