💘 01 || Prólogo

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Como um dia havia dito o mortal, engenheiro aeroespacial, Edward Murphy, baseado nas leis da probabilidade, e possivelmente no temperamento pessimista do homem: "Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente dará."

E Eros, a belíssima divindade mitológica representante do amor e do desejo, estava começando a se apegar firmemente nisso, visto que pela décima quinta vez, seguida, é importante ressaltar, mais um dos incontáveis casais, que haviam se encontrado e se apaixonado devido a marcação de uma de suas poderosas flechas, havia se separado. O motivo?

— Por céus, eu não entendo como podem, esses mortais idiotas, serem tão fracos e suscetíveis a essas tentações mundanas. — Eros, ou Lino, apelido dado por sua mãe, por conta da belíssima habilidade que o primogênito possuía com instrumentos de corda, ou linho, como por exemplo, a arpa, esbravejou empurrando brutalmente a gigantesca porta dupla com lindos detalhes cravejados em ouro reluzente, ao adentrar no salão principal dos tronos, no Olímpio, onde os Deuses costumavam se reunir. 

Porém, naquele momento, apenas Zeus se fazia presente no local, visto que já esperava pela visita repentina de seu neto, o cupido irritadiço. 

— A cada maldita vez que um casal de almas gêmeas predestinadas se separa, eu sinto-me enfraquecer um pouco mais. Por que diabos estou sendo punido, quando a culpa nem mesmo é minha? — Gesticulava freneticamente com os braços, enquanto andava de um lado ao outro tagarelando sem parar, ao mesmo tempo em que o olhar tedioso do ser superior lhe acompanhava sem sequer movimentar o pescoço, com a mão apoiando-lhe o queixo, em uma postura completamente desleixada em seu trono, que era o maior de todos ali dispostos. 

— É irritante e extremamente frustrante que nem mesmo o poder de minhas flechas seja capaz de manter essas benditas almas unidas, como deveria ser, simplesmente porque um humano idiota não consegue evitar cometer um adultério com pessoas aleatórias as quais eles só se encontraram uma maldita vez naquela vida, em um lugar totalmente insalubre com luzes coloridas e piscantes que me causam vertigem e me deixam atordoado, mesmo daqui de cima. 

Finalmente parou de frente para Zeus, respirando fundo para recuperar o que lhe faltava, enquanto o encarava em total indignação, com uma de suas sobrancelhas arqueada.

 — O senhor não concorda comigo?

E diante de todo aquele desabafo, a única reação que Eros recebeu, foi a pior possível para si, chegando até mesmo a se sentir ofendido, devido a personalidade extremamente intensa e dramática do cupido.

Zeus estava rindo.

Não um sorriso discreto ou uma risadinha baixa e contida, mas sim, uma baita de uma gargalhada, na qual a grandiosa figura celestial sequer conseguia manter os olhos abertos. A pele alva de seu rosto, por debaixo da grande barba branca, agora estava avermelhada, enquanto o mais velho apertava as mãos em sua barriga, que doía em gastura pelo esforço da gargalhada.

Eros cruzou os braços e fechou o semblante em birra. O cupido estava emburrado e agora o triplo de indignação lhe tomava conta.

Era algum palhaço? Tinha contado alguma piada? Será que seu rosto estava sujo de calda melada devido aos dois pedaços de pudim que havia acabado de comer?

Na dúvida, passou a mão grosseiramente pela boca, na intenção de limpar qualquer resquício que pudesse estar por ali, mas seu rosto estava tão limpo quanto a sua mão após o gesto curioso. Eros então se enfureceu, usando um pouco de sua força celestial para causar um leve tremor em escala ondular por todo o salão ao bater um de seus pés no chão, em pirraça, a fim de chamar a atenção para si e cessar aquela risada irritante.

A Queda de Eros | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora