Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e Freya

1- O Encontro Proibido

Capítulo 1: O Encontro Proibido

O castelo de Ilgareth resplandecia sob o luar. As tochas acesas ao redor das muralhas e nos jardins refletiam a grandiosidade da festa que celebrava a união iminente entre dois grandes reinos. A rainha Aveline, de Yloria, estava prestes a se casar com o príncipe Aldric, um casamento que representava muito mais do que uma simples cerimônia. Era uma aliança política cuidadosamente planejada, destinada a garantir paz e prosperidade a ambas as nações.

Aveline caminhava com graça pelos salões iluminados, cumprimentando os nobres e embaixadores com a mesma confiança que havia demonstrado desde que subira ao trono. Seu vestido de veludo carmesim era adornado com pedras preciosas, refletindo sua posição, e seu porte altivo e firme transmitia a força de uma líder. Aldric, seu futuro marido, estava ao seu lado, sempre educado e cortês. Ele era o que qualquer rainha deveria desejar: bonito, inteligente, estrategista. Mas algo, algo que ela não conseguia identificar, parecia faltar.

Ao longo da noite, a corte foi apresentada oficialmente à rainha, e, entre as apresentações, Aveline finalmente conheceu Freya, a irmã mais nova de Aldric. O encontro foi breve, apenas uma troca de cortesias, mas o efeito foi imediato. O coração de Aveline disparou no instante em que seus olhos se cruzaram com os de Freya. Ela não sabia explicar o porquê, mas a jovem irradiava algo que a deixava inquieta, uma presença que a fazia sentir um misto de curiosidade e perigo.

Freya não era como as outras mulheres da corte. Ela tinha uma beleza simples, sem adornos extravagantes ou joias que chamavam atenção. Seu cabelo castanho caía livremente sobre os ombros, e seus olhos, profundos e brilhantes, pareciam carregados de segredos. Diferente das damas acostumadas com os jogos e intrigas do poder, Freya parecia despreocupada com formalidades e protocolos.

Ao longo da noite, Aveline tentou se concentrar nas conversas com os embaixadores e nobres, mas seus olhos teimavam em buscar Freya. E, toda vez que a encontrava em algum canto do salão, a jovem parecia estar observando-a com um sorriso sutil nos lábios. Era como se uma faísca invisível saltasse entre elas, algo que Aveline não conseguia ignorar.

Quando a recepção começou a se esvaziar e o peso das formalidades foi aliviado, Aveline buscou um refúgio nos jardins do castelo. O ar fresco da noite era revigorante, e ela finalmente podia respirar longe dos olhares expectantes da corte. A lua cheia iluminava o céu sem nuvens, e o som suave do vento movendo as folhas trazia uma sensação de paz.

Caminhando entre as flores e os arbustos, Aveline deixou seus pensamentos vagarem. Seus passos eram leves, mas seu coração, inquieto. Por que aquela jovem mexia tanto com ela? Nunca, em todos os anos de reinado, ela havia sentido algo tão confuso. Era como se estivesse atraída por um redemoinho, uma força que a puxava sem pedir permissão.

— Majestade — uma voz suave a interrompeu. Aveline virou-se e viu Freya, parada alguns metros atrás, com um sorriso enigmático. — Também veio buscar um pouco de paz?

Aveline hesitou, surpresa com a chegada de Freya, mas sua presença, ao invés de desconfortá-la, a deixou mais alerta. Algo na jovem a fazia baixar a guarda, algo que ela não conseguia explicar.

— A festa estava... um tanto sufocante — admitiu Aveline, tentando manter sua voz firme. — Preciso de momentos como este para me lembrar de quem sou, para pensar longe das expectativas de todos.

Freya se aproximou lentamente, seus passos silenciosos sobre a grama. Quando estava perto o suficiente, seus olhos brilharam na luz fraca do luar, e ela olhou Aveline com uma intensidade que a rainha não estava acostumada a receber. Não havia reverência ou medo, como em todos os outros olhares que lhe eram dirigidos, mas sim uma curiosidade pura e uma confiança quase desafiadora.

— Deve ser cansativo ser tão observada o tempo todo — disse Freya, com uma leve provocação na voz. — Todos esperam tanto de você. Talvez eles se esqueçam que, sob a coroa, há uma mulher que também quer respirar.

Aveline a observou por um momento, intrigada pela franqueza da jovem. Era raro alguém falar com ela de forma tão aberta, sem medo de repreensões ou julgamentos.

— E você, Freya? — perguntou Aveline, cruzando os braços de leve. — O que espera de mim? Não parece ter o mesmo olhar que os outros.

Freya deu um pequeno sorriso, divertido e misterioso.

— Eu não espero nada de você — respondeu ela. — Talvez seja exatamente por isso que me interessa tanto.

Aquela resposta pegou Aveline de surpresa. Ninguém nunca havia falado com ela de maneira tão direta e, ao mesmo tempo, tão ambígua. A jovem à sua frente parecia não se importar com seu título ou com as responsabilidades que a envolviam. Ela via Aveline, não a rainha.

— Você fala como se me conhecesse bem — Aveline comentou, sem saber se estava mais provocando ou realmente curiosa.

Freya inclinou a cabeça para o lado, pensativa, com um sorriso que fazia o coração de Aveline bater mais rápido.

— Não preciso conhecê-la profundamente para saber que carrega um peso enorme nos ombros — respondeu Freya. — Todos os dias deve ser difícil encontrar um espaço para ser você mesma. Mas esta noite... eu a vejo como alguém que busca algo além do que os outros esperam.

Aveline sentiu uma faísca de conexão crescer entre elas. Freya não apenas entendia suas responsabilidades, mas também a enxergava como uma mulher além da coroa, uma mulher que tinha desejos e vontades ocultas, tão profundas quanto os segredos mais bem guardados do reino.

— Talvez você esteja certa — disse Aveline, sua voz mais suave agora. — Talvez eu esteja tentando encontrar algo que nem eu mesma sabia que procurava.

Freya deu um passo à frente, ainda com aquele olhar intenso.

— E o que seria isso? — ela perguntou, sua voz quase um sussurro.

Aveline não respondeu de imediato. Ao invés disso, seus olhos encontraram os de Freya, e naquele momento, sob a luz da lua e longe dos olhares da corte, algo mudou. O ar ao redor delas parecia mais denso, carregado de uma energia que Aveline jamais havia sentido antes.