Capítulo 16 - Cicatrizes

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Capítulo 16 - Cicatrizes

Aviso; esse capítulo contém estupro e violência e, pode gerar gatilhos em algumas pessoas.

Giovanna Torres

Voltando um pouco no tempo...

Acordei com a cabeça latejando, o gosto metálico de sangue ainda na boca, e as mãos doloridas pelas algemas apertadas em meus pulsos. O galpão estava escuro e o cheiro de óleo e ferrugem me cercava. A cena da noite anterior piscava diante dos meus olhos: eu e Maya na cama, o disparo, o grito. Christopher tinha nos pegado. Ele tinha visto tudo.

Tentei me levantar, mas meu corpo não respondia como eu queria. Minha mente estava focada em uma coisa: Maya. Onde ela estava? Eu precisava encontrá-la. Precisava salvá-la.

O som de passos firmes no concreto me fez erguer a cabeça. Christopher entrou no galpão com um sorriso cínico no rosto, o tipo de sorriso que deixava claro que ele estava no controle.

- Bom dia, Giovanna. - Sua voz era fria, cheia de sarcasmo. - Como está se sentindo?

Eu forcei um sorriso, amargo, enquanto encarava o desgraçado.

- Vai se foder, Christopher. - Minha voz estava rouca, mas carregada de ódio. - Onde está a Maya? Se você encostou um dedo nela, eu juro por Deus que vou te matar.

Ele riu. Um riso vazio, sem vida.

- Sempre com essa sua coragem patética, não é? - Ele se agachou, ficando perto demais do meu rosto, seus olhos brilhando de um jeito doentio. - Acha que pode me ameaçar? E pensar que, depois de tudo que você e a minha esposa fizeram, você acha que tem o direito se de preocupar com ela.

Eu cuspi no chão, sentindo a raiva fervendo dentro de mim. A dor e o medo eram reais, mas o ódio por ele era maior. Ele não merecia que eu mostrasse fraqueza.

- Você é um desgraçado covarde. Acha que vai controlar tudo só porque tem dinheiro, porque pagou pra eu cuidar dela? Saiba que eu cuidei dela da forma que ela merece ser cuidada, da forma que eu tenho certeza que você nunca cuidou - Minha voz saiu rasgada, mas firme. - Se enxerga, Christopher. Você nunca teve ela. Nem por um segundo. Acha que ela te ama? Que ela te vê como alguma coisa além de uma piada patética?

Os olhos dele brilharam de raiva por um momento, mas ele rapidamente recobrou o controle, voltando ao sorriso cruel.

- Patética? - Ele levantou-se, puxando a camisa para o lado e mostrando a cicatriz no ombro, onde Maya tinha atirado na noite anterior. - Isso é culpa sua. Vocês duas acham que podem brincar com a minha vida? Minha mulher na cama com outra? Você me traiu, Giovanna. Você traiu minha confiança.

- Eu não te devo nada! - gritei, sentindo meu corpo tremer de raiva. - Você me pagou pra cuidar da Manoela, e foi o que eu fiz. Ela não é sua propriedade, Christopher. Nunca foi. Se acha que eu traí sua confiança, você que se foda! A única coisa que importa é ela. Sempre foi ela!

A expressão de Christopher se endureceu. Ele parou de rir, e a fúria que ele estava segurando começou a transparecer.

- Sempre a Manoela, não é? - Ele cuspiu as palavras com ódio, andando em círculos ao meu redor como um predador. - E eu? Eu fiz tudo por ela. Tudo. E ela me traiu com você. E agora, você quer que eu acredite que isso foi por amor?

- Amor de verdade, coisa que você nunca vai entender. - Eu disse entre dentes, desafiadora, mesmo sentindo o medo rastejar pela minha espinha. - Você é um maldito narcisista que não consegue aceitar que ela escolheu outra pessoa. Sabe por quê? Porque ela te odeia, Christopher. Ela preferiu fugir com quem ama do que passar mais um segundo ao seu lado.

Amor Profano - MagiOnde histórias criam vida. Descubra agora