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O enorme sorriso que adornava o rostinho inchado de um Han recém-desperto, brilhava tão intensamente quanto o sol que protagonizava do lado de fora o lindo dia de céu azul límpido na grande capital que normalmente era cinzenta e feia.

Ou talvez fossem só os olhos de Han mesmo. Uma mera questão de percepção própria, uma vez que o dia ainda parecia monotonamente igual para todos os outros meros mortais, que não fossem o Han.

A exceção de Jisung se dava pelo fato de que o jovem artista estava imensamente feliz; genuinamente contente; inteiramente realizado, e por isso, tudo lhe parecia assim, tão perfeitamente lindo e feliz. Arco-íris, unicórnios e algodão-doce. Como diria a Rasputia: "Tudo numa boa!"

Han acreditava fielmente que certamente os deuses estavam lhe abençoando, pois, a inauguração da sua galeria na noite passada havia sido um grande sucesso. E pudera, até mesmo a sua artista favorita acabou aparecendo por lá.

Jisung já havia feito uma nota mental para agradecer ao seu amigo Hwang por ter lhe presenteado com a tal dádiva da presença da mulher da qual era fã desde sua adolescência. Ainda que, infelizmente, não tenha conseguido cumprimentá-la ou tirar uma foto para guardar de lembrança – ou imprimir no maior tamanho disponível na gráfica para pendurar em sua parede de pé direito alto –, ainda assim, se contentaria com o gostinho de poder sair por aí, se gabando de que ninguém mais, ninguém menos, do que Lana Del Rey, tinha pisado seus belíssimos pézinhos abençoados em sua galeria. Ou talvez, quem sabe, devesse começar a chamar de templo? Afinal de contas, a mulher era uma deusa. A sua deusa.

Apesar de toda confusão e os pequenos contratempos, como o seu desmaio, por exemplo, Han conseguiu fazer novos contatos e conexões importantes, além de ter conseguido vender algumas de suas peças. E por isso, o seu humor não poderia ser diferente do atual. Era totalmente compreensível. Estava sim feliz e realizado. E isso, nem mesmo o chato trabalho de corno que era embalar aquelas peças terrivelmente frágeis, seria capaz de lhe arrancar o sorriso do rosto.

Pelo menos era o que esperava. Afinal de contas, o dia havia acabado de começar.

— Bom dia. — A rouquidão da voz grave do ruivo que descia as escadas esfregando o olho com o dorso da mão atraiu o olhar e a atenção de Han que soltou a peça de isopor sobre o chão e se ergueu, alinhando sua coluna.

— Bom dia, Lino. — Sorriu, levando ambas as mãos para sua cintura. — Dormiu bem? — O ruivo assentiu, ainda meio grogue. — Está com fome? — A resposta foi novamente um aceno preguiçoso. — Aconteceu alguma coisa com a sua língua? — Arqueou uma sobrancelha, incomodado com a falta da voz alheia.

Lino, que já estava de frente para o mais baixo, pesou as sobrancelhas em confusão, colocado a língua para fora de sua boca, enquanto envesgava seus olhos para tentar visualizar a citada.

— Não. — Sacudiu a cabeça em negação após constatar que estava tudo perfeitamente bem com sua língua. — Por que pergunta?

Han suspirou profundamente, erguendo levemente as mãos para cima em desistência.

— Esquece, Lino. Escuta, eu preparei café e waffles para você. Está lá na cozinha. Vê se come, porque daqui a pouco vamos sair. Só vou terminar de embalar essa peça aqui, porque os compradores querem vir buscar o mais rápido possível. Sabe como é... Gente rica é impaciente, chata e exigente.

A feição de Lino chegava a ser cômica de tão confusa. Han havia tomado adrenalina na veia? Sua fala era tão rápida e extensa que Lino piscava letargicamente os olhinhos algumas várias vezes em um curto período de tempo, enquanto tentava absorver tantas informações sendo jogadas uma por cima da outra para si.

A Queda de Eros | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora