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O barulho dos talheres tocando os pratos de porcelana importada do restaurante italiano mais bem conceituado da Coréia, era o único presente dentro do espaço privado, e previamente reservado, em que Han Jisung estava acompanhado de seus pais e claro, de seu... Lino.

Era isso, não tinha um rótulo para dar. Não possuía uma nomenclatura que pudesse definir corretamente àquele ruivo sentado ao seu lado, de olhar afiado e desconfiado para os mais velhos à frente que lhe deram a vida.

O maior problema era exatamente aquele. Enquanto comiam, era como se todos ali tivessem entrado em um comum acordo sobre não falar sobre o grande elefante rosa fluorescente no meio da sala.

Como Han explicaria aos seus pais quem era o ruivo que encontraram descendo as escadas que levavam até o seu quarto, com os cabelos desgrenhados, os lábios vermelhos inchados e um volume suspeito demais marcando sua calça jeans?

O casal recém-chegado dos Estados Unidos não tivera lá a melhor das impressões quanto àquele desconhecido, que estranhamente desde o começo lhes encarou como se soubesse de todos os seus pecados mais sujos e obscuros. Estavam curiosos e levemente preocupados. Toda via, jamais deixariam que tais coisas os fizessem se esquecer dos bons modos.

Ou pelo menos, era o que o pai de Han pensava.

— Então... — O pai de Han pigarreou, pousando delicadamente os talheres sobre seu prato, antes de dirigir o olhar à Lino. — É... Lino, certo? — Perguntou esforçando-se para esboçar um sorriso simpático.

— Meu nome é Lee Minho, assim como o ator, mas sem a parte do... — Lino rolou os orbes, pensativo, enquanto segurava no ar o garfo com um punhado de macarrão enrolado. — ... ator.

A única mulher presente soltou uma risadinha.

— Que jovem gracioso, hein, meu filho... Encontrou no circo ou no stand-up? — A mulher sibilou, levando uma garfada generosa de seu prato à boca.

Lino não foi capaz de perceber, pois seu coração era puro demais para aquilo. Sem contar que o ruivo estava muito mais preocupado em saborear aquela divindade que os mortais nomearam como: macarrão à bolonhesa. Era simplesmente divino. A cada vez que experimentava um novo alimento no mundo mortal, se sentia em dúvida quanto à qual era de fato o seu favorito. Poderia escolher todos ou estaria sendo ambicioso demais?

Entretanto, Han, que conhecia aquela mulher bem demais para não notar a pitada de sarcasmo em sua fala muito bem articulada, largou os talheres de forma desleixada, fazendo com que o barulho do atrito entre metal e porcelana soasse subitamente alto demais, chamando a atenção de todos ali presentes para si, enquanto o artista fitava a própria mãe com os olhos semicerrados.

— Sabe que eu detesto quando faz isso, mamãe.

— Ora essa, o que foi que eu fiz, querido? — A mulher continuou a comer tranquilamente.

"Sonsa." Foi o que Jisung pensou, e gostaria muito que pudesse expor tal opinião, mas ainda prezava pelo respeito aos mais velhos, principalmente sendo esses os seus pais. Limitou-se a respirar exageradamente fundo e revirar os olhos, voltando a atenção ao prato diante de si, percebendo que não sentia mais apetite algum.

— Por que não nos conta mais sobre o que faz da vida, Lee Minho? — A mulher se manifestou mais uma vez, com um sorriso no canto dos lábios que somente seu marido e Jisung sabiam bem o que significava.

— Yejin... — O mais velho ali a repreendeu com um chamado. — Por favor, né? — Complementou quando recebeu a atenção da citada para si.

A mulher bufou, revirando os olhos, enquanto recebia o olhar arisco do próprio filho para si.

A Queda de Eros | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora