Zuran
Vane deslizou a lâmina curta de entalhe pela superfície da madeira, raspando a área ao redor das últimas folhas que brotaram da videira que Zuran o ajudou a mapear meses atrás. As finas aparas giraram para trás sobre sua mão antes de cair no chão da cabana de curtimento. Eles ficaram sentados em um silêncio confortável a maior parte do tempo, falando apenas para dar instruções ou fazer uma pergunta.
Quando Vane se aproximou de Zuran pela primeira vez para pedir ajuda, ele estava cansado. Nenhum dos criadores o havia tratado de forma tão amigável, mas ele logo descobriria que Vane não era como os outros. Ele tratava Zuran como se ele fosse apenas... Zuran, não um caçador. Da mesma forma que Samantha. Ele correu a ponta do dedo ao longo do corpo da figura que estava talhando, limpando a poeira que havia se acumulado. Desde o momento em que a encontrou na floresta, ele não pensou em mais nada. Ela consumiu seus pensamentos, encheu sua mente com sua bravura e se infiltrou em seus sonhos.
Quando não estava pensando nela, ele estava esculpindo sua imagem. A que ele segurava nas mãos estava quase pronta, mas era diferente das outras. Asas bonitas e delicadas estavam dobradas atrás dela; cada pena amorosamente gravada na madeira vermelha. Usando a lâmina na ponta de sua cauda, Zuran moldou e suavizou as curvas de seus quadris.
“Acho que terminei.” Vane disse enquanto se levantava, tirando a poeira das mãos para o avental que usava. “Dar uma olhada?”
“Você fez um ótimo trabalho.” Zuran balançou o berço, observando-o balançar suavemente de um lado para o outro. “Você vai pintá-lo?”
O outro macho passou a mão pelo maxilar. “Achei que deixaria isso para Asa. Posso ter provado ser um marceneiro decente sob sua tutela, mas passei anos com Asa e ainda não absorvi nada de sua criatividade.”
Zuran sorriu, recuando para que Vane pudesse puxar a pele sobre o presente. Embora ele e Asa nunca tenham gostado um do outro, Zuran frequentemente se via impressionado com o amor dela por seu companheiro. Ele olhou para a escultura em sua mão antes de entregá-la ao outro macho. "Um presente para seu futuro filhote."
Vane sorriu enquanto pegava a oferta. “Tem certeza? É uma peça tão linda para dar.”
“Eu tenho outros.” Zuran deu de ombros, saindo para a luz dos sóis.
“Ele vai mudar de ideia.”
Zuran se virou, franzindo as sobrancelhas. “Quem é esse?”
“Olan.” O macho disse, guardando a escultura na bolsa ao seu lado. “Eu sei que não é da minha conta—”
“Você está certo. Não é da sua conta o que Olan e sua companheira fazem, e não é da minha conta também.”
“Zuran—”
“Me avise quando terminar o couro de milory.”
Zuran seguiu em direção à linha das árvores, mantendo-se nos arredores da vila enquanto voltava para casa. Sua cabana ficava escondida em um pequeno bosque de árvores, bem próximo do caminho que levava à vila. Era uma caminhada um pouco longa das cabanas de bronzeamento, mas ele poderia aproveitar um pouco de ar fresco para ajudar a dissipar o mau humor que ouvir sobre Olan e Samantha o deixou.
O criador vinha evitando levar sua nova companheira para qualquer lugar perto dos lugares que Zuran frequentava desde que o encontrou na casa de Asa. Ele sabia que era melhor assim, sabia que não deveria continuar forçando os limites, mas havia algo dentro dele que não conseguia deixar a pequena fêmea ir. Toda vez que ele fechava os olhos, ele imaginava os lábios macios dela contra os dele, os dedos dela enrolados em suas tranças, e o corpo dela pressionado contra o dele.
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Sopros de Desejo
RomanceUma atração proibida, um amor inesperado e um louco disposto a arriscar tudo para manter a humanidade pura. A vida no espaço não preparou Samantha para todas as coisas que ela encontraria após seu misterioso pouso forçado no planeta X9: florestas ch...