Zuran

“Você ainda não aprendeu, não é?”

A raiva nublou sua visão, enchendo sua mente enquanto ele encarava o macho que um dia fora seu amigo mais próximo. Estava ficando cada vez mais difícil ignorar a atração do calor reprodutivo. As chamas de seu desejo lambiam seus lombos, fazendo-o sofrer com sonhos intensos que o faziam acordar coberto de suor e outros fluidos corporais.

Ele estava ficando mais agressivo, a ponto de até ele ter notado. Quanto mais ele olhava para a injustiça de sua vida, piores os sentimentos se tornavam.

Não é justo! sua mente gritou. Olan conseguiu o que queria. Racionalmente, Zuran sabia que seu amigo de longa data não teve participação em sua transformação, mas ele tinha ficado com tanto ciúme que às vezes achava difícil até mesmo olhar para o outro macho. Samantha tinha sido o único ser, além de seus companheiros caçadores, a tratá-lo como um igual, a ver seu valor além de sua aparência, mas ela tinha ido embora e ainda não tinha retornado.

“O que eu não aprendi, Olan? Por favor, me esclareça.” Ele sabia que estava pressionando o macho, que ele deveria deixar isso para lá, mas a raiva que o percorria não permitia.

“Não há mais nada que eu queira lhe dizer agora.”

“Ah, lá está ele. O gatinho mimado que ganha tudo o que deseja.”

Olan revirou os olhos, reclinando-se sobre os cotovelos. “Zuran…” o outro macho avisou, mas Zuran não se importou em dar ouvidos.

“Bom demais para conversar com o caçador, hein? Não mereço o mesmo respeito que você e sua laia. Não sou digno de estar em sua presença, não sou digno de viver entre vocês. Não sou digno de sua amizade.”

“Você fez isso consigo mesmo!” Olan gritou, pulando de pé. “Você faz com que seja tão difícil se aproximar de você que ninguém mais tenta! Que eu não tento mais!”

As palavras acalmaram Zuran, a raiva e o ressentimento esfriando dentro dele por um momento. Ele era realmente tão inacessível? O ódio de si mesmo que ele carregava dentro de si era a coisa que estava atrapalhando a amizade deles esse tempo todo? Quase todas as interações nos últimos dias terminaram do mesmo jeito, com ele se tornando defensivo e agressivo. Ele havia previsto maus-tratos, preconceito e reagiu negativamente sem nem mesmo ser provocado na maioria dos casos.

“Você está certo”, ele admitiu. “Na maior parte.”

"O quê?" Os olhos de Olan se arregalaram em descrença, parecendo que eles realmente iriam saltar do rosto.

Todos os pensamentos fugiram de sua mente quando ele avistou sua linda fêmea enquanto ela se aproximava. Ele não sabia quando seu subconsciente havia decidido que ela pertencia a Olan e a ele, mas nos últimos dias, por mais estranho que fosse admitir, Samantha havia passado de "minha" para "nossa". Ele ficou surpreso ao descobrir que isso não o incomodava tanto quanto ele pensava.

Seu cabelo violeta pendia solto, mal roçando seus ombros, enquanto o vestido de noiva preto que ela usava se agarrava a cada uma de suas curvas suaves. A saia quase não era longa o suficiente para cobrir tudo o que ele achava que deveria, mas ela estava deslumbrante nela.

A necessidade o percorreu e ele deu um passo à frente, querendo nada mais do que puxá-la para seus braços, abraçá-la. Os olhos azuis de Samantha se fixaram nos dele, um sorriso curvando seus lábios enquanto ela diminuía a distância.

Zuran envolveu seus braços em volta da cintura dela, empurrando seu rosto em seu pescoço e respirando fundo, inalando seu cheiro, guardando-o na memória. "Bem, olá, bonitão. Você sentiu minha falta?" Sua risada suave era música para seus ouvidos. Ele sentiu a pressão dos lábios dela contra sua orelha e estremeceu.

Sopros de DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora