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Sentado, no banco de trás ao banco do passageiro, no carro de Hyunjin, este que dirigia com Felix ao seu lado, segurando a sua mão livre do volante, enquanto riam, conversavam e cantavam um pouco das mais diversas músicas que tocavam aleatoriamente no bluetooth do veículo, Lino se ocupava em observar a paisagem passar em rajadas de vultos diante de seus olhos.

O verde vívido das plantações combinado ao azul aquarelado do céu cheio de nuvens, criava um contraste tão incrivelmente magnífico e lindo, que somado a voz tão suave e doce da cantora cantando Ocean Eyes naquele momento criavam a mais perfeita ambientação para lhe fazer se perder dentro de sua própria mente e viajar por algum período de tempo.

Ainda que tivesse prometido para si mesmo que evitaria ao máximo pensar em Jisung, para que pudesse focar no que realmente importava naquele momento, falhava constantemente. Era inevitável; insuportável; insuperável...

Han Jisung simplesmente não saia de sua mente por nem um minuto sequer. Estava tão grudado em si, como os resquícios da cola instantânea em seus dedos, após sua falha tentativa de consertar a peça que fora quebrada.

Não adiantava. Nada importava. Tudo lhe fazia lembrar dele.

Fossem os dedos entrelaçados do casal feliz e sorridente mais a frente, e a sua vontade súbita e eminente de querer poder fazer o mesmo com Jisung;

Ou a música que tocava, falando sobre alguém que não conseguia parar de encarar os tais olhos de oceano; o que coincidentemente lhe era a metáfora perfeita, uma vez que os olhos do Han soavam exatamente assim para si; tão intensos e profundos quanto as águas de um oceano, e mesmo assim, parecendo sempre tão desconhecido e perigoso, lhe faziam sentir vontade de mergulhar de uma vez, sem pensar, bem ali, bem de cabeça;

Pensando melhor, talvez fosse culpa do cheiro entorpecente e tão característico de sua pele, que estava impregnado no tecido de suas roupas, após passarem uma noite inteira adormecidos lado a lado.

Lino não sabia. Mas talvez fosse tudo isso. Tudo isso somado ao fato de que havia um buraco aberto, crescendo dentro do seu peito, e que continuava aumentando à medida em que os minutos passavam e Jisung não estava mais ao seu lado.

Isso começava a lhe sufocar, pouco a pouco, cada vez mais. E iria piorar, sabia disso. Estava ciente e desejava continuar. Não lhe restavam mais opções. Precisaria aprender a viver sem Jisung, ou pelo menos, sobreviver sem Jisung.

— Chegamos, Lino. — A voz de Felix soou carismática e terrivelmente animada.

Seus olhos voltaram a focalizar, se desembaçando, e seu cérebro o trouxe de volta dos devaneios em que havia imergido durante o trajeto que passou sem nem perceber.

A primeira imagem que viu foi a da fachada do orfanato o qual havia visitado anteriormente com Han. Suspirou pesadamente, sentindo novamente o poder de sua intuição lhe avisando que as respostas as quais buscava estavam ali.

Deveria estar animado também?

— Escuta... — Chamou ao sair do veículo e fechar a sua porta, atraindo a atenção do casal que já andava mais à frente de mãos dadas, indo em direção ao portão já antes conhecido por si. — Vocês se importariam em me deixar fazer isso sozinho? — Enfiou as mãos no bolso, dando de ombros e abaixando o olhar para fitar o seu par de all star. — Sei lá. Desculpa. Eu só sinto que preciso descobrir o que tiver para descobrir sozinho.

Felix sorriu ladino, compreensivo, soltando a mão de Hyunjin para voltar o caminho antes feito, indo na direção do ruivo.

— Não precisa se desculpar, Lino. É claro que a gente não se importa e entende perfeitamente. — Pousou uma mão em seu ombro. — Nós vamos dar uma volta por aí, pela ilha, e depois voltaremos para te buscar, tudo bem?

A Queda de Eros | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora