Sopros de Desejo

21

Olan

Um gemido subiu por sua garganta e saiu de sua boca antes que ele pudesse pará-lo enquanto tropeçava ao lado de Zuran. Era difícil pensar no pânico que o percorria. Ele podia não ser um caçador, mas sabia sobre as matilhas de carnera que vagavam pela floresta, e sabia o que uma mordida de carnera poderia fazer com ele se não a tratasse rápido o suficiente.

Acalme-se. Respire fundo. Concentre-se.

A mão de Samantha flexionou-se na dele, aterrando-o como se pudesse ouvir seus pensamentos. Ela estava aninhada contra o peito de Zuran, sua cabeça descansando no braço que ele havia ancorado em volta dos ombros do outro macho. Ele podia sentir o corpo dela tremendo enquanto sua respiração soprava em sua pele. Mesmo com a toxina da mordida da carnera percorrendo-o, Olan sentiu excitação e desejo agitarem-se dentro de sua barriga. Ela não havia dito nada desde que eles deixaram a cena da carnificina, e ele sabia que ela devia estar em choque.

Houve momentos em que ela falou de sua casa, tentando o seu melhor para explicar a ele que ela não vivia em um planeta, mas em uma coisa que ela chamava de nave, bem acima deles no céu. Ele não tinha sido capaz de formar uma imagem disso em sua mente até o momento em que a enorme casa alienígena veio colidindo através das nuvens. Mesmo agora, a ideia de que o povo de Samantha poderia viver lá era estranha para ele. Havia coisas que ela fazia às vezes, maneiras como ela olhava para as coisas que pareciam perfeitamente normais para ele e seu povo, que o faziam se perguntar como era viver lá em cima.

Ela olhou para a carnificina que Zuran deixou para trás como se nunca tivesse visto nada parecido. Olan pode ser um criador, mas ele foi exposto a essas visões horríveis a vida inteira. Havia animais em seu navio? Ela tinha que se preocupar com ataques do jeito que eles se preocupavam?

Seus passos vacilaram, e ele agarrou Zuran, tentando recuperar o equilíbrio enquanto algo perturbador lhe ocorria. Ele realmente fez muito esforço para conhecer sua companheira? Ele perguntou a ela sobre sua vida, sua casa, seus interesses? Foi por isso que ela não o aceitou? Como você pode querer estar com alguém que parecia tão desinteressado em você?

Tanto do seu tempo tinha sido gasto encorajando-a a aprender sobre sua cultura, sobre seu povo e suas tradições. Ele não tinha tirado um tempo para aprender essas coisas sobre ela. Ele tinha ouvido o conselho de Vane, fez uma promessa a si mesmo de segui-lo, e então tinha feito exatamente o oposto. Olan tinha permitido que seu ciúme e suas próprias emoções confusas o cegassem e agora aqui estava ele com sua vida descansando nas mãos do macho que ele tinha olhado como um rival em vez de um aliado. O medo de que ele já tivesse perdido a chance de compensar seus erros, de mostrar a ela o quanto ele realmente se importava, o sufocava.

Se eu sobreviver a isso, ele prometeu a ela em sua mente, eu farei todas as perguntas. Eu saberei tudo o que há para saber sobre você.

E se não houver tempo? E então? Você vai perguntar a ela agora quando ela está atordoada, quando ela mal consegue respirar devido ao medo que emana dela? Você é um péssimo companheiro. Você nem conseguiu protegê-la.

Não. Ele se recusou a ouvir a parte que sentia autoaversão.

Que todas as mães tenham misericórdia dele, mas ele nem se preocupou em perguntar se ela tinha um companheiro esperando por ela. Ele presumiu que não devido à falta de qualquer outro cheiro nela, mas ele pode ter se enganado. E se ela tivesse filhotes? O pensamento deixou um gosto amargo em sua boca. Ele não conseguia vê-la deixando seus filhotes para trás de bom grado. Ela seria uma boa mãe. Ele queria vê-la com seus filhotes, queria vê-la cuidar deles do jeito que ele a viu cuidar dos filhotes dentro da vila.

Zuran pensou em perguntar essas coisas? Foi por isso que ela respondeu a ele tão ansiosamente? Não que Olan não se importasse; ele apenas estava tão consumido pela necessidade de ser aceito, de ser digno dela, que negligenciou tudo o que uma companheira digna faria.