Flashback 30/02/2023

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Me levanto sem força de vontade, não queria sair da cama hoje, mas eu preciso frequentar essa maldita escola, coloco minhas roupas e desço até cozinha.
Tomo um gole de café e nada mais, pego meu celular vendo se Christopher deu alguma notícia, a dois dias não falo com ele, hoje é segunda-feira, não sei se ele realmente virá me buscar.
—Kiarah, seu namorado está esperando por você —Carmem diz.
—Obrigada —digo saindo, achando estranho ela saber que ele é meu namorado.
Eu o vejo esperando na porta, seus olhos me seguem, mas estou brava com ele, não posso cair nos seus encantos, quem fica sem falar com a namorada por dois dias? passo por ele indo até o seu carro.
—Está zangada comigo? —ele pergunta dando partida no carro.
—É claro que eu estou, você me pede em namoro e logo depois some, me ignora por dois dias.
—Eu não ignorei linda, eu estava muito ocupado —ele diz tocando minha perna.
—E não podia tirar um tempinho para mim?
—Me desculpe, não farei mais isso —ele diz e me olha de relance.
Estou descontando a minha raiva e tristeza nele, sei que isso não é justo, mas eu precisava dele esses dias, ao chegar no colégio desço do carro sem a mínima vontade de entrar, Christopher segura meu braço me puxando para ele, seus olhos azuis encontrando os meus.
—O que houve? Está triste —ele diz acariciando minha bochecha.
—Não é nada, eu estou bem.
—Eu sei que não está, conte para mim.
—Podemos não ir às aulas hoje? —pergunto olhando em seus olhos profundos.
—Se eu levar você para outro lugar,  me conta o que está havendo?
Faço um gesto afirmativo voltando para dentro de seu carro, tudo o que eu quero é me deitar e nunca mais sair da cama, sinto que estou me afogando em um mar de escuridão, sendo sugada cada vez mais para o fundo. Christopher estaciona o carro em frente à sua casa então descemos.
—Você quer tomar alguma coisa?
—Não obrigada.
Subo as escadas, sem me importar com ele, vou direto para seu quarto que está todo arrumado, a cama está feita, jogo minha bolsa no chão, arranco meus sapatos, puxo os lençóis de seda preta e me deito, fecho os olhos tentando controlar o ímpeto de chorar, sito a cama se afundar ao meu lado e logo os braços de Christopher me envolvem, seus lábios tocam meu pescoço junto de um cafuné gostoso.
—O que você tem amor —ele pergunta em voz baixa.
Me viro para ele, deixando que as lágrimas caiam.
—Não, não chore princesa —ele diz me abraçando forte, mas eu vejo um brilho estranho nos seus olhos.
Escondo o rosto em seu peito chorando baixinho, inalando seu perfume, as mãos de Christopher fazem carinho em minhas costas me acalmando.
—Hoje faz dois meses que eu perdi meus pais —digo com voz embargada.
—Não fique assim —ele diz beijando minha testa.
—É tão insuportável essa dor em meu coração —digo entre dentes.
—O que quer fazer?
—Apenas ficar assim —digo agarrando sua camiseta.
Ele me aperta contra seu peito me aconchegando em seus braços.

Christopher e eu acabamos de sair de uma floricultura, comprei rosas vermelhas, agora acabamos de chegar no cemitério, caminho até a cripta deles, olho para suas fotos deixando que as lágrimas fluam

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Christopher e eu acabamos de sair de uma floricultura, comprei rosas vermelhas, agora acabamos de chegar no cemitério, caminho até a cripta deles, olho para suas fotos deixando que as lágrimas fluam.
—Porque? Porque fizeram isso comigo? Porque me deixaram para trás, sozinha —digo chorando colocando a flor em suas sepulturas.
Sinto Christopher atrás de mim me abraçando forte, impedindo que eu desabe.
—Eu amo vocês, estou com tanta saudades —digo chorando.
Saio desse lugar horrível, não consigo ficar nem mais um minuto aqui, sinto tudo à minha volta rodar, cambaleio desconcertada sentindo uma vertigem, me seguro em Christopher para não cair.
—Você está bem? Está pálida Kiarah —ele diz preocupado me segurando.
—Acho que minha pressão baixou.
—Você comeu?
Faço que não olhando para ele que me segura me ajudando  entrar no carro.
—Vamos dar uma volta e comer.
Encosto minha cabeça no vidro deixando que as lágrimas caiam livremente, sinto que se não chorar vou explodir, fico feliz por Christopher estar aqui comigo. Minutos seguintes ele estaciona em frente à praia, descemos e andamos lado a lado com as mãos entrelaçadas, entramos em um quiosque.
—O que vai querer? —ele pergunta assim que nos sentamos à mesa.
Pego o cardápio, não tem muita coisa interessante aqui.
—Acho que esse salmão e um vinho.
—Está bem.
É impressionante que um quiosque como este tenha vinhos bons, Christopher faz os nossos pedidos, sei que ele está tentando ao máximo me animar.
—O que quer fazer hoje?
—Eu não sei, beber? —pergunto o fazendo rir.
—Vamos entrar no mar, depois daqui?
—Não estamos com roupa de banho.
—O que é que tem? A gente faz as regras princesa —ele diz sorrindo.
Logo o nosso pedido chega e está delicioso, tomo muito vinho para tentar mascarar essa dor dentro de mim.

A ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora