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Han estava sentado na areia fria da praia, com os olhos fixos no mar. Seus joelhos flexionados apoiavam os seus braços esticados. As ondas iam e vinham com tranquilidade, deixando um rastro espumoso que logo desaparecia na areia. Em uma de suas mãos, ele segurava uma única flor de belladonna, de um roxo profundo, quase negro à luz suave do entardecer. A delicadeza mortal da flor era um espelho dos sentimentos confusos que agora ocupavam sua mente.

Jisung havia acabado de descobrir que era adotado. Uma verdade que chegou até ele de forma repentina e inesperada, deixando-o com uma sensação de vazio e perda, como se a areia debaixo dele estivesse afundando lentamente, o engolindo.

A revelação que ouvira sem querer, agora pesava em sua mente. Um sentimento tão incômodo e silencioso que fazia o mar à sua frente parecer pequeno, incapaz de engolir e levar consigo tudo aquilo que sentia. Não havia como ignorar aquilo.

O peso daquela verdade não lhe parecia fazer sentido. Nunca havia se sentido indiferente ou perdido. Seu lugar sempre pareceu o seu lugar e seus pais sempre pareceram os seus pais. E eles eram. Sempre seriam. Mas, e agora como enfrentaria os diversos pontos de interrogação em sua cabeça? Era inevitável. Tinha tantas dúvidas, tantas perguntas, e também alguns questionamentos. Fora abandonado? Por quem? E como Lino havia descoberto isso? Por que ele não lhe contou? Por que seus pais não lhe contaram? Será que os biológicos ainda estavam vivos? Descobrir isso mudaria alguma coisa em relação ao que sentia aos seus pais?

Han girou o pedúnculo da belladonna entre os dedos. Aquela pequena flor mortal o fascinava e o incomodava ao mesmo tempo; era bela e perigosa, desprovida de inocência, uma visão tão encantadora quanto mortal. Assim como ele se sentia agora – despojado das certezas que antes o sustentavam, mas sem os focos de quem sempre fora realmente. No peito, de repente crescera uma dor que ele mal conseguia nomear, uma solidão súbita e profunda que a brisa não poderia levar embora, deixando-o preso novamente em um abismo silencioso.

Havia fugido pois precisava de espaço. Precisava pensar. Precisava estar somente consigo mesmo e tentar organizar os próprios pensamentos antes de falar com alguém ou antes de tomar alguma atitude, o que fosse. Fugiu, pois de repente se sentira traído.

As ondas quebravam sem cessar, e ele pensava, amargamente, como a verdade às vezes se revelava de forma implacável e conclusiva. Uma força além do seu controle, enquanto ele só podia observar, tentando entender quem era de verdade. A escuridão da noite já começava a pairar sobre o oceano, envolvendo a paisagem em sombras suaves, e mesmo tendo passado tanto tempo ali, ainda se sentia preso, segurando uma flor venenosa e possivelmente uma nova forma de enxergar a própria vida e as pessoas a sua volta. A incerteza o consumia, mas, assim como a belladonna em sua mão, ele sabia que, mesmo em meio à beleza, havia sempre um risco escondido à espreita.

— Finalmente! — A voz familiar soou levemente esbaforida.

Mas Han não se virou para olhar. Não estava curioso. Sabia quem era e esperaria que ele viesse até si.

Lino se sentou ao seu lado, tomando a mesma pose que o moreno, exceto pelo detalhe de que o ruivo encarava o artista e o artista agora encarava a flor girando entre seus dedos. Han sorriu sem mostrar os dentes.

— Não é linda? — Perguntou.

Lino franziu o cenho, até capturar o foco do olhar de Jisung.

— A flor? — Perguntou de volta.

Han assentiu.

— É sim muito bonita. — Lino ainda tentava normalizar a sua respiração, pois havia corrido o dia inteiro pelas ruas de Jeju em busca de Han.

Felix, Hyunjin, Jeongin, Beomgyu e os pais de Jisung também estavam em busca pela Ilha. Felizmente, havia sido o ruivo a encontrá-lo primeiro.

— Ela é extremamente venenosa, mortal. — Explicou.

A Queda de Eros | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora