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Estava frio. Jisung tremia por ter saído de casa sem nem conseguir pegar um casaco para levar consigo. Era madrugada e por isso a rua estava deserta. Han estava cansado do longo dia que tivera e da noite mais longa ainda.

Por conta do nariz fraturado de Seo Changbin, Jisung tomou um chá de cadeira na sala de espera do hospital, pois fez questão de esperar até que pudesse conversar melhor com o jogador. Precisava garantir que o Seo não tomaria nenhuma atitude que pudesse prejudicar Lino injustamente.

Quando o táxi lhe deixou mais uma vez na porta de sua galeria, Jisung se arrastou para dentro, batendo o queixo pelo sereno torturante da madrugada e acendeu a luz do hall para retirar seus tênis, gemendo baixinho em leve satisfação, por finalmente libertar seus pezinhos sufocados por um dia inteiro.

Assim que se dirigiu até o salão principal da galeria, travou a mão que apertaria o interruptor para acender a luz dali também, ao ver, com certa dificuldade pela falta de claridade no ambiente, o corpo de cabeleira ruiva encolhido no pequeno sofá de couro preto.

Lino estava adormecido e parecia estar estranhamente confortável, mesmo que fosse um homem de mais de 1,80 num sofázinho pequeno de dois lugares. Seus lábios finos e rosados estavam levemente entreabertos e sua respiração era serena e bem tranquila.

Han sorriu, enquanto ponderava se deveria ou não acordar o ruivo para que o mesmo se deitasse na cama e assim ficasse mais confortável para continuar o seu soninho gostoso.

Quando finalmente decidiu se aproximar do sofá na pontinha dos pés, acabou esbarrando com a perna no caixote de MDF que antes guardava a peça de Changbin, mas que agora estava aberto e escancarado, com a peça danificada no chão, bem ao lado de um vidrinho de cola instantânea.

O barulho não havia sido muito alto, mas fora o suficiente para despertar Lino de seu sono, que normalmente era bem pesado, mas que devido à sua preocupação com a hora que o Han chegaria em casa, acabou se tornando tão leve quanto o de um recém-nascido.

— Você chegou... — Sorriu, ainda com os olhinhos meio fechados, meio abertos. O cheiro de Jisung era inconfundível, o reconheceria em qualquer lugar.

— Eu te acordei... Desculpa.

Lino se ergueu lentamente, se espreguiçando, enquanto balançava a cabeça em negação, ainda com os olhos fechados e um sorrisinho estampado em seu rosto.

— Eu estava mesmo te esperando, mas acabei caindo no sono sem nem perceber. — Explicou. — Como foi lá? — Indagou curioso, coçando o olho com o dorso de sua mão.

Han suspirou pesadamente antes de se sentar ao lado de Lino, enquanto dobrava o pescoço para ambos os lados, estalando-o, em busca de um pouco alívio.

— Não foi nada bom.

— O que quer dizer com isso?

— Ele realmente fraturou o nariz e ficou bem furioso com isso, porque acabou ficando de fora do próximo jogo, e... — Hesitou, virando-se para olhar nos olhos do ruivo, pois já estava se sentindo em abstinência de tal feito. Aqueles olhos lhe transmitiam calma e conforto. Poderia facilmente morar dentro daquele olhar.

Lino engoliu a seco, percebendo só pelo tom de voz do Han que as notícias a seguir não viram ser das melhores.

— Você vai ter que passar uns dois dias na casa do Felix. — Complementou.

— O quê? Por quê? — Por um momento, desesperou-se. Jisung estava lhe expulsando de sua casa? Não o queria mais por perto? Mas por que a sua atitude não demonstrava repulsa, nem nada do tipo?

Han abaixou o olhar, para fitar os seus dedinhos nervosos cutucando a própria mão em um tique ansioso.

— Eu vou precisar viajar.

A Queda de Eros | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora