Era uma noite comum, e Suguru Geto acabava de chegar em casa após um longo dia de trabalho. Ele esperava o de sempre: encontrar seu marido, Satoru Gojo, sendo barulhento e animado, e seu filho, Megumi, silencioso, entretido com um livro ou jogando videogame. No entanto, ao abrir a porta, ele percebeu algo estranho. A casa estava silenciosa... Silenciosa demais.
Isso não é bom, pensou Geto enquanto tirava os sapatos. Ele sabia que quando o silêncio reinava naquela casa, geralmente significava que algo estava fora do normal.
Caminhando calmamente pelos corredores, Geto tentou ouvir algum som que indicasse onde os dois estariam. Foi quando, ao passar pelo corredor que dava para o banheiro, ele ouviu sussurros. Ele franziu a testa, aproximando-se da porta entreaberta. E, ao empurrá-la levemente, seus olhos se arregalaram com a cena diante dele.
Lá estava Megumi, com sua expressão habitual de seriedade, agachado perto da banheira. E, ao seu lado, Gojo Satoru, também agachado, tentando conter o riso. Mas o que realmente surpreendeu Geto foram os dois pequenos filhotes de cachorro dentro da banheira, um branco e outro preto, encharcados e chacoalhando a água por todo o banheiro.
- O que... Está acontecendo aqui? - Geto perguntou, cruzando os braços, com uma expressão severa.
Gojo olhou para cima, congelando por um segundo, antes de sorrir nervosamente - Eu posso explicar! - Ele disse rapidamente, levantando as mãos em um gesto defensivo.
Geto arqueou uma sobrancelha, mantendo o olhar fixo no marido - Estou louco para ouvir - Respondeu, claramente esperando uma boa explicação.
Antes que Gojo pudesse continuar, ele rapidamente apontou para Megumi, traindo o filho sem nem piscar.
- A culpa é toda do Megumi! Ele que trouxe os cachorros! - Disse Gojo, apressado, como se isso resolvesse tudo.
Megumi, que até então estava em silêncio, lançou um olhar mortal para Gojo e jogou uma esponja ensaboada no rosto dele.
- A ideia foi dos dois! - Exclamou Megumi, bufando - Eu só perguntei, e o papai não conseguiu dizer não!
Geto suspirou profundamente, esfregando as têmporas como se uma dor de cabeça estivesse prestes a começar. Ele encarou os dois, os olhos passando de Gojo para Megumi, antes de balançar a cabeça.
- Antes de qualquer outra coisa, vocês precisam secar esses animais - Ele disse, gesticulando para os filhotes - E rápido, ou eles vão pegar um resfriado.
Gojo assentiu rapidamente, mas enquanto se levantava, Megumi aproveitou para jogar mais um balde de água na banheira, que respingou direto em Gojo. Agora, além dos cachorros, Gojo também estava completamente encharcado.
- MEGUMI! - Gritou Gojo, todo molhado, enquanto o garoto tentava esconder um sorriso.
- Ops - Respondeu Megumi, secamente.
Geto, que observava tudo de braços cruzados, não conseguiu evitar um sorriso. Esses dois eram impossíveis.
Depois de alguns minutos de caos, onde Gojo, Megumi e os dois cachorros foram finalmente secados, todos se reuniram na sala de estar. Os dois filhotes estavam agora aconchegados em cobertores, dormindo, enquanto Geto, Megumi e Gojo se acomodavam no sofá para a inevitável conversa.
Geto suspirou, encarando os dois com uma expressão severa.
- Ok, agora me expliquem, de novo, como isso aconteceu. Satoru? - Ele começou, olhando para o marido.
Gojo, que parecia desconfortável sob o olhar de Suguru, rapidamente apontou novamente para Megumi.
- Como eu disse, a culpa é do Megumi! Ele viu os cachorros, ficou com aquela carinha triste, e eu... não pude resistir - Gojo disse, tentando parecer inocente.
