18- O Encontro com Freya

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Capítulo 18: O Encontro com Freya

O rei Aldric observava o salão vazio, suas mãos repousando sobre a mesa de madeira polida enquanto a lareira lançava sombras dançantes nas paredes. O calor das chamas parecia não aquecer seu coração, que ultimamente estava mais pesado do que ele gostaria de admitir. As questões do reino o sobrecarregavam, mas não tanto quanto a situação delicada envolvendo sua noiva, Aveline, e a irmã dele, Freya.

Ele havia notado as mudanças em Aveline. Embora seus compromissos políticos e sociais estivessem sendo cumpridos com maestria, havia uma distância entre eles, uma barreira invisível que, ultimamente, parecia mais concreta. E Aldric, apesar de sua habilidade em manipular a corte e os desafios do trono, sabia que não poderia ignorar o óbvio. A relação entre Aveline e Freya estava além do que ele havia previsto.

— Tragam Freya até mim — ordenou calmamente ao guarda que se aproximou da entrada do salão.

Pouco tempo depois, o som dos passos ecoando pelos corredores anunciava a chegada de sua irmã. Quando a porta se abriu, Freya entrou, hesitante, mas com a postura ereta. Ela sempre fora determinada, nunca permitindo que o ambiente a intimidasse, mesmo diante dele, o rei.

— Aldric — ela saudou com um aceno breve, os olhos cautelosos enquanto se aproximava.

— Freya — respondeu ele, gesticulando para que ela se sentasse. — Precisamos conversar.

Freya manteve-se em pé por alguns segundos antes de se sentar diante dele, a tensão no ar visível. Aldric estudou o rosto dela em silêncio por um momento, a semelhança entre eles evidente, mas o que os separava, neste momento, parecia muito mais profundo.

— Sei que tem havido... complicações entre você e Aveline — ele começou, a voz baixa, mas firme. — E não sou cego para o que está acontecendo.

Freya desviou o olhar por um momento, antes de encontrar os olhos do irmão novamente. — Não sei do que você está falando, Aldric.

— Não subestime minha inteligência, Freya. — Aldric inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa, o olhar penetrante. — Eu vejo como você a olha. Como ela olha para você. Há algo mais entre vocês, algo que vai além da amizade.

Freya não disse nada de imediato, o que só confirmava as suspeitas de Aldric. Ele sabia que a relação entre as duas era mais profunda do que deveria ser, e embora amasse sua irmã, ele também estava ciente das implicações políticas e pessoais que isso trazia para todos eles.

— O que você quer de mim? — Freya finalmente perguntou, a voz fria, mas contida. Ela sempre fora direta, um traço que Aldric admirava, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.

— Quero saber o que você pretende fazer — Aldric respondeu, a voz carregada de preocupação. — Porque, seja o que for que esteja acontecendo entre você e Aveline, isso pode colocar todos nós em perigo. Não apenas politicamente, mas também emocionalmente.

Freya franziu o cenho, uma leve irritação surgindo em seu olhar. — Eu não escolhi sentir o que sinto, Aldric. Não é algo que posso controlar.

— Eu entendo — disse Aldric, mais suavemente. — Eu sei que o coração não escolhe por quem se apaixona. Mas o que você faz com esses sentimentos, Freya, é algo que você pode controlar. E agora, mais do que nunca, precisamos de clareza.

Freya se levantou abruptamente, como se as palavras dele a tivessem atingido com força. — Clareza? Como você pode pedir isso de mim, quando você está prestes a se casar com alguém que claramente ama outra pessoa?

As palavras dela ficaram no ar, carregadas de amargura e dor. Aldric sentiu o peso daquelas palavras, mas não podia negar a verdade nelas. Ele sabia que o amor de Aveline por ele não era o amor de uma mulher apaixonada. Era algo mais complicado, mais frio, forjado pela necessidade e pelas expectativas do trono. E Freya... Freya, sem querer, havia se tornado a peça central desse emaranhado de sentimentos conflitantes.

— Eu sei que o casamento com Aveline é mais uma questão de aliança do que de amor — Aldric admitiu, sua voz mais baixa agora. — Mas o que eu não quero é que esse casamento desmorone por causa de algo que pode ser controlado.

— Controlado? — Freya riu sem humor, balançando a cabeça. — Você realmente acha que sentimentos podem ser controlados como uma negociação de terras ou acordos políticos?

— Não é isso que estou dizendo — Aldric levantou-se, aproximando-se de Freya. — Mas há maneiras de lidarmos com isso sem destruir tudo ao nosso redor.

Freya cruzou os braços, o olhar endurecido. — E o que você sugere? Que eu simplesmente finja que nada está acontecendo? Que eu me afaste de Aveline e deixe vocês dois viverem essa farsa de casamento?

— Eu sugiro que pense no que é melhor para o reino, Freya — disse Aldric, a voz agora mais firme. — E sim, às vezes, o que é melhor para o reino exige sacrifícios pessoais. Não estou pedindo que você abandone seus sentimentos. Estou pedindo que você pense nas consequências deles.

O silêncio caiu entre eles, pesado e carregado de tensão. Freya parecia prestes a explodir, mas se controlou, respirando fundo antes de falar novamente.

— Eu sempre pensei no reino, Aldric. Sempre coloquei o dever acima dos meus desejos. Mas, desta vez... — Ela parou, os olhos brilhando com uma mistura de tristeza e raiva. — Desta vez, eu não sei se consigo.

Aldric sabia que essas palavras vinham de um lugar de dor profunda. Ele queria ajudá-la, queria encontrar uma solução que não acabasse em sofrimento para todos. Mas, no fundo, ele sabia que a situação era muito mais complicada do que qualquer acordo que pudesse ser feito entre as paredes do castelo.

— Freya — ele disse suavemente, colocando uma mão no ombro dela. — Não estou aqui para te dar respostas fáceis. Mas estou pedindo que pense com cuidado. Seja lá o que decidir, o impacto será grande. E não apenas para você e Aveline.

Freya olhou para ele, e por um breve momento, Aldric viu a vulnerabilidade nos olhos da irmã, uma fraqueza que ela raramente deixava transparecer. Ela assentiu levemente, mas ele sabia que a batalha dentro dela estava longe de terminar.

— Eu vou pensar, Aldric — disse ela, com a voz um pouco mais calma. — Mas não prometo que vou fazer o que você espera.

Aldric soltou o ombro dela, acenando com a cabeça. — É só isso que posso pedir.

Freya se virou e saiu do salão sem mais palavras, deixando Aldric sozinho novamente. O rei suspirou, sentindo o peso das decisões que ainda estavam por vir. Ele sabia que, de alguma forma, todos seriam afetados. E o equilíbrio delicado entre o amor, o dever e o poder estava prestes a ser posto à prova.

Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e FreyaOnde histórias criam vida. Descubra agora