44- O Coração de Elora

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Capítulo 44: O Coração de Elora

Elora estava parada diante da grande janela do castelo de Evertide, observando o céu escuro que cobria o horizonte. A lua estava alta, mas não trazia a paz que normalmente sentia ao vê-la. Seus pensamentos estavam em tumulto, misturados com raiva, dor e uma necessidade crescente de fazer justiça.

"Freya..." Ela murmurou o nome da irmã do futuro marido como se fosse uma maldição. Freya havia roubado algo precioso — a lealdade de Aveline, o amor que pertencia ao seu irmão Aldric, e agora, até mesmo a paz entre os reinos estava ameaçada por aquela traição.

Elora apertou os punhos, sentindo a raiva queimar em suas veias. Mas sob essa raiva, havia algo mais profundo, algo que ela relutava em admitir. Não era apenas por Aldric que ela estava furiosa. Era por si mesma, por ter sido enganada, por ter acreditado que conhecia Freya, que a rainha rebelde jamais se arriscaria tanto por um amor proibido.

Ela se afastou da janela, os passos ecoando no grande salão vazio. Cada decisão que tomara nos últimos dias a aproximava de um momento decisivo. O plano de Freya estava se revelando, e Elora sabia que precisava agir rápido. Aldric ainda estava cego pela tristeza, pela traição que sentia, mas Elora... Ela sabia o que tinha que ser feito.

— Aldric nunca será capaz de fazer o que precisa ser feito. — Elora murmurou para si mesma, caminhando pelo corredor iluminado pelas tochas. — Ele não entende a extensão da traição, o risco que Freya e Aveline representam para a paz entre nossos reinos.

Elora estava decidida. Freya tinha que ser parada, e Aveline... bem, ela pagaria o preço de sua escolha. Mas, no fundo, algo incomodava Elora. O amor que Freya e Aveline compartilhavam, tão arriscado, tão impensado, despertava um misto de fascínio e repulsa. Ela jamais imaginaria que Freya, tão forte e tão determinada, cederia à vulnerabilidade de um amor assim. E Aveline... aquela mulher sempre foi uma incógnita. Ela parecia tão dedicada a Aldric, tão leal. Como tudo poderia ter mudado?

Uma batida leve interrompeu seus pensamentos. Um de seus guardas pessoais entrou, inclinando a cabeça respeitosamente.

— Minha senhora, o rei Aldric solicitou sua presença no salão de guerra. Os preparativos estão quase completos.

Elora assentiu e seguiu o guarda em silêncio. Quando chegou ao salão, encontrou Aldric de pé diante de um grande mapa dos reinos, os olhos fixos em Draven. Ele parecia cansado, mas determinado. Havia uma raiva controlada em seu olhar, algo que Elora reconhecia bem.

— Eles estão vindo. — Aldric disse sem se virar. — Sabemos que Freya não esperará por nós de braços cruzados.

Elora se aproximou, cruzando os braços.

— Freya sabe que cometeu um erro, Aldric. Ela está nos desafiando. — Elora disse calmamente, mantendo o controle sobre suas emoções. — Mas não podemos subestimá-la. Aveline pode ser a chave para mantê-la vulnerável.

Aldric virou-se para encarar sua irmã.

— Você acha que Freya usaria Aveline como escudo? — Ele perguntou, a raiva cintilando em seus olhos.

Elora balançou a cabeça, sem hesitar.

— Não. Mas Aveline está cega pelo amor. E Freya vai usar isso para continuar manipulando a situação. Precisamos ser espertos. Eles estão juntas, sim, mas esse laço é a fraqueza delas.

Aldric suspirou, passando a mão pelos cabelos.

— Eu... eu ainda não entendo. Como Aveline pôde fazer isso comigo? — Ele murmurou, sua voz se quebrando por um momento.

Elora sentiu um aperto no peito ao ver o irmão tão desolado, mas ela sabia que não podia se deixar levar pela compaixão.

— Não podemos focar no que sentimos, Aldric. Precisamos agir. O amor delas não pode destruir tudo o que construímos.

Aldric olhou para ela com uma mistura de dor e determinação.

— O que você sugere, Elora?

Elora se aproximou do mapa, traçando uma linha entre Evertide e Draven.

— Vamos pressioná-las. Façamos Freya acreditar que estamos dispostos a negociar, que queremos uma paz superficial. E então, quando ela estiver vulnerável, agimos. — A voz de Elora era fria e calculada. — Freya pode ser forte, mas todos têm um ponto fraco. E o dela é Aveline.

Aldric parecia considerar as palavras da irmã, e por fim, assentiu lentamente.

— Eu farei o que for preciso. Mas não posso garantir que minha raiva não tomará o controle quando eu a vir.

Elora deu um pequeno sorriso, sem alegria.

— Deixe comigo. Eu cuidarei dos detalhes. Freya não terá chance.

E enquanto Aldric assentia, voltando ao planejamento da delegação, Elora sentia uma estranha mistura de triunfo e tristeza. Por mais que quisesse ver justiça sendo feita, parte dela sabia que não havia vencedores nesse jogo perigoso.

No fundo, ela se perguntava: o que restaria de Freya e Aveline quando essa tempestade passasse?

Entre Coroas e Segredos: O Romance Proibido de Aveline e FreyaOnde histórias criam vida. Descubra agora