Megumi, já cansado da estratégia de Gojo, levantou a mão, interrompendo.
- Pai, cala a boca, eu vou explicar - Disse ele com um tom direto, o que fez Geto esconder um sorriso atrás da mão. Gojo, ofendido, cruzou os braços e fez beicinho, como uma criança contrariada - A gente tava voltando do mercado - Começou Megumi, ignorando o drama de Gojo - E eu vi uma caixa perto da entrada de um beco. Quando olhei mais de perto, vi que eram esses dois filhotes - Ele gesticulou para os cachorros, que agora dormiam pacificamente - Soltei a mão do papai e fui direto ver como estavam.... Eles estavam tremendo e sozinhos, pareciam perdidos. Então eu... - Megumi fez uma pausa, olhando para Gojo como se esperasse que ele completasse a história.
Gojo, percebendo que era sua deixa, rapidamente continuou.
- Então o Megumi olhou pra mim com esses olhos de cachorro abandonado - Ele apontou para Megumi - E perguntou se podíamos levar os filhotes. E como eu poderia dizer não? Olha pra essa cara! - Gojo fez um gesto dramático com as mãos.
Geto olhou de Megumi para Gojo, balançando a cabeça, sem conseguir evitar uma risada baixa.
- Então, vocês trouxeram os cachorros pra casa, colocaram eles na banheira e só agora decidiram me contar? - Geto perguntou, com um sorriso de canto.
Megumi deu de ombros - Basicamente.
Gojo, ainda tentando se justificar, disse rapidamente:
- Eu ia te contar, mas aí fiquei distraído... E depois disso, tudo aconteceu rápido demais!
Suguru respirou fundo, tentando manter a seriedade, mas falhando miseravelmente. Ele olhou para os filhotes, depois para Gojo e Megumi, e soltou uma risada curta.
- Bom, já que esses dois cachorros agora fazem parte da nossa família... duas pessoas vão ter que sair - Brincou Geto, cruzando os braços e fingindo uma expressão séria.
Megumi, sem perder tempo, apontou para Gojo.
- Ele é tão grande que vale por dois. Acho que já resolvemos o problema.
- Oi?! - Gojo exclamou, ofendido - Eu não sou tão grande assim!
Geto olhou para Gojo, fingindo pensar por um momento.
- É, Megumi tem razão - Disse Geto, concordando com a piada - Se o Satoru sair, teremos bastante espaço.
Gojo, indignado, cruzou os braços e fez um beicinho, fingindo estar magoado.
- Isso é uma traição! - Disse ele dramaticamente.
Mais tarde naquela noite, a casa estava finalmente em paz. Geto estava deitado na cama, com Megumi ao seu lado, e os dois filhotes aconchegados entre eles, dormindo profundamente. A atmosfera estava tranquila, o som das respirações suaves dos cachorros preenchia o ambiente.
De repente, houve uma batida suave na porta.
- Quem é? - Perguntou Geto, já sabendo a resposta.
A porta se abriu lentamente, e lá estava Gojo, com uma expressão de puro drama no rosto.
- Suguru, Megumi... eu fui expulso do meu próprio quarto.. - Disse ele, colocando a mão no peito, fingindo dor - Posso, por favor, voltar pra cama?
Geto rolou os olhos, rindo.
- O que você acha, Megumi? Deveríamos deixar o Gojo voltar para a cama? - Perguntou ele ao filho.
Megumi suspirou, fingindo estar cansado.
- Acho que sim, antes que ele comece a chorar - Disse Megumi, com um sorriso travesso.
- Isso! - Gritou Gojo, antes de se jogar dramaticamente na cama, em cima de Geto, Megumi e os cachorros, que soltaram um leve gemido.
Com Gojo finalmente acomodado, a família estava completa. Eles se ajeitaram na cama, e logo todos estavam aninhados, com os filhotes entre eles. A noite caiu tranquila, e, apesar do caos do dia, estavam juntos. E, no final, era isso que importava.